China volta comprar soja, mas deixa mercado de carne travado. Pecuaristas com nervos à flor da pele
Governo cancela anúncio de programa Auxílio Brasil previsto para esta terça
BRASÍLIA (Reuters) - O governo cancelou o anúncio do programa Auxílio Brasil marcado para esta tarde, segundo informou a assessoria do Ministério da Cidadania, em meio a uma forte reação negativa do mercado à decisão de colocar parte do pagamento do benefício que vai substituir o Bolsa Família fora do teto de gastos.
Uma fonte a par das negociações, entretanto, disse à Reuters que não se conseguiu fechar o formato do benefício, o que levou ao adiamento do anúncio. Essa fonte relatou que o valor de 400 reais para o Auxílio Brasil foi uma imposição do presidente Jair Bolsonaro.
Em comunicação enviada a ministros e vista pela Reuters, o presidente fez o convite para a "Cerimônia de Lançamento do Auxílio Brasil" às 17h, no terceiro andar do Palácio do Planalto --onde fica o gabinete presidencial. A comunicação da cerimônia foi enviada ainda na segunda-feira.
Convidados estavam chegando ao Palácio do Planalto e acabaram sendo informados pela equipe de apoio que a cerimônia não iria mais ocorrer.
Uma outra fonte, com conhecimento do programa, explicou que o valor pago às famílias será composto em parte pelo orçamento do Bolsa Família e em parte por um auxílio temporário que, por não ser estruturado como despesa continuada, não precisará de definição de fonte de receita.
Segundo essa fonte, o Bolsa Família será rebatizado de Auxílio Brasil, como planejava o governo, e manterá seu orçamento de 34,7 bilhões de reais previsto para o ano que vem. Mas, para robustecer o valor pago aos beneficiários, um auxílio temporário será criado, ao custo de cerca de 50 bilhões de reais. Parte do auxílio será pago dentro do teto de gastos e parte fora.
Ainda na noite de segunda-feira, se encaminhava para uma fórmula semelhante, mas com um valor total de 300 reais por família.
A informação de que o governo planeja furar o teto de gastos aguçou o mau humor do mercado financeiro.
Dólar fecha em alta de 1,35%, a R$ 5,5956 na venda
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltou contra o real nesta terça-feira, registrando seu maior patamar para encerramento desde meados de abril, evidenciando a forte reação negativa do mercado à decisão do governo de colocar parte do pagamento do benefício que vai substituir o Bolsa Família fora do teto de gastos.
O dólar à vista subiu 1,35%, a 5,5956 reais na venda, máxima para fechamento desde o dia 15 de abril deste ano(5,6276). Na máxima do dia, o dólar foi a 5,6131 reais (+1,67%). Entre as principais moedas globais, o real teve, de longe, o pior desempenho contra o dólar nesta terça-feira.
Na B3, o dólar futuro tinha alta de 1,38%, a 5,6015 reais.
Ibovespa fecha em baixa de 3,2%, com fantasmas fiscais
SÃO PAULO (Reuters) - Informações de que o governo federal planeja contornar o teto de gastos para financiar programas de auxílio social assustaram investidores, provocando forte queda no principal índice de ações brasileiras nesta terça-feira.
De acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 3,2%, aos 110.762,30 pontos. O giro financeiro da sessão somou 34,2 bilhões de reais.
Wall Street termina em alta com apostas em temporada favorável de balanços
(Reuters) - Os índices de ações dos EUA fecharam em alta nesta terça-feira, com os maiores impulsos vindos dos setores de tecnologia e saúde conforme os investidores pareciam apostar em resultados trimestrais sólidos por parte das empresas, mesmo com alguns temendo que seja muito cedo para comemorar.
Em sua quinta sessão consecutiva de ganhos, o índice S&P 500 aproximou-se de seu recorde registrado no início de setembro.
As ações da Johnson & Johnson forneceram um grande impulso ao índice de saúde da S&P durante a sessão após elevar sua previsão de lucro ajustado para 2021, enquanto a seguradora Travelers também subiu após superar as estimativas de lucro do terceiro trimestre.
Segundo dados preliminares, o Dow Jones fechou em alta de 0,57%, para 35.457,97 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 0,74%, para 4.519,76 pontos, e o ??Nasdaq subiu 0,71%, a 15.129,09 pontos.
Mercado teme desabastecimento de combustíveis; Petrobras não atenderá toda a demanda em novembro
RIO DE JANEIRO (Reuters) -A Petrobras confirmou que não poderá atender todos os pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro, que teriam vindo acima de sua capacidade de produção, acendendo um alerta para distribuidoras, que apontaram para risco de desabastecimento no país.
A petroleira afirmou, em comunicado na véspera, que recebeu uma "demanda atípica" de pedidos de fornecimento de combustíveis para o próximo mês, muito acima dos meses anteriores e de sua capacidade de produção, e que apenas com muita antecedência conseguiria se programar para atendê-los.
O cenário ocorre enquanto importadoras e distribuidoras de combustíveis têm apontado grande defasagem nos preços de diesel e gasolina praticados no mercado interno em relação ao mercado externo, o que teria fechado por completo a janela de importações.
Nos cálculos da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o diesel estaria 17% defasado, enquanto a gasolina 14%.
A Associação das Distribuidoras de Combustíveis Brasilcom - que representa mais de 40 distribuidoras regionais de combustíveis - afirmou na semana passada que a Petrobras teria avisado diversas associadas sobre "uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento de gasolina e óleo diesel" para novembro.
Para a associação, "as reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento".
Isso porque, segundo a Brasilcom, as empresas não estão conseguindo comprar combustíveis no mercado externo, pois os preços do mercado internacional "estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil".
Procurada nesta terça-feira, a reguladora ANP declarou em nota que "não há indicação de desabastecimento no mercado nacional de combustíveis, nesse momento" e que "segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos".
A Petrobras e o governo federal vêm sofrendo pressões de diversos segmentos da sociedade devido a um avanço expressivo dos preços dos combustíveis no país neste ano, que têm refletido cotações internacionais. Nesse contexto, a petroleira tem reajustado os preços em intervalos maiores nos últimos meses, evitando repassar volatilidades externas.
O Brasil não produz o volume de combustíveis necessário para abastecer o país e depende de importações. A Petrobras, nos últimos anos, vem buscando praticar preços de mercado, para garantir que as compras externas não tragam prejuízos.
PARQUE DE REFINO
A petroleira destacou, no comunicado na noite de segunda-feira, que está operando seu parque de refino com fator de utilização de 90% no acumulado de outubro, contra 79% no primeiro semestre do ano.
Em 2020, o fator de utilização das refinarias também ficou em cerca de 79%, superior ao registrado em 2019 (77%) e 2018 (76%), mesmo considerando paradas programadas nas refinarias Reduc, RPBC, Regap, Rlam, Repar e Revap, que foram postergadas de 2020 para 2021 em função da pandemia.
"Nos últimos anos, o mercado brasileiro de diesel foi abastecido tanto por sua produção, quanto por importações realizadas por distribuidoras, terceiros e pela companhia, que garantiram o atendimento integral da demanda doméstica", disse a Petrobras.
"Para o mês de novembro, a Petrobras recebeu pedidos muito acima dos meses anteriores e de sua capacidade de produção. Apenas com muita antecedência, a Petrobras conseguiria se programar para atender essa demanda atípica", informou.
"Na comparação com novembro de 2019, a demanda dos distribuidores por diesel aumentou 20% e a por gasolina 10%, representando mais de 100% do mercado brasileiro", destacou a petroleira.
A Petrobras frisou ainda, no entanto, que segue atendendo os contratos com as distribuidoras, de acordo com os termos, prazos vigentes e sua capacidade. Além disso, a companhia está maximizando sua produção e entregas, operando com elevada utilização de suas refinarias, afirmou.
SEGURANÇA PARA INVESTIR
O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) reiterou em nota nesta terça-feira sua defesa pelo alinhamento de preços ao mercado internacional e sinalizou que uma clareza sobre o tema é necessária para atrair o investimento de agentes econômicos para a ampliação do parque de refino brasileiro.
"O Brasil é um importador líquido de derivados, quadro que não deve se alterar na próxima década", disse o instituto, que tem em seu quadro de associados as maiores distribuidoras do país Vibra Energia (Ex-BR); Ipiranga, do grupo Ultra; e Raízen, joint venture de Shell com Cosan.
"Sem a percepção clara por parte dos agentes econômicos de que os preços variarão segundo regras de mercado, como ocorre com todas as demais commodities, não há segurança para a ampliação do parque de refino nacional", destacou.
O IBP frisou ainda que o mercado de combustíveis é mundialmente integrado "e é o alinhamento de preços ao mercado internacional, adotado no Brasil desde 2016, que garante a transparência quanto aos preços relativos e dá a sinalização correta aos agentes econômicos para que estes invistam no aumento da oferta e no aprimoramento da logística de distribuição, garantindo o abastecimento nacional".
O consumo de combustíveis, disse o IBP, tem crescido ao longo de 2021 e já alcança patamares pré-pandemia. De janeiro a agosto de 2021, 26% do volume de diesel e 8% da gasolina foram adquiridos no mercado externo, afirmou.
Não há indicação de desabastecimento no mercado de combustíveis no momento, diz ANP
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A reguladora ANP afirmou nesta terça-feira em nota que "não há indicação de desabastecimento no mercado nacional de combustíveis, nesse momento", após a Petrobras informar ao mercado que não atenderá completamente a demanda das distribuidoras de novembro.
Em comunicado na véspera, a petroleira afirmou que recebeu uma "demanda atípica" de pedidos de fornecimento de combustíveis para o próximo mês, muito acima dos meses anteriores e de sua capacidade de produção, e que apenas com muita antecedência conseguiria se programar para atendê-los.
"A ANP segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos", disse a ANP em nota.
Tereza Cristina se dispõe a ir à China negociar retomada de exportação de carne bovina
SÃO PAULO (Reuters) - A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, enviou uma carta ao ministro-chefe da Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) e se colocou à disposição para ir ao país asiático tratar pessoalmente da retirada da suspensão de vendas de carne bovina aos chineses, informou a pasta agrícola brasileira em nota.
Segundo o comunicado, a ministra ainda aguarda resposta da autoridade chinesa e, portanto, não há data confirmada para um encontro com o principal país comprador da proteína.
As exportações de carne bovina do Brasil para a China foram suspensas no dia 4 de setembro em respeito a um protocolo firmado entre os dois países, que determina esse curso de ação no caso da doença Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como "vaca louca".
O Brasil confirmou dois casos atípicos da patologia, mas que não causam risco ao rebanho, conforme avaliação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês).
"Nesse mesmo protocolo (entre Brasil e China), não estão definidos os passos para a retomada do comércio. Assim, da forma como está acordado hoje, a decisão cabe à China. A revisão do protocolo, iniciada em 2019, é um dos muitos temas sobre a mesa em negociação entre os dois países", afirmou o ministério.
Com base em um caso de vaca louca ocorrido em 2019, quando as exportações para a China ficaram suspensas por 13 dias, o mercado brasileiro esperava que a paralisação nos embarques fosse retirada em um prazo semelhante. Entretanto, o bloqueio já dura 45 dias, sem retorno dos chineses.
O Ministério da Agricultura ressaltou no comunicado que o Brasil foi totalmente transparente com as autoridades sanitárias chinesas, informando da possibilidade da doença antes mesmo da confirmação oficial, realizada por laboratório canadense.
"Desde então, temos atendido pronta e tempestivamente todos os pedidos de informação que nos são dirigidos. Além disso, encaminhamos solicitação para reunião técnica, ainda não agendada pelas autoridades chinesas, que alegam estarem analisando as informações enviadas."
A pasta reafirmou que não há como estabelecer uma data para a retomada das exportações de carne bovina para a China, pois a decisão não cabe ao governo brasileiro e demonstrou atenção ao cenário da indústria.
"Temos acompanhado de perto e com preocupação a situação dos frigoríficos", disse o ministério.
No mês passado, a suspensão não apareceu nos números oficiais de exportação da proteína brasileira, pois cargas certificadas antes da paralisação foram enviadas, mas em outubro a média diária de embarques de carne bovina do Brasil já caiu quase pela metade.
O volume de carne bovina exportado pelos brasileiros no acumulado deste mês até a terceira semana está em 45,69 mil toneladas, segundo dados da Secex, menos de um terço do total embarcado em outubro do ano passado, de 162,68 mil toneladas.
Desaceleração autoinfligida da China testa decisão de reforma de Pequim
PEQUIM (Reuters) - Enquanto a China caminhava à frente das principais economias rivais na recuperação em relação à recessão provocada pela pandemia de Covid-19 no ano passado, Pequim viu uma chance de impor medidas duras sobre incorporadoras endividadas, assim como poluidores industriais e gigantes da tecnologia.
As reformas ousadas do presidente chinês, Xi Jinping, visam reduzir a dependência da economia de propriedades e dívida, canalizando mais recursos para a manufatura de alta tecnologia e criando uma economia mais verde e igualitária.
Mas a desaceleração econômica do país sublinha os riscos e testa a determinação de Xi em implementar seus planos.
O crescimento da segunda maior economia do mundo desacelerou no terceiro trimestre para 4,9% ao ano, ritmo mais lento em um ano. No entanto, analistas dizem que é improvável que as autoridades hesitem muito em suas tentativas de lidar com o que consideram riscos de longo prazo e distorções na economia.
"A desaceleração é predominantemente impulsionada pelas políticas ... (mas) Pequim está disposta a fazer o 'trade-off'", disse Dan Wang, economista-chefe do Hang Seng Bank (China).
Em meio ao esforço de Xi para criar o que ele chama de "prosperidade comum", as pressões regulatórias nos setores de tecnologia, educação e entretenimento têm afetado o vasto setor online e devastado a indústria de ensino particular com fins lucrativos, levantando dúvidas sobre o papel do setor privado na economia chinesa.
SEM GRANDES MUDANÇAS
Pequim está projetando confiança e não sinalizou nenhuma grande mudança para lidar com a desaceleração. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse na semana passada que a China possui amplas ferramentas para enfrentar os desafios econômicos.
As autoridades, temerosas de que uma bolha imobiliária possa prejudicar a ascensão de longo prazo do país, devem continuar restringindo empréstimos e especulações desenfreadas, mas podem suavizar algumas táticas, disseram analistas e fontes com conhecimento do assunto à Reuters.
"Serão necessários muito mais danos aos mercados financeiros e à economia real antes que Pequim esteja disposta a desfazer algumas dessas restrições", disseram analistas da Nomura em nota.
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