Momento histórico!! O povo nas ruas neste 7 de setembro inesquecível. Mas o dia seguinte veio tenso
"Não é fácil mudar uma coisa que está décadas incrustada no poder", diz Bolsonaro aos apoiadores
O presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores nesta quarta-feira que era "apenas mais um na multidão" e que não pode resolver tudo sozinho.
"Não é fácil mudar uma coisa que está décadas incrustada no poder. Ontem eu era mais um na multidão. Nada sobe na minha cabeça, sei da minha responsabilidade e para onde o Brasil tá marchando também", disse Bolsonaro a uma apoiadora que perguntou se ele tinha conseguido a foto que queria.
Nos dias anteriores, e no próprio discurso, Bolsonaro afirmou que queria uma foto "para mostrar ao mundo" e também aos outros Poderes o apoio que tinha no país.
Ao ouvir de outra pessoa que "assinava embaixo" as decisões do presidente, Bolsonaro incentivou os apoiadores a também tomarem atitudes e disse que não pode resolver tudo sozinho.
"Olha só, não é assina embaixo para mim não, tá. Quem tem que fazer o futuro são vocês. Achar que eu tenho super poderes para levantar espada e resolver assunto aí, 'vai lá, faz isso faz aquilo'. Não é assim que a banda toca. Isso que o Brasil vive é um somatório de décadas de desmandos", disse.
Dólar salta 2,8% e tem maior alta em mais de 1 ano sob risco-Bolsonaro
SÃO PAULO (Reuters) - Uma venda generalizada de ativos brasileiros dominou o mercado doméstico nesta quarta-feira e cobrou seu preço na taxa de câmbio, com o dólar experimentando a maior alta em 15 meses e indo acima de 5,30 reais, conforme investidores estrangeiros e locais se desfizeram de posições em meio a temores de acirramento da crise institucional doméstica e de seus potenciais desdobramentos sobre as contas públicas e o crescimento econômico.
Uma onda de "stop loss" (ordens automáticas para minimizar perdas) fez o dólar de uma só vez deixar para trás todas as suas principais médias móveis --de 50 (5,1988 reais), 100 (5,2142 reais) e 200 dias (5,3173 reais). Um eventual fracasso no dólar na quinta-feira em voltar abaixo pelo menos da média de 200 dias pode servir de combustível para mais compras da moeda norte-americana.
Ao longo da tarde, o noticiário mais frequente sobre paralisações em estradas federais por caminhoneiros se somou ao clima já bastante azedo desta 4a.feira:
"O foco agora para o mercado é o movimento de caminhoneiros, notícias de algumas paralisações. Seria horrível para o PIB e o fiscal. Pode ser um grande tiro no pé", completou.
O mercado já abriu com reação negativa às falas de Bolsonaro na véspera e durante a manhã ficou na expectativa por declarações do presidente do STF, ministro Luiz Fux, e de figuras importantes do Legislativo.
O discurso de Fux foi considerado duro, enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que a Casa atuará como uma ponte de pacificação entre o STF e o governo. Lira evitou falar de impeachment e pontuou que cada um dos Poderes tem as suas delimitações e deve se limitar a seu raio de ação.
O dólar à vista saltou 2,84% no fechamento, para 5,3236 reais. É a maior valorização percentual diária desde 24 de junho de 2020 (+3,33%), quando a pandemia de Covid-19 estava no auge em termos de perturbações no mercado.
Entre outros mercados domésticos, os juros futuros de longo prazo --que medem o custo do dinheiro para investimentos empresariais-- chegaram ao fim da tarde em disparada de 27 pontos-base, e o principal índice das ações brasileiras tombou 3,78% (dados preliminares), maior queda desde 8 de março deste ano.
Ibovespa afunda quase 4% com aumento da tensão político-institucional no país
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa afundou quase 4% nesta quarta-feira, marcando a maior queda diária em seis meses, refletindo preocupações com a pauta econômica do país diante do aumento da tensão político-institucional, após declarações do presidente Jair Bolsonaro durante manifestações no Dia da Independência, na véspera.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em queda de 3,78%, 113.412,84 pontos, mínima de fechamento desde 24 de março e maior perda percentual diária desde 8 de março. O volume financeiro no pregão totalizou 36,9 bilhões de reais.
Milhares de pessoas participaram de atos convocados por Bolsonaro no 7 de Setembro. Mesmo avaliando que as chances de um impeachment permanecem baixas, analistas chamaram atenção para um aumento no impasse institucional, que pode dificultar negociações de reformas como a tributária e administrativa no Congresso, além de atrapalhar as discussões temas como os precatórios, entre outros reflexos.
"O ruído político aumentou consideravelmente... O investidor fica sem confiança e, na dúvida, vende", afirmou o sócio e economista da VLG Investimentos, Leonardo Milane.
Para ele, o tom dos discursos de Bolsonaro sinalizam que a situação não deve melhorar do dia para a noite. "Não parece que ele está na iminência de tomar um chá de consciência e começar a reformular o que disse; pelo contrário, a temperatura política esquentou e permanecerá quente por mais tempo."
As negociações ainda tiveram de pano de fundo o declínio dos pregões norte-americanos, com receios sobre os efeitos da variante Delta da Covid na recuperação econômica e incerteza sobre quando os próximos passos do Federal Reserve.
Wall St fecha em queda pressionada por grandes empresas de tecnologia
(Reuters) - Wall Street fechou em queda nesta quarta-feira, abalada por preocupações de que a variante do coronavírus Delta possa prejudicar a recuperação da economia e em meio à incerteza sobre quando o Federal Reserve poderá retirar suas políticas de estímulo.
A Apple e o Facebook caíram cerca de 1% depois de terem ajudado a empurrar o Nasdaq a níveis recordes de alta na sessão anterior. As quedas nesses dois gigantes do Vale do Silício contribuíram mais do que qualquer outra empresa para o declínio do S&P 500 nesta sessão.
Investidores ficaram mais cautelosos após os fracos dados da folha de pagamento de agosto, conforme pressões de custos crescentes, mesmo em meio à desaceleração da economia, aumentaram as preocupações de que o Fed poderia agir mais cedo do que o esperado para reduzir as medidas monetárias massivas aprovadas no ano passado para proteger a economia da pandemia do coronavírus.
A economia dos EUA "desacelerou ligeiramente" em agosto à medida que cresceram as preocupações sobre como o aumento renovado de casos de coronavírus afetaria a recuperação econômica, disse o Fed na quarta-feira em seu último Livro Bege, compilação de relatórios sobre a economia.
O S&P 500 caiu menos de 1% desde seu recorde de fechamento na quinta-feira passada, e permanece em alta de 20% no acumulado do ano, impulsionado pela política monetária estimulativa do Fed.
"Os investidores estão puxando as pétalas de uma margarida, dizendo: 'A economia vai crescer, a economia não vai crescer'", disse Sam Stovall, estrategista-chefe de investimentos do CFRA. "Eles não conseguem se decidir, então não têm compromisso com posições de longo prazo."
O Dow Jones caiu 0,2% para encerrar em 35.031,07 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,13% para 4.514,07 pontos. O Nasdaq Composite caiu 0,57% a 15.286,64 pontos.
Sem relator concluir voto, STF suspende até 5ª-feira julgamento do marco temporal de terra indígenas
BRASÍLIA (Reuters) - O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou para a quinta-feira a continuidade do julgamento da chamada tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, sem o relator da ação, ministro Edson Fachin, ter concluído seu voto na sessão desta quarta.
O julgamento recomeçou com o voto de Fachin, mas ele não chegou a entrar no mérito do caso.
O presidente do STF, Luiz Fux, suspendeu a sessão e anunciou a retomada na quinta. Além da conclusão de Fachin, faltam outros nove ministros a votar.
Na semana passada, concluiu-se a etapa em que todos os 39 oradores inscritos se manifestaram.
De maneira geral, a tese do marco temporal, se vencedora, introduziria uma espécie de linha de corte para as demarcações. As terras só seriam passíveis de demarcação se ficar comprovado que os índios estavam nelas até a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Do contrário, não haveria esse direito.
Desde a semana retrasada, quando o julgamento começou, indígenas têm feito vigília e manifestações em Brasília pedindo a rejeição da tese.
Temos autonomia e vamos agir de maneira independente para controlar a inflação, diz Campos Neto
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central tem autonomia e vai agir de maneira independente com os instrumentos que tem à disposição para controlar a inflação, afirmou o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira.
Ao participar de evento virtual promovido pelo Credit Suisse, Campos Neto disse que o BC sabia da crise energética, mas nunca esperou que ela fosse assumir o formato que tem hoje. Também ponderou que muitos choques ocorreram na economia, com o núcleo da inflação --medida que busca desconsiderar efeitos temporários-- ficando "muito mais alto" do que o BC gostaria, e com a autoridade monetária vendo reflexos dessa deterioração na parte longa da curva de juros.
"Achamos que é muito importante agir rápido nisso, para assegurar que não haja desancoragem no sistema que gere uma inflação inercial indo muito mais alta", afirmou ele em inglês.
"O que precisa ser dito é que nós temos autonomia, vamos agir de maneira independente com os instrumentos que temos, achamos que os instrumentos que temos vão fazer o trabalho e precisamos nos certificar que vamos comunicar isso com sabedoria", completou.
A mensagem de Campos Neto vem em meio ao forte avanço de preços na economia neste ano, embalado pela crise hídrica que catapultou o custo da energia elétrica e pela alta observada em preços de commodities e do dólar --este último afetado por temores fiscais e institucionais, com a postura de enfrentamento do presidente Jair Bolsonaro em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF) contribuindo para elevar incertezas.
O quadro de múltiplos choques tem feito as expectativas para inflação em 2022 também piorarem, disse Campos Neto, apesar de ter reiterado que há uma distância grande entre as projeções do mercado, mais altas, e da autoridade monetária, mais baixas, para o IPCA no ano que vem.
Agentes de mercado têm piorado continuamente suas projeções para inflação, agora em 7,58% para este ano e 3,98% para o ano que vem, conforme boletim Focus mais recente. O centro da meta oficial em 2021 é de 3,75% e para 2022 é de 3,50%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Já o BC, em sua última estimativa pública, feita em agosto, previu a inflação exatamente no centro da meta para 2022, a 3,5%, com uma alta de 6,5% neste ano.
ELEIÇÕES
Bolsonaro, que tem planos de reeleição, tem culpado governadores e as medidas de distanciamento social implementadas durante a pandemia de Covid-19 pelo aumento da inflação no país.
Em sua fala, Campos Neto afirmou que as eleições presidenciais são um fator importante e que serão polarizadas, o que tem impacto na volatilidade. Mas ele reiterou que o BC terá atuação independente nesse cenário.
"Temos que entender como (eleições) impactam nosso mandato e se traduzem em inflação e crescimento. O que podemos fazer, de nossa parte, é dizer que vamos usar os instrumentos que tivermos para garantir que a gente atinja a meta (de inflação) e temos completa autonomia agora e vamos usar isso, no sentido de que nosso único compromisso é assegurar que atinjamos as metas", disse.
Votada pelo Congresso, a autonomia do BC foi chancelada pelo STF recentemente, estabelecendo mandatos fixos para presidente e diretores do BC. Esses mandatos não coincidem com o do presidente da República com o objetivo de resguardar a instituição de ingerência política.
Segundo Campos Neto, o fato de os agentes de mercado terem associado as reformas propostas pelo governo à vontade de fazer um programa de transferência de renda maior em ano eleitoral contribuiu para a elevação de incertezas.
Ele pontuou ser necessário "virar a página" quanto à estruturação do Auxílio Brasil, como foi rebatizado o novo Bolsa Família, com conhecimento de como o programa será feito e como será financiado.
"Quando fizermos isso, acho que muito do barulho diminuirá", afirmou ele.
Desde que elevou os juros em 1 ponto, ao patamar atual de 5,25% ao ano, o BC indicou que repetirá a dose em sua próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim deste mês. O BC também sinalizou que almeja levar a Selic para além do patamar neutro, numa indicação de que a taxa terminará o ciclo de aperto monetário acima de 6,5%.
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