Mão-de-Obra no agro, por Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, Ph.D.
Recentemente participei de uma entrevista especial no programa BELGO AgroPod, da empresa Belgo Mineira, para falar sobre a escassez de mão-de-obra no agronegócio brasileiro.
Sabe-se que o agronegócio é um dos principais setores da economia de nosso país e apesar dos bons resultados locais e das exportações apresentados e, mais um importante, o que se projeta, o campo ainda sofre com a falta de capacitação da força de trabalho.
Não existe a falta se mão-de-obra no setor, o que falta é a adequada qualificação, especialmente no momento que estamos onde cada vez mais se utilizam de novas tecnologias e ferramentas para redução de custos e aumento da produtividade.
A Agricultura de Precisão, também chamada de Agricultura de Decisão é uma das maiores demandantes por requerem profissionais mais integrados e conectados com as diferentes tecnologias devido a elevada quantidade de instrumentos embarcados. Não obstante, todos os demais elos da cadeia produtiva podem e devem investir em treinamento.
É importante pontuar que a falta de qualificação não é um tema cultural, apesar de erroneamente por muitas vezes se atribui ao campo e, especialmente aqueles que vivem nele, a falta de educação necessária (desde o ensino básico até o universitário e profissionalizante). Os centros urbanos devem olhar para o Agro como um mercado importante para oportunidades de trabalho e não apenas como o setor responsável por alimentar a população!
Desde 1960 existe a escassez de mão-de-obra no Brasil e muito lentamente se vê o aumento de investimentos na construção, apoio e expansão das escolas técnicas como ETECs, SENAIs, FATECs etc. Se pararmos para analisar, 2/3 destas escolas hoje se localizam no estado de São Paulo, maior mercado consumidor, mas longe de ser o maior mercado produtor. É preciso assim expandir esta malha de conhecimento para atender a demanda existente.
O Estado e Governo podem contribuir muito com este tema, alinhando políticas que foquem na geração de conhecimento, contudo grande parte do que vem acontecendo é oriundo da iniciativa privada, fundamental neste momento.
Não existe ainda uma pesquisa realizada, que eu conheça, que mediu com precisão o quanto o setor agropecuário poderia crescer com o aumento da capacitação dos profissionais. Mesmo assim, é possível dizer que a qualidade dos serviços realizados, a satisfação dos profissionais e o índice de retenção aumentarão consideravelmente.
O crescimento do Agro não passa por desmatamento e sim pelo melhor uso da terra, das variedades plantadas, das máquinas e equipamentos agrícolas, da gestão da operação e do trabalhador rural.
O Agro não para!
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