Chuvas escassas e temperaturas elevadas travam negócios com a soja na América do Sul
Embora algumas chuvas tenham sido registadas ao longo do final de semana, as preocupações com os campos de soja no sul do Brasil, no Paraguai e na Argentina ainda continuam bastante presentes no radar dos traders. De acordo com o boletim diário do Commodity Weather Group desta segunda-feira (10), o estresse climático deve continuar no sul brasileiro e no Paraguai - onde cerca de 30% da área cultivada com a oleaginosa podem sofrer com as adversidades - com apenas algumas pancadas podendo ser registradas entre a noite desta segunda e terça-feira (11), pegando apenas algo entre 5% e 10%.
Além das chuvas rápidas, esparsas e pouco volumosas, as temperaturas muito elevadas também castigam as lavouras e preocupam produtores sul-americanos. Ainda de acordo com o CWG, as temperaturas deverão seguir se elevando nos próximos dias pelo Paraguai, sudoeste do Brasil e por um terço da área agrícola da Argentina na próxima semana, intensificando o estresse.
Os mapas abaixo mostram chuvas abaixo da média - nas áreas coloridas em marrom - nas regiões em questão até o final de dezembro.
A sinalização de alguma melhora esperada para os próximos dias, mesmo que com a passagem de chuvas rápidas pelas regiões que mais precisam, exerce alguma pressão sobre as cotações da soja na Bolsa de Chicago. Neste primeiro pregão da semana, os futuros da commodity recuaram mais de 1%. O peso veio também do farelo, que foi intensificando suas baixas ao longo do dia também de olho no quadro climático da América do Sul.
Ainda assim, o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, afirma que o mercado em Chicago segue atento nas pendências do clima para se direcionar de forma mais clara. Afinal, "o padrão meteorológico previsto anteriormente demonstrava chuvas muito dispersas, sem cobertura generalizada. Na nossa visão, infelizmente, não serão chuvas generalizadas", diz.
Na sequência, os mapas da Pátria mostram a comparação dos modelos europeu e americano para os próximos 15 dias:
Além de Pereira, o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, afirma que do recuo registrado neste início de semana se deve também às chuvas que foram regitradas ao longo do final de semana em partes da Argetina. A província de Buenos Aires recebeu alguns volumes, bem como o Sul de Córdoba, La Pampa, Santa Fé, e os traders seguem acompanhando o desenvolvimento do quadro.
"O que se adicionou de chuvas não é suficiente para dizer que a safra está tranquila. Não está. Rio Grande do Sul tem perdas, Paraná perdas localizadas. Então, o que vai determinar se teremos, realmente uma quebra no Sul e na Argentina é o clima de janeiro", explica o executivo. Diante disso, ainda segundo Sousa, o mercado da soja em Chicago encontra suporte nos US$ 12,50, mas uma forte resistência também nos US$ 13,00 por bushel.
No Paraguai, a situação é semelhante. "O produtor está preocupado, toda a cadeia está à espera das chuvas. Há previsões, mas está bem difícil e o calor é demais", relata a diretora sócia da DasAgro, Ester Storch, direto de Hernandarias, ao Notícias Agrícolas.
Todavia, se estas precipitações falharem nos lugares onde são mais necessárias já serão contabilizadas as perdas de produtiva. E nesta expectativa, os negócios ficando bem mais lentos, com os produtores reticentes em avanaçar com a comercialização temendo prejuízos mais agressivos nos campos que sofrem com as adversidades climáticas.
"O mercado já está totalmente parado há duas semanas", afirma a Esther. Algumas regiões do país já contabilizam 20 dias sem chuvas e com calor intenso, o que provoca uma drástica redução dos índices de umidade nos solos locais.
Em seu último boletim mensal de oferta e demanda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu a produção paraguai de soja em 500 mil toneladas, estimando 10 milhões de toneladas. Consultorias privadas, porém, já projetam perdas de até 1 milhão de toneladas.
No Brasil, a comercialização também caminha mais lentamente nesta reta final de 2021. A pressão em Chicago se junta a preocupações com o clima e deixa o produtor mais reticente em fazer novos negócios. E nesta semana, a situação deve se repetir. O que segue dando suporte importante aos preços da soja no mercado nacional é o dólar. Apesar da volatilidade intensa, a moeda americana continua operando acima dos R$ 5,60 - se aproximando dos R$ 5,70 nesta segunda-feira (10) - e ajudando na formação de referências ainda remuneradores para os produtores brasileiros.
"O mercado da soja, nesta nova semana, deve andar pouco porque estamos caminhando rapidamente
para o fechamento de 2021. Há pouco interesse de venda, pouca pressão de compra e, de agora em diante, dificuldade para conseguir caminhões para transportar o grão disponível. Assim, como é normal, poucos fechamentos deverão ser efetivados neste período que antecede a semana do Natal e Ano Novo. Há pouco movimento sendo esperado", explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.
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