Números de desmatamento do INPE omitem redução no desflorestamento da última década

Publicado em 19/11/2019 12:53
Ciro Siqueira - Engenheiro Agrônomo
Entrevista com Ciro Siqueira (engenheiro agrônomo amazônida), sobre divulgaçao de desmatamento da Amazonia pelo INPE (Prodes)

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Entrevista com Ciro Siqueira - Engenheiro Agrônomo sobre a Análise dos Resultados do INPE

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Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o engenheiro agrônomo Ciro Siqueira contestou a divulgação feita ontem pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de que houve aumento extraordinário do desmatamento na Amazônia.

Segundo o engenheiro (especialista em meio-ambiente e morador do Pará), a divulgação foi feita para escandalizar e não corresponde à verdade quando comparada com os dados históricos registrados por órgãos que medem a velocidade do desflosrestamento amazônico. 

Com dados do sistema de monitoramento Prodes, o Inpe informou que entre agosto de 2018 e julho de 2019 houve um aumento de 29,5% do desmatamento nos estados da amazônia legal e entre os destaques estão Pará, Mato Grosso, Amazonas, Rondônia e Acre.

Ciro Siqueira contesta esses dados ao estender esses números ao registrado na última década. "É nítida a diferença entre o que foi mostrado ontem e a realidade do registrado nas décadas passadas. Comparativamente pode-se dizer que houve diminuição no desflorestamento". (veja o gráfico).Grafico - taxa de desmatamento 1988 na amazonia legal - estimativba para 2019 - 16:9

Para ele, o movimento ambientalista faz uma "asfixia econômica"  sobre a população amazônica, impedindo que o povo obtenha renda de maneira legal, tendo em consequência que apelar para práticas ilegais de desenvolvimento, que impacta m no desmatamento.

"Na Amazônia não se pode fazer nada que gere renda, emprego, ocupação. Quando o governo escolhe tirar essa asfixia econômica, os ambientalistas aparecem. O que o ambientalismo sério deveria fazer seria apresentar uma proposta para desenvolver de forma sustentável o povo da Amazônia, mas ninguém sabe como fazer. E se você não achar um jeito de desenvolver o povo amazônico, esse desmatamento toda vez vai surgir", afirma.

Ciro Siqueira vê até de certa forma positiva a divulgação do Inpe feita ontem. Segundo ele, os dados do sistema Prodes desmentiu o alarmismo feito em meados do ano quando as ONGs,  com base no Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), divulgavam índices alarmantes de aumento no desmantamento e a mídia mundial informava que o Brasil estava destruindo a Amazônia.

"Agora o Inpe mostra uma outra realidade, diferente do alarmismo feito na metade deste ano. Na época vimos alguns formadores de opinião falando que o dados do desmatamento iriam subir 100%, 200%; agora vem o levantamento e mostra que houve crescimento de 30%, e isso já vem numa tendência de aumento nos últimos anos", explica.

Segundo ele, estas "previsões alarmistas" divulgadas na metade deste ano vieram de números do Deter, que "por questões técnicas, não é adequado para utilização para comparações mês a mês". 

Para o engenheiro agrônomo, a pressão internacional sobre o governo Bolsonaro vai obrigá-lo a agir da mesma forma que os governos anteriores fizeram, colocando a repressão das Forças Armadas e Ibama sobre a população. "A gente precisa dar ao governo a chance de nos ajudar, tirar as amarras que impedem o desenvolvimento regional" completou.

Veja abaixo fotos enviadas pelo Engenheiro Agrônomo Emerson de Souza, dos trabalhos de limpeza de área desmatada legalmente (de acordo com o Código Florestal) no município de Abel Figueiredo (norte do PA). Na sequência abaixo, o povo da amazônia, trabalhando e sobrevivendo... Foto em Abel Figueiredo (PA). Envio do Engenheiro Agrônomo Emerson de Souza.

Foto em Abel Figueiredo (PA). Envio do Engenheiro Agrônomo Emerson de Souza.

Foto em Abel Figueiredo (PA). Envio do Engenheiro Agrônomo Emerson de Souza.
Foto em Abel Figueiredo (PA). Envio do Engenheiro Agrônomo Emerson de Souza.

Veja também:

>> Exemplo de distorção do Prodes: satélite identifica floresta numa área que é tomada por um lago

>> INPE diz que desmatamento aumentou, mas especialista mostra "furos" no PRODES

Bolsonaro se nega a comentar aumento de desmatamento na Amazônia

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro se recusou comentar o aumento de quase 30% no desmatamento na Amazônia este ano e disse que o governo não daria publicidade a seus atos.

Bolsonaro chegou a dizer que o desmatamento era recorde “quando Dilma (Rousseff, ex-presidente) era ministra”, no que foi corrido por um assessor de que a ministra era Marina Silva.

"Vocês viam o desmatamento quando a Dilma foi ministra? A Dilma não, a .... [alguém sugere Marina Silva]. Marina Silva foi ministra, vocês viram? Foi recorde o desmatamento, então, não pergunte para mim, não", disse na saída do Palácio da Alvorada após reunião ministerial e no início da cerimônia em comemoração ao Dia da Bandeira, celebrado nesta terça-feira (19). 

“Não, não pergunta (para mim) não. Pergunta para o Ricardo Salles, que está ali” disse, referindo-se ao atual ministro do Meio Ambiente.

Ao ser perguntado se ele mesmo tinha conversado com Salles e se o governo iria anunciar alguma medida, o presidente afirmou que conversara sim, mas que havia sido uma conversa “reservada” e não iria revelar seu teor.

“Eu não posso conversar reservadamente com o ministro e abrir para vocês aqui", disse. “Seria antiético. Nós não queremos publicidade de nada que fazemos, queremos solução.”

O dados do sistema Prodes, que mede o desmatamento em 12 meses, de agosto de 2018 a julho de 2019, mostrou um crescimento de 9.762 km2 no desmatamento no período, o maior desde 2008 e o maior percentual de crescimento entre dois períodos na última década.

O governo tem sido cobrado por ambientalistas por não ter anunciado nenhuma medida efetiva junto com os dados, além de anunciar uma reunião com os governadores dos Estados da Amazônia Legal para a próxima quarta-feira.

 

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Por:
Aleksander Horta e Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Petter Zanotti Assis - SP

    A tendência de crescimento é um fato e vem desde 2013, um ano após a aprovação do código florestal. O que não se tem informação é o quanto desse desmatamento foi ilegal, pois a legislação permite 20% no bioma amazônico. Sem esse dado não se pode fazer qualquer afirmação.

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