Após rombo recorde de R$252 bi em julho, governo vê volta ao superávit primário em outubro

Publicado em 18/08/2020 08:32

LOGO REUTERS

A equipe econômica prevê que o governo central vai registrar um déficit primário recorde de 252 bilhões de reais em julho, sob o impacto dos pagamentos do auxílio emergencial e um aumento generalizado em diversas despesas, mas que voltará a ter contas superavitárias em outubro e novembro.

A trajetória contrasta com a projeção do mercado, que considera um déficit bem menor para julho, de 103,5 bilhões de reais, mas sem perspectiva de superávits até o final do ano, mostrou nota elaborada pela Secretaria de Política Econômica (SPE).

"A partir de setembro, as expectativas são de aumento de receitas, traduzindo algum otimismo com relação à recuperação da atividade econômica", disse a nota.

Enquanto o governo estima superávits de 5,5 bilhões de reais e 5,1 bilhões de reais para o governo central em outubro e novembro, respectivamente, os números coletados pela mediana do boletim Prisma são de déficits de 26,4 bilhões de reais e de 40,2 bilhões de reais.

À Reuters, o coordenador-geral de Projeções Econômicas, Bernardo Borba de Andrade, atribuiu as diferenças a premissas distintas adotadas principalmente para o Produto Interno Bruto (PIB), para os juros e para o câmbio em 2020, destacando que as contas do governo levam em conta uma retomada mais forte.

Ele ressaltou que em julho o governo manteve sua perspectiva de contração da economia de 4,7% este ano, num momento em que agentes do mercado chegaram a mencionar quedas da ordem de 9% a 10%.

"O que a gente tem para o primeiro semestre é uma queda de 5,3%. Então se a gente pensar numa queda de 5,3% e pensar que o segundo semestre deve ser um pouco melhor que o primeiro, o que é natural, a gente estaria convergindo para esse número de 4,7% que estávamos apontando (para o ano). Pode ser que o mercado estivesse olhando para previsões mais pessimistas de PIB", disse Andrade.

Para dezembro, mês em que as contas públicas usualmente ficam no vermelho, o governo calcula um dado negativo em 15,3 bilhões de reais, ao passo que o mercado vê um déficit primário de 57,7 bilhões de reais.

Já em relação ao resultado consolidado de 2020, a equipe econômica projeta déficit de 787,4 bilhões de reais para o governo central e o mercado, de 765,9 bilhões de reais, números que já haviam sido divulgados no mês passado. No primeiro semestre, o rombo nas contas públicas foi de 417,217 bilhões de reais, pressionadas pelos gastos com as medidas de enfrentamento à pandemia.

Após uma retração de 1,5% no primeiro trimestre, a SPE vê um tombo de 9,4% da atividade econômica para o período de abril a junho, com base em dados da Fazenda e no IBC-Br, indicador do Banco Central que é considerado uma prévia do PIB.

Ainda que historicamente ruim, a nota destaca que esse desempenho do segundo trimestre na comparação com o primeiro será, se confirmado, melhor que o observado em grandes economias como Reino Unido (-20,4%), França (-13,8%), Alemanha (-10,1%) e Estados Unidos (-9,5%).

"O timing e o volume dos gastos, do auxílio emergencial, com certeza contribuíram para isso", afirmou Andrade.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário