Com mais um problema envolvendo o clima, café arábica encerra com valorização acima de 1000 pontos

Publicado em 20/07/2021 16:00 e atualizado em 20/07/2021 17:15
Eduardo Carvalhaes - Analista de Mercado do Escritório Carvalhaes
Analista destaca que cenário é de preços firmes e alerta para oferta cada vez mais restrita do BR

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Entrevista com Eduardo Carvalhaes - Analista de Mercado do Escritório Carvalhaes sobre o Mercado do Café

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O mercado futuro do café arábica encerrou as cotações desta terça-feira (20) com valorização acima dos mil pontos, o equivalente a 6,65%, para os principais contratos na Bolsa de Nova York (ICE Future US). O dia foi marcado pela geada registrada no parque cafeeiro no Brasil, o que aumentou as preocupações com a oferta do Brasil na safra 22.

Setembro/21 teve alta de 1040 pontos, negociado por 165,65 cents/lbp, dezembro/21 também teve alta de 1040 pontos, cotado a 166,80 cents/lbp, março/22 teve valorização de 1035 pontos, valendo 169,70 cents/lbp e maio/22 encerrou com alta de 1015 pontos, negociado por 173,05 cents/lbp. 

Os relatos de áreas atingidas chegaram das principais regiões produtoras do país.  Segundo produtores da maior área de produção do país, especialistas e analistas de mercado, o frio foi mais intenso do que era previsto e atingiu com geada intensa boa parte do parque cafeeiro. 

"Foi mais uma etapa dos problemas para a safra do ano que vem. Nós tivemos frio há duas semanas, tivemos a seca. Há uma série de problemas e qual vai ser a resultante disso para  safra do ano que vem é difícil de falar. Só o tempo vai dizer o significou esse frio de hoje, mas que ele foi maior do que era previsto, de fato foi", comenta Eduardo Carvalhaes. 

O especialista comenta ainda que caso os impactos da geada se confirmem nos próximos dias, a alta desta sessão, apesar de expressiva, ainda não refletem o tamanho do problema que o setor pode enfrentar daqui pra frente, sobretudo porque a região está no período de seca. 

"O mercado começa a refletir a situação atual do maior produtor de café do mundo. Lá fora eles tendem a achar que nós estamos exagerando, mas está se acumulando e é um problema atrás do outro no clima", comenta. Afirma ainda que com as irregularidades climáticas registradas não só no Brasil, as incertezas continuam quanto ao regime de chuvas e temperaturas neste ano. Além disso, relembra mais uma vez que os estoques são apertados e a oferta deve ficar ainda mais restrita. 

Questionado se o mercado deve devolver parte dos ganhos nas próximas sessões, Carvalhaes destaca que o cenário continua sendo de preços firmes para o café, mas não descarta que a volatilidade deve continuar sendo observada, considerando que o setor acompanha também a retomada da economia, a nova variante delta e o câmbio.

"Que esses valores não são nada demais quando se pensa nos problemas climáticos que a gente tem hoje, não são, mas se vai ou não sustentar (os preços) é impossível saber", comenta. 

Diante do cenário de incerteza em relação ao tamanho da produção, o cafeicultor brasileiro segue agindo com cautela tanto no mercado futuro, mas também no mercado físico. Daqui pra frente, o clima deve continuar dando ritmo ao mercado, em um primeiro momento pelas ondas de frio e posteriormente pela retomada das chuvas. 

"Cada produtor deve pensar o que vai fazer. Nós temos todas essas entregas para fazer em agosto e setembro. Esse semestre que nós entramos vai ser um semestre de muita mudança e de interferência externa, a Covid vai conviver com o Brasil e com mundo por muito tempo, são muitas as variáveis, é difícil tomar a decisão do que fazer daqui pra frente. Mas os funmentos são de altas, continuarão sendo de alta, nós não temos estoques no Brasil", acrescenta. 

Na Bolsa de Londres, o café tipo conilon acompanhou e também encerrou com valorização. Setembro/21 teve alta de US$ 29 por tonelada, valendo US$ 1761, novembro/21 teve alta de US$ 30 por tonelada, negociado por US$ 1763, janeiro/22 teve valorização de US$ 31 por tonelada, cotado a US$ 1750 e março/22 teve valorização de US$ 30 por tonelada, negociado por US$ 1735.

No Brasil, o mercado físico acompanhou o exterior e também finalizou com expressiva valorização nas principais praças de comercialização do país. 

O tipo 6 bebida dura bico corrida teve alta de 5,04% em Guaxupé/MG, negociado por R$ 937,00, Poços de Caldas/MG teve alta de 6,43%, valendo R$ 910,00, Araguarí/MG teve alta de 9,41%, valendo R$ 930,00, Varginha/MG subiu 2,73%, cotado a R$ 942,00, Campos Gerais/MG registrou alta de 5,06%, valendo R$ 934,00 e Franca/SP teve alta de 5,56%, estabelecendo os preços por R$ 950,00.

O tipo cereja descascado teve alta de 8,47% em Poços de Caldas/MG, negociado por R$ 960,00, Guaxupé/MG teve alta de 3,88%, valendo R$ 990,00, Varginha/MG registrou alta de 1,57%, cotado a R$ 970,00 e Campos Gerais/MG registrou alta de 4,74%, valendo R$ 994,00.

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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