Impacto do coronavírus na demanda chinesa por carnes deve ser apenas temporário, dizem especialistas
O surto de coronavírus que se alastra com rapidez na China já começa a comprometer a demanda por importação de carne bovina e demais proteínas do país. Com restrições de deslocamento da população e o cancelamento de alguns eventos do feriado do Ano Novo Lunar, a comercialização das carnes está sendo afetada e se mostra um pouco mais lenta, como aponta um levantamento feito pela consultoria INTL FCStone.
O Sócio da Radar Investimentos, Douglas Coelho, explicou que o governo chinês deve se manter cauteloso com novas compras até o dia 02 de fevereiro. “Esse cenário vai limitar o transporte da população e diminuir alguns postos de trabalho, o que vai deixar o ritmo do país mais morno”, destacou.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que está acompanhando a situação do coronavírus junto com o Ministério da Saúde, em que emitiram orientação técnica para vigilância e atenção à saúde no Brasil em conformidade com diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“O coronavírus também pode causar infecções em animais. Entretanto as investigações ainda estão em andamento para identificar e estabelecer as espécies com potencial de ser um reservatório dessa doença. Até o momento, com base nas informações disponíveis, não temos relatos do vírus em qualquer espécie animal”, ressaltou o MAPA.
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O Notícias Agrícolas entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) que informaram por telefone que até o momento não é possível saber se a doença vai comprometer a demanda chinesa.
Por outro lado, a assinatura do acordo entre a JBS e o WH Group reforça o apetite chinês ao longo das próximas semanas e a intenção do Brasil em fortalecer este comércio. Conforme foi divulgado pelo Broadcast Agro, o objetivo da parceria é ampliar a participação de seus produtos e marcas no mercado chinês, além de ter acesso direto ao mercado consumidor da China através dos 60 mil pontos de venda do WH Group no país.
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Segundo as informações do Broadcast Agro, o governo chinês adotou a liberação de reservas internas das proteínas para controlar a inflação dos alimentos. Diante disso, as exportações brasileiras registraram um recuo em janeiro frente ao mês de dezembro. "Nós temos neste instante um estoque de proteína animal na China, o que reduz de certa forma o apetite do gigante asiático por compras muito elevadas", apontou a FCStone.
Os embarques de carne bovina in natura tiveram uma desaceleração na quarta semana de janeiro se comparado com a terceira semana. De acordo com as informações da Secretária do Comércio Exterior (SECEX), a média diária embarcada de carne bovina in natura foi de 5,4 mil toneladas e teve uma retração de 23,2% frente ao mês de dezembro de 2019, que registrou uma média de 7,1 mil toneladas por dia útil.
“Deste modo, o mercado aponta que a projeção do consolidado deve ficar em 110,2 mil toneladas, 7,6% acima frente a janeiro de 2019. Os dados desta semana ainda devem ser contabilizados, o que deve alterar estas estimativas de volume acima”, explicou a Radar Investimentos.
A demanda chinesa deve continuar aquecida com a epidemia de peste suína ainda fora de controle na potência asiática. Nesta terça-feira (27), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) informou que 7.888.768 suínos já foram eliminados em países asiáticos por causa da contaminação do vírus.
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