Dólar recua ante real em linha com exterior após alívio de temores sobre aperto monetário
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar cedia terreno contra o real na manhã desta sexta-feira, acompanhando o desempenho da divisa norte-americana no exterior depois que autoridades do Federal Reserve aliviaram temores sobre um aperto monetário antes do esperado nos Estados Unidos.
Às 10:33, o dólar recuava 0,90%, a 5,2656 reais na venda. Na B3, o dólar futuro tinha baixa de 0,71% nesta manhã, a 5,2785 reais.
Lá fora, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes operava em queda de cerca de 0,4%, enquanto os principais pares emergentes do real -- como peso mexicano, peso chileno, rand sul africano e lira turca -- registravam ganhos.
A divisa dos Estados Unidos havia registrado amplos ganhos na quarta-feira, depois que dados mostraram um aumento surpreendente nos preços ao consumidor norte-americano, o que levantou temores sobre um possível aperto monetário pelo Federal Reserve de forma a controlar a inflação.
Mas autoridades do banco central norte-americano minimizaram as expectativas de uma política monetária mais dura, enfatizando que os aumentos de preços após a reabertura da economia devem ser temporários.
Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero, disse à Reuters que os mercados estão monitorando um cenário cheio de sinais mistos, com dados de emprego da semana passada mais fracos do que o esperado e uma leitura estável das vendas varejistas divulgada nesta sexta-feira compensando os sinais de aceleração da inflação nos EUA.
"São sinais mistos que tendem a trazer volatilidade", explicou.
Há entre os mercados financeiros a visão de que um cenário de aperto monetário favoreceria o dólar em relação às demais moedas. Por outro lado, a manutenção dos juros norte-americanos perto de zero poderia estimular a busca por rendimentos mais altos em outros países, beneficiando suas divisas.
Enquanto isso, no Brasil, há o ciclo de aperto monetário iniciado pelo Banco Central este ano. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) da autarquia decidiu por uma segunda alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, para 3,5%, e sinalizou a intenção de fazer um terceiro aperto da mesma magnitude em seu próximo encontro em junho.
"Os investidores vão acompanhar as sinalizações do Banco Central para ver a tendência para as próximas reuniões, ao mesmo tempo em que acompanham o clima político" doméstico, disse Netto.
A CPI da Covid-19 tem sido grande fonte de ruídos em Brasília. Na quinta-feira, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, relatou ao Senado a falta de resposta do governo federal a ofertas da empresa para a compra de vacinas contra a Covid-19.
Mas a agenda de reformas do governo também segue no radar: "a expectativa pelo detalhamento da reforma tributária na semana que vem e a percepção de que a economia brasileira mostrou certa resiliência nos primeiros meses de 2021, apesar do momento ruim da pandemia, podem ajudar no humor", disse em morning call Ricardo França, analista da Ágora Investimentos.
O dólar caminhava para encerrar a semana em alta contra o real, depois de fechar a sexta-feira passada próximo a 5,22 reais.
A moeda norte-americana à vista fechou a quinta-feira em alta de 0,16%, para 5,3136 reais.
O Banco Central fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.
0 comentário
S&P 500 e Dow Jones atingem máximas de uma semana após dados de PMI dos EUA
Departamento do Tesouro dos EUA impõe sanções ao Gazprombank da Rússia
Atividade empresarial dos EUA atinge maior nível em 31 meses em novembro
Wall St ronda estabilidade antes de dados de atividade empresarial, com tensões geopolíticas em foco
BCE continuará reduzindo juros, mas discussão de dezembro deve esperar, diz Nagel
Ibovespa sobe apoiado em Petrobras, mas ainda caminha para queda semanal