Evolução dos sistemas alimentares deve levar em conta circunstâncias locais e realidades culturais, diz ministra em Roma
A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) disse nesta terça-feira (27), em Roma, que as perspectivas dos países das Américas devem ser não apenas ouvidas, mas também incorporadas às narrativas que estão sendo produzidas durante a Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares, na capital italiana. Segundo ela, é necessário reconhecer a diversidade de sistemas produtivos e de caminhos para torná-los mais sustentáveis.
“É fundamental que sejam considerados as circunstâncias locais e realidades culturais para as diretrizes da Cúpula dos Sistemas Alimentares. Não há como falar em pecuária sem levar em conta as visões dos maiores produtores desse alimento essencial para a segurança alimentar e nutricional de milhões de consumidores em todo o mundo? Como falar em proteger a natureza ignorando os maiores detentores de biodiversidade? Não existe um único caminho a ser trilhado, indistintamente”, disse Tereza Cristina, durante evento promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), na Embaixada do Brasil em Roma.
O evento teve como objetivo apresentar o documento “Principais mensagens no caminho para a Cúpula das Nações Unidas sobre os Sistemas Alimentares na perspectiva da agricultura das Américas”, elaborado pelos países da região. O relatório contém 16 mensagens-chave sobre o papel insubstituível da agricultura, que destacam a atividade como fundamental para erradicar a pobreza, promover o desenvolvimento rural e proteger o meio ambiente.
A ministra também falou sobre os princípios estruturantes do debate sobre sistemas alimentares, como o papel fundamental do comércio internacional e a ciência e inovação como ferramentas para avançar no desenvolvimento de boas práticas sustentáveis. Segundo ela, a agricultura não pode ser colocada como a única responsável pelo aquecimento global.
“A agricultura deve ser considerada no contexto de sua vulnerabilidade frente à mudança do clima, bem como enquanto parte da solução para a conservação de ecossistemas e da biodiversidade. Não podemos singularizar a agricultura como responsável pelo aquecimento global. A queima de combustíveis fósseis continua sendo a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa e alternativas renováveis para sua substituição encontram na agricultura, parte da solução”, ponderou Tereza Cristina.
O diretor-geral do IICA, Manoel Otero, agradeceu pelo consenso entre os países e lembrou os três princípios gerais do documento aprovado: que os produtores agropecuários devem estar no cerne das decisões; que a ciência deve ser a base para as decisões e as políticas a serem adotadas e que a agricultura é parte da solução dos principais desafios.
“O que a nossa região está mostrando é que ela quer ser protagonista e não apenas testemunhar o que vai acontecer. A voz das Américas deve não ser apenas ser ouvida, mas deve ser incorporada à narrativa da Cúpula”, disse Otero.
Também participara do evento ministros e secretários de 33 países das Américas, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Equador, Chile Peru, do México, Estados Unidos, entre outros.
Reuniões Bilaterais
Tereza Cristina está em Roma onde participa, desde ontem (26), da Pré-Cúpula de Sistemas Alimentares, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Na manhã de hoje, a ministra se reuniu com a Secretária-Geral Adjunta das Nações Unidas, Sra. Amina Mohammed. No encontro, a Tereza Cristina apresentou o documento aprovado pelos países das Américas e destacou a importância de considerar a diversidade de modelos e sistemas produtivos, desde que sejam sustentáveis e apoiados em princípios e critérios científicos.
A ministra brasileira também esteve com o Comissário Janusz Wojciechowski do DG-AGRI da Comissão Europeia, com o ministro de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha, Gerd Müller, e com o ministro das Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais da Itália, Stefano Patuanelli.
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