Ibovespa sobe 0,25%, com otimismo de Wall St ofuscado por receios sobre retomada econômica do Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista fechou em leve alta nesta quinta-feira, acompanhando à distância a valorização de Wall Street, conforme agentes financeiros seguem monitorando dados sobre a recuperação da atividade econômica no país.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,25%, a 116.704,21 pontos. O volume financeiro no pregão somou 20,3 bilhões de reais.
O IBC-Br, prévia do Banco Central para o PIB brasileiro, cresceu 0,18% em novembro ante outubro, acima das expectativas, e patrocinou um começo mais positivo no pregão brasileiro, mesmo com a revisão para pior nos números do mês anterior.
No melhor momento da sessão, o Ibovespa chegou a subir 0,6%. Mas o ânimo não se sustentou e à tarde o índice já mostrava sinal negativo, chegando a cair 0,39% no pior momento.
O IBC-Br veio após dados de vendas no varejo ficaram aquém do esperado, somando-se a outros números do setor de serviços também decepcionantes sobre o ritmo da recuperação da economia.
Na avaliação do economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, progresso em direção à consolidação fiscal continua sendo essencial para ancorar o sentimento do mercado, apoiar o sentimento do consumidor e dos empresários "e alavancar o que tem sido até agora uma recuperação superficial".
A retomada do crescimento econômico de forma consistente é considerada essencial para a continuidade na trajetória positiva da bolsa paulista, após fortes ganhos no ano passado, o quarto em que o Ibovespa teve valorização.
"O custo oportunidade diminuiu sem que, efetivamente, algo fundamentalmente tenha mudado na microeconomia empresarial", disse Paulo Bilyk, diretor de investimentos da Rio Bravo e sócio global da Fosun Hive. "Isso só vem com crescimento, que tem sido muito tímido. Agora, é esperar para ver."
Em relatório a clientes, estrategistas de mercados emergentes do UBS destacaram que, no contexto da visão positiva para esse grupo de países, eles continuam enxergando o Brasil como um dos mercados mais interessantes, citando entre os argumentos a recuperação econômica.
"Vemos espaço para ações brasileiras (em dólar) superarem as ações de mercados emergentes em 10% a 15% nos próximos 6 a 12 meses", afirmaram, citando também entre os suportes para tal desempenho 'momentum' de reformas e juros em mínimas históricas.
A piora na bolsa coincidiu com a mudança de sinal no mercado de câmbio, com o dólar passando a subir, chegando a superar 4,20 reais na venda pela primeira vez desde o começo de dezembro.
No exterior, o S&P 500 cruzou a linha dos 3.300 pontos pela primeira vez na história, e o Dow Jones e o Nasdaq renovaram máximas, ainda embalados pelo acordo comercial assinado entre China e EUA, além do resultado do Morgan Stanley.
DESTAQUES
- BRADESCO PN avançou 1,43%, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN encerrou em alta de 0,2%. Analistas do Safra saíram de encontros com representantes do Itaú Unibanco avaliando que 2020 será mais desafiador do que 2019 para o banco.
- BRF ON recuou 1,65%, devolvendo parte da alta no mês até a véspera, em dia misto no setor, com JBS ganhando 0,7% e MARFRIG ON subindo 1,6%. MINERVA ON valorizou-se 4,1% após anunciar oferta de ações a ser precificada no dia 23 e habilitação de unidades para exportar carne bovina para a Arábia Saudita.
- USIMINAS PNA avançou 2,98%, tendo de pano de fundo relatório do Credit Suisse elevando preço-alvo das ações de 10 reais para 11,50 reais e reiterando recomendação 'outperform', citando perspectivas de crescimento de 4% na demanda de aços planos no Brasil em 2020 e espaço para alta de preços. No setor, CSN teve acréscimo de 0,89% e GERDAU PN teve incremento de 0,95%.
- VALE ON caiu 0,52%, após decisão de paralisar operações da pilha de estéril e rejeito da mina Esperança, logo após assumir o controle do Grupo Ferrous. Além disso, perícia a ser concluída até junho apontará se o rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019, será qualificado como homicídio doloso ou culposo.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON fecharam com quedas de 0,1% e 0,32%, respectivamente, descoladas da alta dos preços do petróleo, tendo de pano de fundo expectativas para a oferta de ações da petrolífera que estão em poder do BNDES.
- RUMO ON perdeu 2,52%, um dia após divulgar dados de volumes de dezembro, que analistas do Credit Suisse consideraram abaixo das expectativas, sendo o motivo principal a queda nos volumes de milho.
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