Bolsonaro diz que vai pedir boicote de empresários a jornais ‘que mentem o tempo todo’

Publicado em 27/02/2020 17:16 e atualizado em 27/02/2020 21:24

Em sua live de hoje, Jair Bolsonaro disse que, numa reunião que terá na Fiesp em março, vai pedir a empresários que não anunciem em jornais e revistas “que mentem o tempo todo e trabalham contra o governo”. Citou especificamente a Folha de S.Paulo e a Época.

“Se o governo der errado, toda a economia do Brasil vai sofrer. Vocês não podem dar dinheiro para uma mídia que mente o tempo todo. Tem boas revistas e jornais no Brasil, tem. Vale em cima dessa imprensa que são isentas [sic], que fala a verdade, que estão ajudando o Brasil. Agora, quando você anuncia numa Folha de S.Paulo, por exemplo, vocês estão ajudando o Brasil a afundar. Que eles só querem o tempo todo me derrotar, falam até em impeachment.”

O presidente também falou que vai lembrar os empresários da medida provisória que dispensava as empresas de publicarem balanços nos jornais e que caducou no Congresso.

“O empresariado gasta por ano no Brasil aproximadamente R$ 1,2 bilhão com jornal em papel. A gente não está contra jornal. Eu quero que o empresariado, ao gastar menos, o seu produto fique mais barato na ponta da linha para você comprar aí. Isso é desregulamentar, desburocratizar, é tirar o Estado de cima do cangote de quem produz.”

Ele disse que o “grande erro” que apontam contra o governo é não gastar R$ 1 bilhão por ano com publicidade estatal.

“Estamos gastando, talvez, por volta de 10% disso. Por não gastar dinheiro com parte dessa mídia podre que nós temos, esses ataques o tempo todo, escrevendo besteiras sobre o nosso governo”, afirmou.

Na live, o presidente também afirmou que o vídeo que enviou a aliados pelo WhatsApp não era contra o Congresso e o STF.

Disse que prints de celular vazados à imprensa referiam-se a um vídeo de convocação para manifestação que ocorreu no dia 15 de março de 2015 — quando a população foi às ruas para pedir o impeachment de Dilma Rousseff.

Em live, Bolsonaro pede serenidade e afirma que respeita os Poderes (Agencia Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje (27), durante sua live semanal no Facebook, que não está estimulando protestos contra o Congresso Nacional e o Judiciário, e pediu "serenidade" e "responsabilidade". Ele refutou informações, veiculadas nos últimos dias, pela imprensa, de que estaria apoiando atos previstos para o próximo dia 15 de março, e que teriam, entre as pautas anunciadas, de acordo com as notícias, pedidos de fechamento do Legislativo e do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eu não vi nenhum presidente de Poder falar sobre essa questão do dia 15, que eu estaria estimulando um movimento contra o Congresso e contra o Judiciário, não existe isso. Não falaram porque não existe isso. Agora, nós não podemos nos envenenar com essa mídia podre que nós temos aí, em grande parte, podre que nós temos ai. Eu apelo a todo mundo, serenidade, patriotismo, responsabilidade, verdade. Nós podemos mudar o destino do Brasil. Não vou falar bem do meu governo, você que julga na ponta da linha. Pode ter certeza que, cada vez mais, os chefes de Poderes vão se ajustando, porque a nossa união, são quatro homens, quanto mais ajustados nós tivermos, nós juntos podemos fazer um Brasil melhor para 210 milhões de pessoas", afirmou.

Bolsonaro disse que respeita os Poderes e que quer ver os projetos enviados pelo governo sendo votados no Congresso Nacional. Segundo ele, como boa parte das suas iniciativas depende do Legislativo, ele acaba sendo cobrado pela população mais do que os parlamentares. "Não existe qualquer crítica a Poderes, agora eu tenho que dar uma satisfação porque na ponta da linha o povo cobra muito mais de mim do que do Legislativo ou do Judiciário".

bolsonaro_270221_numero_de_serie_de_4_digitos
Presidente Jair Messias Bolsonaro fala ao vivo sobre as ações desenvolvidas pelo governo ao longo da semana - Divulgação/Palácio do Planalto

Bolsonaro reclama de Congresso e Judiciário, mas fala em "afinar viola" com demais Poderes (na Reuters)

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro usou sua transmissão semanal em uma rede social para reclamar que o Congresso não coloca em pauta projetos de autoria do governo e que o Judiciário toma decisões contrárias a medidas adotadas por sua gestão, mas defendeu "afinar a viola" com os demais chefes de Poderes.

As reclamações do presidente acontecem após o episódio revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em que Bolsonaro compartilhou com contatos no WhatsApp vídeos feitos por terceiros que convocam para um protesto no dia 15 de março que tem como um dos motes ataques ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"Alguns falam que eu não tenho articulação com o Congresso. Realmente eu não consigo aprovar o que eu quero lá. Eu até gostaria que fosse colocado em pauta muita coisa, mas não é botado em pauta. É outro Poder que você tem que respeitar, é a regra do jogo", disse Bolsonaro.

"Caducar medida provisória, não botar em pauta, é triste isso daí", disse.

Entre os projetos que foram alvos de reclamação do presidente estão as medidas provisórias que criava a carteira de estudante digital e a que acabava com a obrigatoriedade de empresas publicarem seus balanços financeiros em jornais de grande circulação. Essas duas MPs perderam validade sem serem votadas no Congresso.

Bolsonaro também reclamou que, segundo ele, pelo que soube, a Câmara dos Deputados não colocará em pauta um projeto de lei de autoria do Executivo que permite a mineração em terras indígenas e que a proposta que altera o prazo de cinco para dez anos o prazo de renovação da Carteira Nacional de Habilitação está parada.

"Lamento, gostaria de fazer muito mais coisas pelo Brasil, mas tem um problema", disse. "Vou buscar fazer tudo aquilo que eu falei durante a campanha e falei que 90% do que eu quero passa pelo Parlamento, agora, o Parlamento nosso tem seus problemas", afirmou, sem especificar quais seriam esses problemas.

Bolsonaro também reclamou de decisões da Justiça que reverteram a medida do governo que retirou radares de fiscalização móveis de velocidade das estradas e de uma decisão em primeira instância, posteriormente derrubada, que impediu a nomeação de Sergio Camargo para a Fundação Palmares.

A decisão se baseava no fato de Camargo, que é negro, ter feito no passado declarações apontadas como racistas. Afirmou, por exemplo, que a escravidão foi benéfica para os descendentes dos escravos.

"Parece que eu não posso mudar nada", reclamou Bolsonaro na transmissão.

Apesar das reclamações --e das críticas que fez-- o presidente disse que não criticaria o Parlamento ou o STF e falou em "afinar a viola" com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do Supremo, Dias Toffoli.

"Não vou criticar o Parlamento, assim como não critico decisão do Supremo Tribunal Federal. Respeito os Poderes, agora tem coisas que tem que insistir", afirmou.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters/O Antagonista

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • FABIO LUIS ANZANELLO GIOCONDO Arapongas - PR

    Eu já pratico como consumidor. Produtos de origem francesa, anunciados na mídia que eventualmente assisto, me levam a comprar o concorrente. Minha família, como grande parte dos brasileiros, usa mídias sociais e sites desvinculados aos velhos sistemas dominantes do passado. Leio Notícias Agrícolas e O Antagonista, por exemplo.....

    2
    • carlo meloni sao paulo - SP

      Infelizmente Bolsonaro nao sabe reagir----Tem fiscais de impostos para analisar as declaraçoes dos jornalistas que sabotam a naçao , tem possibilidade de aumentar

      impostos sobre assinaturas de jornais e revistas, mas ele parece que gosta de ser esculhambado-----Ele nao precisa deixar a esculhambaçao chegar a niveis que possam justificar o fechamento do congresso----E' so' fazer um plebiscito popular para conseguir autorizaçao a mudar tudo

      5
    • Tiago Gomes Goiânia - GO

      Sim, sr Carlos Meloni, é só seguir o modus operandi do antigo ídolo do Jair Bolsonaro (sim ele o admirava no início), o ditador Hugo Chaves, é assim que ele começou aquela tragédia que virou a Venezuela. Trazendo um suposto apelo apelo popular cego para referendar seu governo. Sei que já já vai vim um emocionado dizer que Hugo Chaves é de esquerda, amigo PT, etc. Sim, todos sabemos. Mas os campos opostos qdo vão ao extremo se conectam.

      4
    • carlo meloni sao paulo - SP

      Legitimidade democratica e' seguir a vontade do povo de forma honesta e sem artimanha ... o resto e' enganaçao.

      2