Notícias do clima não são nada boas; somente chuvas manchadas, espremendo a safrinha lá na frente
Safras vê replantio de soja por seca no Brasil e amplo atraso
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja 2020/21 no Brasil alcançou 6,1% da área esperada até o dia 16 de outubro, com expressivo atraso em relação a anos anteriores em função da falta de chuvas, o que deverá gerar também replantio em algumas áreas semeadas mais cedo no pó devido a problemas de germinação, disse nesta segunda-feira a consultoria Safras & Mercado.
No comparativo semanal, os trabalhos avançaram pouco, com aumento de somente 3,8 pontos percentuais em função das condições climáticas.
Segundo a consultoria, no mesmo período do ano passado, 19,5% das lavouras brasileiras de soja já estavam semeadas, enquanto a média dos últimos cinco anos para a época é de 17,3%.
"O que podemos dizer sobre a soja é que deve haver replantio de algumas áreas e que a safra deve começar a entrar no mercado um pouco atrasada", disse o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque, em entrevista à Reuters.
Caso a semeadura estivesse em linha com a média histórica, a colheita ocorreria em bons volumes em janeiro, porém, com o atraso no plantio, a maior parte dos trabalhos começará em fevereiro.
"Também é possível que algumas áreas não sejam plantadas, mas seriam áreas pontuais", acrescentou.
A Reuters informou anteriormente que a soja brasileira deverá entrar mais tarde no mercado no ciclo 2020/21, justamente em momento em que o Brasil precisava do produto mais cedo, para abastecer os mercados locais e de exportação.
Para atenuar a escassez, o governo isentou de tarifas temporariamente, na última sexta-feira, compras da oleaginosa de fora do Mercosul.
O plantio desta temporada tem sido puxado pelo Paraná, onde 20% das áreas foram semeadas. O número, porém, fica abaixo dos 36% registrados em 2019/20 e dos 39,4% referentes à média histórica, segundo a Safras.
O maior Estado produtor da oleaginosa no país, Mato Grosso, é também o mais atrasado no comparativo anual. A consultoria indica que somente 8% das áreas foram plantadas, ante 42% no mesmo período do ciclo anterior e 28,8% na média dos últimos cinco anos.
MAIOR ATRASO EM 10 ANOS
Para a consultoria AgRural, o plantio está ligeiramente mais avançado, chegando a quase 8% da área projetada. Mas, ainda assim, o Brasil tem o maior atraso dos últimos dez anos, disse a empresa de análises nesta segunda-feira.
A expectativa da consultoria é que o levantamento que será fechado na próxima quinta-feira mostre avanço significativo do plantio devido às chuvas da semana passada.
"Não se espera, porém, que todo o atraso seja superado, pois a umidade do solo ainda está abaixo do normal em muitas regiões e as previsões ainda mostram irregularidade nos volumes e na distribuição das chuvas", disse a AgRural em nota.
Plantio de soja dobra no Paraná, mas precisa de mais chuvas, diz Deral
SÃO PAULO (Reuters) - O plantio de soja 2020/21 no Paraná alcançou 32% da área estimada até o dia 19 de outubro, o dobro da marca de 16% registrada na semana anterior, com o retorno das chuvas nos últimos dias, informou o Departamento de Economia Rural (Deral) nesta terça-feira.
No entanto, os trabalhos seguem com atraso em relação aos anos anteriores e o nível de precipitação ainda precisa aumentar para que a semeadura avance com mais celeridade.
"As condições climáticas estão um pouco melhores. Os produtores avançaram o plantio devido às chuvas que ocorreram na semana passada, mas ainda necessitam de mais", disse o analista do Deral Marcelo Garrido.
No mesmo período do ano anterior, 45% das lavouras de soja estavam semeadas e, em 2018, este percentual era ainda maior, com mais da metade das áreas já plantadas (59%), conforme dados do Deral.
Segundo Garrido, o atraso é preocupante para agricultores que cultivam o milho segunda safra no Estado --um dos maiores produtores do cereal no país.
"A janela de plantio de milho segunda safra, nas regiões que plantam a soja mais cedo aqui no Paraná, tende a ser menor", afirmou.
Já os trabalhos do milho verão caminham para a finalização, com 86% das áreas plantadas, avanço de oito pontos percentuais no comparativo semanal. No mesmo período do ano passado, o patamar de semeadura era semelhante ao atual (88%).
Ainda de acordo com o Deral, a colheita de trigo atingiu 84% das lavouras, aumento de cinco pontos percentuais em relação à semana anterior, com 79% das áreas em boas condições e somente 2% classificadas como ruins --que indicam perdas irreparáveis.
Nesta época do ciclo anterior, a colheita do cereal estava em 82% das áreas.
O Paraná é o maior produtor de trigo do país, sendo o segundo em soja e milho.
Fecoagro estima quebra de ao menos 30% na safra de trigo do RS
SÃO PAULO (Reuters) - O Rio Grande do Sul, segundo maior fornecedor de trigo do Brasil após o Paraná, deverá ter uma quebra de safra de pelo menos 30% ante as expectativas iniciais, com a produção deste ano estimada em cerca de 2 milhões de toneladas, afirmou a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro/RS) nesta terça-feira.
Segundo o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, o produtor investiu no cereal este ano em meio a bons preços, mas uma geada e a seca nas últimas semanas prejudicaram o potencial produtivo de plantas.
A colheita do trigo segue em andamento no Rio Grande do Sul, com regiões de clima mais quente, como as Missões, já tendo colhido cerca de 50% da área. No Estado, aproximadamente 20% da lavoura havia sido colhida até a semana passada, segundo a Emater-RS.
"Da euforia passamos para a frustração. Iniciamos um plantio com 26% de aumento de área e o Rio Grande do Sul sonhou em colher 3 milhões de toneladas de trigo. Infelizmente tivemos uma geada em 22 de setembro que levou parte deste potencial produtivo e depois a seca, somando dois eventos climáticos em uma cultura só", disse Pires, em nota divulgada pela FecoAgro.
Ele comentou ainda que os "preços excepcionais" que o produtor de trigo tem hoje, de mais de 70 reais a saca, não serão aproveitados por muitos produtores, pois um volume de cerca de 1 milhão de toneladas está comprometido com contratos fechados anteriormente com valores mais baixos.
Caso a previsão de safra da FecoAgro se confirme, a produção ficaria ligeiramente abaixo da colheita de 2,2 milhões de toneladas da temporada passada, disse a federação.
Já o Paraná tem a safra estimada em cerca de 3,3 milhões de toneladas, conforme a previsão mais recente do Departamento de Economia Rural (Deral). A colheita paranaense está entrando na reta final, com mais de 80% da área colhida.
Os dois Estados respondem pela grande maioria da produção do Brasil, um importador líquido do cereal.
EUA pedem que Brasil "mantenha olhar crítico" sobre papel da China na economia
WASHINGTON (Reuters) - As principais autoridades norte-americanas exortaram o Brasil a monitorar cuidadosamente os investimentos chineses no país e os movimentos de Pequim para expandir sua influência na maior economia da América Latina por meio da venda de tecnologia 5G pela Huawei Technologies [HWT.UL].
O representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, ressaltou o desejo do governo do presidente Donald Trump de expandir os laços econômicos com o Brasil, mas minimizou perspectivas de um acordo de livre-comércio abrangente, dada a atual oposição do Congresso.
Lighthizer disse que os acordos comerciais alcançados com o Brasil na segunda-feira abririam o caminho para novas negociações sobre aço, etanol e açúcar e promoveriam maiores investimentos dos EUA, num momento em que Washington se move para fornecer um contrapeso à expansão da China na região.
"Eu diria claramente que há um elemento China... em tudo o que todos nós fazemos", disse Lighthizer em evento organizado pela Câmara Americana de Comércio. "A China tem feito movimento muito significativo no Brasil. Eles são o maior parceiro comercial do Brasil, então é algo que nos preocupa."
Os comentários de Lighthizer fazem parte de uma ampla campanha dos Estados Unidos para convencer o Brasil a evitar investimentos em tecnologia 5G da China e reduzir sua dependência das importações chinesas.
O assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse que o governo norte-americano instou o presidente Jair Bolsanaro e outras autoridades brasileiras a acompanhar de perto os investimentos e tecnologias avançadas da China, como fez Washington.
"Incentivamos o Brasil... a tentar trabalhar junto para garantir que vigiemos a China com atenção no que diz respeito a todos os tipos de tecnologia e telefonia e 5G", disse ele no evento.
"Temos atuado aqui nos Estados Unidos, continuamos avançando, e é minha grande esperança que o Brasil atue conosco", acrescentou. "Esperamos que o Brasil também mantenha um olhar crítico e cuidadoso sobre os investimentos chineses."
O embaixador norte-americano em Brasília, Todd Chapman, alertou em julho que o país pode enfrentar "consequências" se permitir a Huawei em sua rede 5G, referindo-se aos avisos dos EUA de que a China não consegue proteger a propriedade intelectual.
Os EUA intensificaram os esforços para limitar o papel da Huawei na implementação da tecnologia de alta velocidade de quinta geração no Brasil nos últimos meses. Os EUA acreditam que a Huawei entregará dados ao governo chinês para espionagem, uma afirmação que a Huawei nega.
Chapman disse no evento da Câmara de Comércio que Estados Unidos e Brasil pretendem dobrar o comércio bilateral em cinco anos ante valor atual de cerca de 100 bilhões de dólares.
Ele disse que o acordo assinado na segunda-feira representa um avanço substancial nos laços comerciais e ajudaria a facilitar futuras negociações.
Segundo Chapman, Estados Unidos e o Brasil também estão discutindo cooperação militar de "nível estratégico" e buscando formas de aumentar o intercâmbio de tecnologia.
Contra China, EUA se dispõem a financiar teles no Brasil para rede 5G
BRASÍLIA (Reuters) - Os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre governo brasileiro e mostraram disposição para financiar investimentos no setor de telecomunicações desde que o país deixe de fora a empresa chinesa Huawei na implantação de tecnologia 5G.
Falando a jornalistas nesta terça-feira, representantes do governo norte-americano que visitam o Brasil deram ênfase a ofertas financeiras para garantir que a Huawei ficará fora do mercado brasileiro.
O diretor sênior para o Hemisfério Ocidental do Conselho Nacional de Segurança (NSC, na sigla em inglês), Joshua Hodges afirmou que a China não apoia a liberdade de acesso à informação e que os EUA estão preocupados sobre como o país asiático vai usar os dados e a tecnologia 5G para assuntos de Estado.
"Existem competidores lá fora, estão disponíveis e os Estados Unidos estão dispostos a financiar isso", disse Hodges. "A preocupação é em como eles (Huawei) vão usar os dados e a tecnologia para benefício do Estado, não para os consumidores."
O governo de Donald Trump baniu as operações da Huawei nos EUA e pressionam outros países a fazerem o mesmo, alegando que a empresa usa equipamentos para redes de telecomunicações para espionagem pelo governo da China. A Huawei nega as acusações.
A decisão sobre leilão de faixas da tecnologia 5G no Brasil está prevista para 2021 e o presidente Jair Bolsonaro tem enfatizado que a decisão será dele.
Segundo uma fonte ouvida pela Reuters, o governo brasileiro ainda está longe de uma decisão. Mas a fonte reconhece que a afinidade do presidente com o Trump o faz considerar banir a Huawei, apesar da pressão das empresas de telecomunicação para que a chinesa seja mantida entre as fornecedoras de equipamento.
Apesar de haver opções, os chineses têm produtos mais avançados e baratos que os de rivais. Os EUA ainda não têm a tecnologia.
Ressaltando que o governo dos EUA respeita a soberania brasileira, a presidente do Eximbank norte-americano, Kimberly Reed, disse que "existem muitos fabricantes de equipamentos de 5G e o Eximbank está disposto a financiar a escolha que o Brasil fizer", e que há recursos para qualquer investimento no setor.
Sabrina Teichman, diretora da Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, afirmou que a instituição recebeu mandato do Congresso do país para usar até 20% de seu portfolio de 135 bilhões de dólares para financiar empresas que queiram se associar a empresas americanas. Os recursos são parte de um programa criado especificamente para neutralizar a concorrência da China a produtos americanos.
"Temos financiamento de capital e financiamento de débitos e esses planos estão disponíveis para as empresas brasileiras", disse. "A China como sabemos tem uma diplomacia de armadilhas".
Mais cedo, na cúpula virtual da Câmara de Comércio Brasil-EUA, o conselheiro econômico da Casa Branca Larry Kudlow afirmou que o governo norte-americano insistiu com o governo brasileiro para que "olhe com cuidado a China" em relação à tecnologia 5G.
Justiça bloqueia bens de Doria por programa de quando era prefeito; governador irá recorrer
SÃO PAULO (Reuters) - O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou o bloqueio de bens do governador do Estado, João Doria (PSDB), até o valor de 29,4 milhões de reais, em um processo referente a um programa de asfaltamento realizado pela prefeitura da capital paulista quando Doria era prefeito, informou o TJ paulista nesta terça-feira.
O governador classificou, em publicação no Twitter, a decisão da 14ª Vara da Fazenda Pública como "descabida" e anunciou que irá recorrer.
O bloqueio se refere a uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público paulista, que entendeu que Doria, quando prefeito, utilizou verbas públicas de forma exorbitante para fazer publicidade do programa "Asfalto Novo" com o objetivo de se promover às custas dos recursos públicos.
Na decisão em que concedeu liminar pedida pelo MP para bloquear os bens do governador, o juiz Randolfo Ferraz de Campos apontou que a prefeitura, então comandada por Doria, adotou divulgação "sofisticada, massiva e duradoura" do programa de recapeamento asfáltico e que, por se tratar de "serviço básico, corriqueiro e simples, a publicidade do programa poderia ter-se dado de forma menos onerosa aos cofres públicos".
"Despesa com publicidade com a expressividade vista no presente caso deixa aparentar a finalidade de autopromoção do gestor, ainda que não se faça expressa menção a seu nome ou à sua imagem diretamente", afirmou o magistrado.
Em sua conta no Twitter, Doria criticou a decisão e disse que irá recorrer do bloqueio de seus bens.
"Considero descabida a decisão do juiz da 14ª Vara da Fazenda Pública, referente ao programa Asfalto Novo, que realizamos na prefeitura de SP. Pela primeira vez na história da cidade, utilizamos recursos das multas de trânsito para o recapeamento de ruas e avenidas da capital", escreveu.
"Vamos recorrer da decisão junto ao Tribunal de Justiça. Não houve benefício pessoal algum, mas sim o benefício para milhões de pessoas. Entre ficarmos de braços cruzados e tapar buracos da cidade, decidimos agir e cumprir nosso dever."
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