Mercado nacional e exportações de carne bovina para China em meio a contratempos
Independentemente do setor negociado, a China representa uma parcela significativa das exportações de proteína do Brasil, chegando a corresponder a 60% da demanda, segundo a revista Valor Econômico. Em setembro de 2021 o Brasil divulgou dois casos atípicos de vaca louca em identificados em território nacional, os quais afetaram o preço da arroba do boi levando os números a uma queda drástica, o que acarretou o bloqueio das exportações para a China, que já dura mais de dois meses.
O impedimento na exportação pode resultar em perdas de até 10,1 bilhões de reais se durar até o fim do ano, segundo projeções da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). É nesse período que as vendas de carne atingem o ápice, tendo em vista que começam a se formar os estoques para o ano novo chines, que acontece em fevereiro. Em setembro, no último dia útil antes da proibição das exportações, a arroba do boi estava cotada em cerca de R$305,50, e no dia 8 de novembro estava cotada em volta de R$261, segundo a Scot consultoria. Esse dado mostra uma redução de R$44,5, que derrubou a margem de lucro dos pecuaristas. Já no dia 10 de novembro, o preço voltou a subir, com abates negociados a uma média de R $298,59 em São Paulo, segundo cotações. O aumento registrado se deve a rápida diminuição da oferta de animais terminados.
As oscilações do mercado, primeiro com o fechamento das exportações para a China, levaram a uma expectativa de redução dos preços para os brasileiros, já que as carnes antes destinadas ao mercado externo agora estão retidas no mercado interno. Contudo, a diminuição de preços para o consumidor final não aconteceu. O preço no atacado caiu de R$17 para R$14, redução que não foi sentida no varejo, já que os atacadistas visam recuperar as margens operacionais pressionadas pela alta da arroba do boi. A recente alta registrada também não alterou os preços da carne no atacado. É interessante salientar também que os frigoríficos exportadores possuem quantidade elevada de carne estocada em câmaras frias, aguardando a volta das exportações. Ou seja, é possível concluir que os preços da carne não acompanham os movimentos de alta e baixa do boi gordo no mercado físico.
Como mencionado anteriormente, a China é o principal mercado de proteínas do Brasil, principalmente de carne bovina, fazendo com que o país exporte 56% de toda a sua produção, segundo o jornal El País. A cada ano, desde 1997, os chineses compram mais proteína de gado brasileira, fazendo com que a partir de 2015 as compras tenham atingido a marca histórica de US$ 462 milhões, representando um aumento de mais de 101.000% em relação ao ano anterior, segundo dados do Comex Stat (fonte de dados do Comércio Exterior).
A partir do observado em algumas pesquisas, as exportações para a China vinham crescendo a cada ano, fazendo com que o Brasil atingisse recorde de vendas anualmente, porém, devido aos casos de Vaca Louca em setembro deste ano os números de 2021 não seguiram o comportamento esperado, fazendo com que tivesse um resultado menor que o ano anterior até o mês de novembro.
Sendo assim, a partir de análises e projeções, é esperado que a produção total e a reabertura do mercado chines seja normalizada. Mas, enquanto isso não acontece, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) continua pressionado junto a ABIEC ( Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), que, assim como ocorrido na primeira semana de novembro, faz reuniões para esclarecer como está o andamento do processo. Vale ressaltar, que muito também advém das dúvidas do mercado, principalmente da “instabilidade” da arroba futura do boi.
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