3 pontos-chaves sobre o futuro da agricultura

Publicado em 07/06/2022 13:13
Pesquisadores e executivos do setor apontaram as tendências e oportunidades da área durante o Alltech ONE Conference

Graças à engenhosidade e inovação humana, a produção agrícola disparou no último século – mas essa tendência pode continuar diante dos desafios sem precedentes de hoje? Foi a partir dessa pergunta norteadora que especialistas em agricultura ao redor do mundo se reuniram no Alltech ONE Conference, que ocorreu de 22 a 24 de maio em Lexington, Kentucky (EUA), para debater como novas ideias e tecnologias que eram impensáveis há apenas alguns anos estão iluminando o caminho do século 21.

Novos modelos de crescimento

No palco da sessão de agricultura estava o diretor do Bank of America, Haani Paienjton, que afirmou  que o mercado de fusões e aquisições de empresas está em alta dentro do setor agrícola. “Esta tendência está sendo capitaneada pelas preferências dos consumidores, que estão em busca de alimentos orgânicos e resíduo zero, o que resulta em soluções integradas para redução do uso de pesticidas, pressão regulatória, entre outros”. Para ele, existem dois pilares que estão ganhando atenção: produtos nutricionais e biológicos e Ag-tech (biotecnologia, softwares para gerenciamento de fazendas, robótica, mecanização e outros equipamentos). Em ambos os mercados, para ganhar destaque perante a concorrência, é preciso oferecer tecnologias diferenciadas, produto de alta qualidade e consistência, plataforma de P&D robusta e canal de acesso confiável.

Um bom exemplo dessa parceria no setor foi a feita entre a Alltech e a HELM nas operações dos Estados Unidos. De acordo com o presidente da HELM, Dave Schumacher, a insegurança alimentar é um grande desafio para todos, e os produtos biológicos podem ser a peça-chave para solucionar este desafio. “Os produtos do futuro estão na associação de produtos químicos e produtos biológicos, que nos direcionam para um sistema mais produtivo e sustentável”, defende o executivo.

Uso consciente de insumos

A sessão de agricultura teve um painel dedicado a discutir a performance, sustentabilidade e inovação no setor, que contou com a participação do vice-presidente da Alltech Crop Science, Dr. Steve Borst, o diretor comercial da Alltech Crop Science no Brasil, Ney Ibrahim, e o gerente geral da Alltech Crop Science Ibéria, Pedro Navarro.

De acordo com Borst, existe uma demanda de melhorar a qualidade nutricional e de shelf-life dos produtos vegetais “Há tecnologias sendo testadas com bons resultados no aumento da densidade nutricional e tempo de prateleira dos vegetais”, afirma.

Já o executivo brasileiro destacou os desafios do cenário nacional. “Com o risco da falta de fertilizantes no Brasil, devido à guerra na Ucrânia, a solução é utilizar as tecnologias biológicas para melhorar a saúde do solo, acessar as reservas nutricionais e manter as altas produtividades da lavoura”, afirmou. 

Trazendo a experiência europeia, Pedro Navarro explicou que na Europa há muita pressão do governo para reduzir o uso de produtos sintéticos, o que gera uma grande oportunidade para o mercado de biológicos. “No Brasil o uso dos produtos biológicos é mais ditado pelo mercado do que pela legislação, os responsáveis precisam entender melhor as regulamentações para essa área, quanto mais entendemos, mais podemos acessar”, afirmou.

Cuidar do solo é o que garantirá o futuro do agronegócio

Para David Montgomerry, geomorfologista da Universidade de Washington, um solo saudável possibilita a produção de vegetais saudáveis, que são usados para produção de animais saudáveis. “Animais e vegetais saudáveis são alimentos para pessoas saudáveis. Tudo está relacionado”, reforçou em sua palestra no Alltech ONE Conference.

Mas, de acordo com o pesquisador, existe uma preocupação latente. “Hoje o solo já está de ¼ a 1/3 degradado, e a taxa de degradação cresce 0,3% ao ano. Parece pouco, mas em 100 anos, mais 1/3 do solo estará prejudicado, visto que a degradação está acontecendo mais rápido do que a regeneração do solo”, alerta o pesquisador. E aí surge a pergunta: nós podemos reverter essa situação? De acordo com Montgomerry, isso é possível através da adoção de práticas regenerativas, que trazem o aumento da produtividade com sustentabilidade, uma vez que aumenta a capacidade do solo de reter água e carbono. “Além disso, uma fazenda regenerativa gera diversos benefícios para o produto final, como aumento do teor de minerais e vitaminas”. 

Outro ponto de destaque é o cuidado com a saúde do solo, em especial a rizosfera, que pode ser comparado com um intestino humano. “Um solo com microbiota saudável possui metabólitos que garantem às plantas indução de defesa, proteção, comunicação – estímulos ambientais necessários para seu bom desenvolvimento. Da mesma forma, esses metabólitos são essenciais para a saúde humana, como anti-inflamatórios, antioxidantes, ácidos graxos, carotenoides, aminoácidos etc.”

Também participou virtualmente do evento o professor da ESALQ/USP, Fernando Andreote, que trouxe a análise biológica do solo como um grande trunfo dos agricultores. “A microbiologia do solo tem o potencial de melhorar o desempenho agrícola – para isso as mudanças na organização e no funcionamento do microbioma do solo devem ser monitoradas e devidamente quantificadas nos sistemas agrícolas”, afirmou o especialista.

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Assessoria de Comunicação

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