Wall St recua após restrição a vistos alimentar temores sobre EUA-China

Publicado em 08/10/2019 23:05

NOVA YORK (Reuters) - Os índices acionários dos Estados Unidos recuaram acentuadamente nesta terça-feira, após notícias de que o país está impondo restrições de vistos a autoridades chinesas ofuscarem comentários do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, que mostraram haver margem para novos cortes de juros.

O Dow Jones fechou em queda de 1,19%, a 26.164,04 pontos. O S&P 500 recuou 1,56%, para 2.893,06 pontos, enquanto o Nasdaq Composto caiu 1,67%, a 7.823,78 pontos.

As ações recuperaram perdas na esteira das declarações de Powell, mas rapidamente reverteram o curso e voltaram a cair após o Departamento de Estado norte-americano afirmar que impôs restrições de vistos a autoridades do governo chinês e do Partido Comunista da China, que são consideradas pelos EUA responsáveis pela detenção ou abuso de minorias muçulmanas na província de Xinjiang.

O movimento alimentou tensões antes das negociações comerciais de alto nível entre os países, que ocorrerão nesta semana em Washington, e somou-se ao sentimento baixista do dia. Mais cedo, os EUA ampliaram sua lista de sanções comerciais para incluir algumas das mais importantes startups de inteligência artificial da China.

"O mercado recuou por causa das manchetes negativas antes das negociações entre EUA e China. Com Powell mantendo sua narrativa, faz sentido que o mercado promova liquidações com os novos sinais de deterioração no comércio", disse Keith Lerner, estrategista-chefe de mercado da SunTrust Advisory Services.

As perdas foram amplas, lideradas por uma queda de 2% no índice de ações financeiras do S&P 500, sensíveis às taxas de juros, enquanto o índice Philadelphia de semicondutores cedeu 3,1%.

Um repórter da Bloomberg afirmou que Washington está avançando em esforços para limitar os fluxos de capital para a China, enquanto uma notícia do South China Morning Post disse que o país asiático diminuiu as expectativas antes das negociações em Washington.

Em seus comentários, Powell disse ainda que chegou o momento de permitir que a carteira de ativos do Fed comece a se expandir novamente, e que o banco central norte-americano vai "em breve anunciar medidas para adicionar mais oferta de reservas ao longo do tempo".

EUA impõem restrições de vistos a autoridades chinesas por repressão a muçulmanos

WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos impuseram restrições de vistos a autoridades do governo chinês e do Partido Comunista da China que são consideradas responsáveis pela detenção ou abuso de minorias muçulmanas na Província de Xinjiang, disse o Departamento de Estado norte-americano nesta terça-feira.

Autoridades dos EUA já haviam afirmado anteriormente que o governo de Donald Trump considerava sanções contra autoridades ligadas à repressão chinesa a muçulmanos, incluindo o secretário do partido em Xinjiang, Chen Quanguo, que ocupa um cargo de alto escalão na liderança chinesa.

O anúncio do Departamento de Estado não citou os nomes das autoridades sujeitas às restrições de vistos.

Preços do petróleo caem por preocupação com EUA-China e sinais de fraca demanda

NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo recuaram nesta terça-feira, após a inclusão de mais empresas chinesas na lista negra dos Estados Unidos levar à diminuição das expectativas de um acordo comercial entre os países, embora as agitações em Iraque e Equador tenham fornecido uma dose de apoio.

Tanto o petróleo Brent quanto o petróleo dos EUA chegaram a subir mais de 1% no início da sessão. No fechamento, porém, o Brent caiu 0,11 dólar, ou 0,2%, para 58,24 dólares por barril, e o WTI teve baixa de 0,12 dólar, ou 0,2%, a 52,63 dólares/barril.

Os investidores permaneceram cautelosos antes de negociações comerciais entre EUA e China em Washington na quinta-feira, embora as perspectivas de progresso tenham diminuído depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que um acordo comercial rápido é pouco provável.

Washington também está avançando em discussões sobre possíveis restrições de fluxo de capital para a China, com foco nos investimentos feitos pelos fundos de pensão do governo dos EUA, informou a Bloomberg.

A Administração de Informação sobre Energia (AIE) reduziu sua estimativa para o crescimento da demanda mundial por petróleo em 2020 em 100 mil barris por dia, para 1,3 milhão de barris por dia.

"O complexo (da energia) será obrigado a focar mais sucintamente na deterioração da demanda global por petróleo enquanto passa por uma série de relatórios mensais da agência até o final desta semana", disse em nota Jim Ritterbusch, presidente da Ritterbusch and Associates. "Não estamos descartando uma rápida reversão para cima nos preços."

(Reportagem adicional de Bozorgmehr Sharafedin em Londres e Florence Tan em Cingapura)

Aversão a risco faz estrangeiro tirar R$ 6 bi do mercado secundário no começo de outubro

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa brasileira começou outubro com forte saída de capital externo das negociações no mercado secundário, em meio ao aumento da aversão a risco externo e receios sobre o ritmo de crescimento das economias dos Estados Unidos e China, que vivem um embate comercial ainda sem sinal claro de desfecho.

Nos primeiros quatro pregões do mês, as saídas de estrangeiros já superam as entradas em 6,2 bilhões de reais. Tal movimento vem após setembro registrar o primeiro saldo positivo mensal desde março. No ano, os números mostram saída líquida de 27 bilhões de reais.

O Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, acumulou queda de 2% de 1 a 4 de outubro, chegando a cair abaixo de 100 mil pontos na quinta-feira. Até a véspera, a perda no mês estava em quase 4%. Os números sobre a movimentação de estrangeiros têm defasagem de dois pregões.

De acordo com o gestor Ricardo Campos, sócio-fundador da Reach Capital, se em setembro observou-se uma aproximação entre Donald Trump e Xi Jinping, combinada com o andamento da reforma da Previdência, calmaria no panorama político do Brasil e bons dados econômicos do país, em outubro esse cenário mudou.

"Tivemos uma 'escassez' de informações da China devido ao feriado naquele país na semana passada gerando assim um vácuo para possíveis novos focos de problemas envolvendo o presidente Trump, como o inquérito de impeachment, além de dados alemães decepcionantes , questões relacionadas ao Brexit... Tudo atrelado a um cenário com atraso na reforma da Previdência", ilustrou.

Na visão de Campos, todos esses eventos geraram "um turbilhão de incertezas", o que afasta os estrangeiros, que já estão em modo 'risk off'. "Mesmo que os fundamentos da economia brasileira estejam se mostrando mais sólidos e a retomada da economia vindo aos poucos, os estrangeiros não se atrevem a alocar capital com tamanha incerteza ocorrendo."

A equipe da XP Investimentos também ressaltou a semana conturbada experimentada pelo cenário político brasileiro.

Eles destacaram que o Senado aprovou em primeiro turno a reforma da Previdência, após adiamento e incertezas com relação a sua potencial desidratação, mas o noticiário mostrando falta de articulação para a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo previsto para novembro pode prejudicar o seu andamento.

"A economia global ainda está assombrada pelo aumento das incertezas para os próximos anos", observa a equipe do BTG Pactual, acrescentando que os mercado continuam atentos e permeados por grandes volatilidades em razão de novas preocupações relacionadas à guerra comercial.

Outubro prevê uma série de oferta de ações de companhias brasileiras, entre IPOs e follow ons, que têm sido o meio preferido por investidores estrangeiros para comprarem ações brasileiras em 2019. Quando incluído tais dados, o saldo externo está negativo em 'apenas' pouco mais de 1 bilhão de reais.

Entre as operações previstas para o mês estão a oferta inicial de ações da Vivara, que deve ser precificada nesta terça-feira e pode movimentar 2,4 bilhões de reais, bem como as ofertas da Helbor (dia 10), do Banco do Brasil (dia 17), da C&A (dia 24) e do Banco BMG (dia 24).

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Fonte:
Reuters

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