Reuters: Brasil tem maior índice de desmatamento na Amazônia em 12 anos, diz Inpe

Publicado em 30/11/2020 18:19

LOGO REUTERS

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - A Amazônia brasileira perdeu 11.088 quilômetros quadrados de área de floresta entre agosto de 2019 e julho de 2020, um aumento de 9,5% em relação aos 12 meses anteriores e o número mais alto dos últimos 12 anos.

Os dados do Prodes, sistema de cobertura de satélite que dá a estimativa oficial de desmatamento do país, foram apresentados nesta segunda-feira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e ainda são considerados prévios.

A análise continua sendo feita e, de acordo com Cláudio Almeida, coordenador do programa de monitoramento do Inpe, o número final deve ser apresentado até fevereiro, mas a variação não deve ser maior do que 5%.

Em 2019, os números do Prodes deram o primeiro sinal de que a desmatamento no país havia voltado a crescer significativamente. Na comparação com o período anterior, de agosto de 2018 a julho de 2019, o aumento fora de 34,4%, fazendo com que os olhos do mundo se voltassem novamente para os problemas ambientais no Brasil.

De acordo com os dados do Prodes de 2020, os Estados do Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia foram os responsáveis por 87,8% do desmatamento captado pelo Prodes na região da Amazônia Legal.

O Pará, sozinho, desmatou 5.192 km² de floresta, o equivalente a 46,8% de toda o território desmatado.

Presente à divulgação em São José dos Campos, o vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, destacou que os números foram menos ruins do que o esperado, já que se falava em um crescimento de até 20%.

"Não podemos comemorar, mas isso significa que o trabalho está começando a render frutos", afirmou, repetindo que a Operação Verde Brasil, que colocou militares para tentar conter o desmatamento e as queimadas na Amazônia, começou tarde, apenas em maio. "O resultado provisório significa que precisamos manter a impulsão do nosso trabalho."

O resultado menos ruim, no entanto, não foi comemorado por especialistas da área. Gilberto Câmara, diretor do Grupo de Observação da Terra (GEO, na sigla em inglês), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que a estratégia de levar os militares para a Amazônia claramente fracassou.

"A estratégia de passar para os militares claramente não funcionou. Com (Ricardo) Salles (ministro do Meio Ambiente) estava ruim, piorou com Mourão. Colocaram milhões com os militares e nada aconteceu de bom", disse.

Câmara chamou atenção para o fato de os números do sistema Deter, que medem o desmatamento mensalmente, estarem cada vez mais próximos do Prodes. Segundo ele, os dados do Deter, com melhoria de tecnologia e da própria equipe, estão cada vez mais precisos e o governo não precisa fechar o ano para saber onde está o desmatamento.

"Deter já mostrava que estava ruim. Não tem desculpa para não agir antes, não tem falta de dados", afirmou.

Em nota, a ONG Observatório do Clima ressaltou que a taxa deste ano oficializa que o Brasil descumpriu a meta da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que determinava uma redução do desmatamento a uma taxa de máxima de 3.925 km2 em 2020.

"O país está 180% acima da meta, o que o põe numa posição de desvantagem para cumprir seu compromisso no Acordo de Paris (a NDC) a partir do início do ano que vem. Devido ao aumento do desmatamento, o Brasil deve ser o único grande emissor de gases de efeito estufa a ter aumento em suas emissões no ano em que a economia global parou por conta da pandemia", diz a nota.

(Reportagem adicional de Jake Spring)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

2 comentários

  • Geraldo Emanuel Prizon Coromandel - MG

    Meia informação é fake news. É inegável o bom momento do agro brasileiro, assim nada mais natural que a expansão de novas áreas. A pergunta sobre os desmates na Amazônia deveria se ater se são legais ou ilegais.

    3
    • carlo meloni sao paulo - SP

      Geraldo, eles nao sabem porque a maioria e' posseiro sem CAR----O parlamento ate' agora nao aprovou a lei de regularizaçao de titulos.

      0
  • Geraldo Nardelli Marília - SP

    Essa turma quer mesmo limitar o crescimento do Brasil. Sob o viés ideológico e o mantra do ecológico, querem nos condenar a ser eterna colônia europeia... Não há nada que se fizer que os contentará... Então, por que não pagam por isso? Pagar o que realmente vale... Poderiam arrendar as áreas de florestas e pagar ao proprietário anualmente U$ 400,00 por hectare/ano. A área descrita como desmatada neste ano, segundo os dados informados, dá 1.108.000 hectares... a míseros U$ 400,00 por hectare, daria a receita de U$ 443.500.000,00 (quatrocentos e quarenta e três milhões e quinhentos mil) dólares... Pagos diretamente aos proprietários e não às ONGs ou outros organismos especializados em desvios..., aí sim, tenham a certeza que haveria redução das aberturas da áreas.

    4