Caos do Brexit pode incentivar a violência, diz marido de parlamentar assassinada

Publicado em 26/09/2019 10:48

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A fúria pelo caos envolvendo a separação britânica da União Europeia é tão intensa que pode incentivar a violência, a menos que os políticos suavizem sua retórica, disse nesta quinta-feira o marido de uma parlamentar assassinada uma semana antes do referendo de 2016 sobre a desfiliação.

O Parlamento do Reino Unido entrou em ebulição na quarta-feira, quando o primeiro-ministro Boris Johnson e seus oponentes passaram horas envolvidos em uma discussão agressiva sobre o Brexit, durante as quais parlamentares lançaram acusações de traição e abuso de poder na câmara.

Jo Cox, parlamentar de 41 anos do Partido Trabalhista, de oposição, foi assassinada em 16 de junho de 2016 por Thomas Mair, um solitário obcecado por nazistas e pela ideologia da extrema-direita. Ela era mãe de dois filhos pequenos.

O marido dela, Brendan, disse que ficou chocado com a linguagem incendiária que ouviu e que os dois lados deveriam ponderar o impacto das palavras que usam.

Quando indagado como sua esposa teria reagido, ele respondeu: "Ela teria tentado recorrer à generosidade de espírito e pensado em como, neste momento, você pode recuar deste incêndio de retórica crescente".

"Entrar nessa jaula de polarização é perigoso para nosso país", disse ele à BBC. "Isso cria um clima no qual a violência e os ataques são mais prováveis".

O Brexit ilustrou um Reino Unido dividido a respeito de muito mais do que a UE e desencadeou uma crise de identidade que vai da secessão e da imigração ao capitalismo, do império à própria identidade britânica.

A raiva e a ferocidade do debate do Brexit chocou aliados de uma nação que se orgulha de ser um pilar de confiança --e sobretudo de tolerância-- para a estabilidade econômica e política do Ocidente.

Cox deixou claro que a linguagem do cisma causado pelo Brexit é preocupante e que o Reino Unido precisa se unir, ao invés de se esfacelar.

Agora elementos dos dois lados do debate estão usando a política da raiva calculada para argumentar. Johnson diz que o Parlamento está traindo a vontade popular sobre o Brexit, enquanto seus oponentes o retratam como um ditador que abusa da democracia para colocar o país à beira da ruína.

O premiê voltou à câmara na quarta-feira, depois que a Suprema Corte determinou que sua decisão de suspender a assembleia no início do mês foi ilegal. Ele instigou seus adversários a derrubarem o governo ou saírem do caminho para lhe permitir concretizar o Brexit, o que levou alguns a gritarem "renuncie".

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Fonte:
Reuters

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