Hortifruti: Ampliação da quarentena pode impactar no mercado de HF?
Com a nova prorrogação da quarentena no estado de São Paulo até o dia 10 de maio, anunciada pelo governador João Doria na sexta-feira, 17, as medidas de isolamento social continuam em todos os municípios paulistas. Outros estados também seguem com as medidas de restrição da circulação de pessoas neste mês e em meados de maio.
Isso significa que escolas, restaurantes e varejos de menor escala, importantes canais de escoamento de frutas e hortaliças, manterão suas atividades suspensas e/ou bastante reduzidas até lá. Apesar de o abastecimento do setor de HF continuar ativo durante o período de isolamento social, os supermercados e hipermercados, especialmente, são os que têm sentido menos os impactos da queda nas vendas desde o início da pandemia de covid-19 no Brasil.
Assim, de modo geral, o prolongamento da quarentena pode continuar impactando o setor no curto prazo? Para algumas frutas, a manutenção do fechamento das escolas é um dos principais entraves, tendo em vista a elevada demanda para compor a merenda escolar. É o caso da banana e da maçã (especialmente as miúdas). Em termos de oferta, algumas delas já podem registrar maior volume no início de maio, mesmo que de forma gradual – o que pode pressionar as cotações em relação a abril.
Já para as hortaliças, boa parte delas está em período de transição de safras, portanto, a demanda limitada ainda não chegou a afetar de forma significativa – os valores ao produtor, inclusive, continuam bastante atrativos, especialmente de batata, tomate, cenoura e cebola. Dentre as culturas mais afetadas, destaca-se a alface: sem ter para onde escoar, muitos produtores tiveram que "passar o trator" nas roças e já pensam em reduzir os plantios daqui em diante. A seguir, confira os detalhes por cada cultura acompanhada pelo Hortifruti/Cepea:
FRUTAS
BANANA: A oferta da nanica está aumentando gradualmente no Vale do Ribeira (SP) – podendo chegar ao pico em maio –, assim como no Norte de Santa Catarina. O volume de prata, por outro lado, deve se manter controlado. Quanto à demanda, agentes consultados pelo Hortifruti/Cepea observam oscilação a cada 15 dias, com semanas positivas e outras negativas.
MAÇÃ: A oferta de maçã deve continuar controlada, já que essa safra vem sendo marcada por menor volume colhido – sendo que classificadores podem seguir armazenando e dosando as saídas. A fruta miúda, por sua vez, deve continuar sendo impactada, tendo em vista a maior participação neste ano e a demanda fraca, devido ao fechamento das escolas.
MAMÃO: Apesar de a oferta não ser elevada, a demanda por essa fruta está bastante limitada, inclusive em supermercados – gerando sobras entre uma semana e outra, as quais são vendidas a preços mais baixos. Vale destacar, contudo, que o clima mais ameno na roça vem segurando a maturação.
MELÃO: A oferta se difere entre as regiões – enquanto no Rio Grande do Norte/Ceará o período é de entressafra, o Vale do São Francisco (BA/PE) está em plena colheita. No entanto, nesta última praça, as chuvas e a pandemia limitaram o plantio, refletindo em menor volume da fruta. Quanto à demanda, segue bastante travada, devido ao seu maior valor agregado e ao clima, mais ameno nos grandes centros consumidores.
UVA: A oferta ainda deve ser restrita no Vale do São Francisco (BA/PE), mas pode aumentar no Sudeste (Marialva e Louveira/Indaiatuba - SP). O cenário de preços, portanto, pode ser pior que o de abril, mas ainda de forma controlada.
MELANCIA: A oferta, restrita em abril, pode começar a aumentar gradualmente no início de maio.
MANGA: O volume de palmer começa a crescer neste mês, mas a possibilidade de aumento das exportações, devido ao fim da safra do Peru, pode controlar a oferta no início do próximo período.
CITROS: Para a laranja, a oferta da nova temporada (2020/21) aumenta gradualmente em maio, já que a safra está atrasada e a colheita pode ser postergada em alguns pomares. Quanto à lima ácida tahiti, o cenário é de desaceleração da oferta a partir do próximo mês, o que pode ser positivo aos preços.
HORTALIÇAS
BATATA: A oferta está baixa, uma vez que a safra das águas está praticamente encerrada e os plantios para a de inverno ainda estão ocorrendo. Portanto, os preços não devem ser tão impactados – os valores, inclusive, só não estão ainda maiores por conta das medidas de isolamento, que "seguram" um pouco as compras.
TOMATE: O cenário ainda é de oferta controlada, mas com tendência de aumento, diante do início da safra de inverno em algumas regiões, como em Paty do Alferes (RJ), Sumaré e Mogi Guaçu (SP). Porém, a disponibilidade do produto vai depender das temperaturas: o clima ameno nos próximos dias pode controlar a maturação.
CENOURA: Mesmo com a previsão de pico de safra agora em abril, a oferta não deve aumentar expressivamente, pois as áreas que estão sendo colhidas foram afetadas por chuvas em excesso durante o período de plantio e desenvolvimento das raízes. Quanto às cotações, estão caindo nas últimas semanas, mas continuam atrativas ao produtor.
ALFACE: Sendo uma das hortaliças mais afetadas na quarentena e de maior perecibilidade, a procura é bastante restrita. Com a produção satisfatória, as sobras estão cada vez mais comuns. A saída de alguns produtores tem sido a de "passar o trator" nas lavouras, assim como redução de transplantio e área.
CEBOLA: O escoamento da hortaliça tem sido sazonal desde o início da pandemia da covid-19, variando conforme a necessidade de compra do consumidor. A safra do Sul está praticamente encerrada e, consequentemente, a importação de bulbos da Argentina tem aumentado, mesmo com limitações impostas ao trabalhador rural argentino para evitar aglomerações no campo e nos barracões.
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