Primavera começa nesta 2ª com irregularidade de chuvas e altas temperaturas; plantio deve atrasar
A Primavera no hemisfério Sul começa nesta segunda-feira (23) e termina em 22 de dezembro. A estação é caracterizada por ser a transição do período seco para o mais úmido, além de temperaturas mais elevadas, mas será de irregularidade. Durante o inverno, que termina agora, várias áreas do país tiveram cenário de estiagem.
"Climatologicamente, é um período de transição entre as estações seca e chuvosa no setor central do Brasil, bem como dá-se o início da convergência de umidade oriunda da Amazônia, que define a qualidade do período chuvoso sobre as regiões Centro-Oeste, Sudeste e parte centro-sul da Região Norte", destaca o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
A estação deve começar neste mês de setembro ainda com as chuvas mais volumosas prevalecendo sobre a região Sul do país, segundo Graziella Gonçalves, meteorologista da Climatempo. Em outras áreas, as frentes frias ainda não devem conseguir avançar com força, apesar da possibilidade de ocorrerem episódios isolados no fim do mês.
"Nós vamos iniciar a Primavera, o nosso período úmido, irregular. Será aquele tipo de chuva que você sente ali em um bairro chuva de moderada a intensa, mas o bairro vizinho pode quase não ter isso. É uma chuva desorganizada. É assim que deve iniciar nossa primavera", afirma Gonçalves.
A meteorologista pontua que o produtor deve ter cautela com o plantio. "O produtor rural tem que tomar cuidado porque esse início de período úmido está complicado. As chuvas podem cair bem em um pedaço da fazenda e outro ter um volume totalmente diferente. Esso é o problema da irregularidade", ressalta Gonçalves. "Esse mês de outubro vai atrasar o plantio para quase todo o centro do país", completa.
Acumulado e anomalia de chuva a cada 7 dias - Fonte: Climatempo
Em relação às temperaturas, neste início da estação, grande parte do país deve seguir com temperaturas acima da média. "Começamos nossa primavera ainda com bastante calor na maior parte do país, principalmente as áreas do interior que estão muito quentes e vão continuar assim", afirma a meteorologista.
De acordo com o Inmet, as temperaturas na estação tendem a ficar mais elevadas em grande parte da região Norte, interior da região Nordeste e em alguns pontos da parte central do Brasil. Os primeiros episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) podem ocorrer durante a primavera, com chuvas no Sudeste, Centro-Oeste, Acre e Rondônia.
"Na região Sul, podem ocorrer episódios de Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), que estão associados a chuvas fortes, rajadas de vento, descargas atmosféricas e eventual granizo. Com o gradativo aumento das chuvas em grande parte do país nesta época do ano, tem-se o início do plantio das principais culturas de verão", disse o instituto.
Anomalia e média das temperaturas a cada 7 dias - Fonte: Climatempo
Essa condição meteorológica ocorre por conta da neutralidade de fenômenos climáticos, como o El Niño, que já perdeu forças no Oceano Pacífico Equatorial. Institutos meteorológicos ligados ao NOAA, na sigla em inglês, Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, apontam persistência da neutralidade nos próximos meses.
"O El Niño que marcou o período úmido de 2018 e 2019 perdeu intensidade. Já era um El Niño um pouco mais fraco e agora perdeu intensidade de vez e entramos em um período de neutralidade climática, sem El Niño e La Niña", afirma Gonçalves em referência aos reflexos que o fenômeno poderia causar sobre o tempo.
O Inmet destaca que desde a primavera de 2018, a temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico Equatorial manteve-se aquecida, caracterizando o El Niño. "A partir da segunda quinzena de julho de 2019, estas anomalias foram enfraquecendo consideravelmente, principalmente sobre a metade leste do oceano (entre 150°W-80°W), estabelecendo condições de neutralidade", informou.
Previsão probabilística do IRI para ocorrência de El Niño ou La Niña - Fonte: IRI/NOAA
Mensalmente, as previsões para o Brasil são de que em outubro o Brasil tenha chuvas abaixo da média em várias localidades, mas não quer dizer que não vai chover, segundo Gonçalves. E as temperaturas serão mais elevadas. Em 2018, o mês de outubro foi diferente, com bastante chuva sobre o país e temperaturas mais amenas.
Anomalia de precipitação de outubro - Fonte: Climatempo
Em novembro, a média dos 30 anos, aponta que a normalidade para o período é de chuvas mais organizadas. Para este ano, a chuva deve seguir abaixo da média, mas ainda chove. "Tem chuva sim para acontecer, os temporais retornam, mas é uma chuva mal distribuída", ressalta Gonçalves. A temperatura sobe.
Climatologia de precipitação de novembro - Fonte: Climatempo
No mês de dezembro, a normalidade aponta para níveis elevados de chuva. Para o período deste ano de 2019, mais um vez, a tendência é de chuvas abaixo da média e mal distribuídas, mas ainda assim chove. O calor deve seguir dando as caras, com chances de temperaturas acima da média e um cenário mais quente do que em 2018.
Climatologia de precipitação de dezembro - Fonte: Climatempo
Veja a previsão da Climatempo para a estação por região do Brasil:
Região Norte
Região Nordeste
Região Centro-Oeste
Região Sudeste
Região Sul
Veja a previsão do Inmet para a estação por região do Brasil:
Região Norte
A Região Norte apresentou bastante irregularidade nas chuvas durante os meses de junho a agosto/2019, com chuvas acima da média, principalmente sobre o leste de Roraima e nordeste do Pará. Destaque para Boa Vista (RR), onde os acumulados de chuva foram 350 mm acima da média para o trimestre. Entretanto, algumas áreas, como o noroeste do Amazonas, Pará e Amapá, apresentaram chuvas abaixo da média. A redução das chuvas em localidades dos estados de Rondônia, Tocantins e sul do Pará, aliada às altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar, favoreceram a incidência de queimadas, muito comuns nesta época do ano. Alguns episódios de friagem também foram registrados neste período e atingiram o Acre, Rondônia e sul do Amazonas.
Para a Primavera, os modelos climáticos indicam que a Região Norte deve apresentar forte variabilidade espacial na distribuição de chuvas. Em áreas onde normalmente ocorrem a redução de chuvas, como em Roraima, Amapá, nordeste do Amazonas e meio norte do Pará, a previsão indica significativa probabilidade das chuvas ocorrerem próximas a abaixo da média para o período. Já na parte centrossul do Amazonas, sudoeste do Pará e nos estados do Acre e Rondônia, haverá possibilidade de chuvas acima da média, durante os meses de outubro a dezembro. As temperaturas serão de normal a acima da média.
Região Nordeste
Na Região Nordeste, durante os meses de inverno, as chuvas registradas foram próximas ou abaixo da média em grande parte da região. Contudo, sobre a faixa leste do Nordeste, os totais de chuvas foram bem acima da média. Em lugares como a capital João Pessoa, que geralmente chove em torno de 790 mm entre os meses de junho a agosto, choveu 670 mm somente no mês de junho. As chuvas amenizaram as temperaturas nesta região, principalmente no sudeste da Bahia, onde a média das temperaturas máximas em agosto ficaram entre 24,0 e 26,0ºC.
A previsão do modelo estatístico do INMET para a primavera, indica maior probabilidade de chuvas próximas a média na parte leste da Região Nordeste. Nas demais áreas, haverá o predomínio de chuvas ligeiramente abaixo da média. Ressalta-se que, o trimestre de outubro a dezembro é o mais seco da parte leste do nordeste. As temperaturas estarão mais elevadas sobre todo o nordeste, principalmente, na região sul do Maranhão e do Piauí.
Região Centro-Oeste
A Região Centro-Oeste apresentou chuvas de normal a abaixo da normal durante o inverno, seguindo sua característica climatológica, que é de baixa ou nenhuma pluviosidade. Em alguns municípios dos estados de Mato Grosso e Goiás foram mais de 100 dias consecutivos sem chuva, a partir de maio deste ano. Nestas mesmas áreas, as temperaturas médias foram acima da normal climatológica, devido a permanência de massas de ar seco e quente, as quais favoreceram a ocorrência de queimadas e incêndios florestais. Em alguns dias entre os meses de junho a setembro, a umidade relativa do ar apresentou valores abaixo de 20% nos horários com temperaturas mais elevadas, como ocorrido no Distrito Federal, em que a estação meteorológica do INMET no Gama (DF) registrou 8% de umidade relativa do ar no dia 04 de setembro.
A previsão para a Primavera indica alta probabilidade das chuvas ocorrerem de normal a acima da normal em grande parte da Região Centro-Oeste, exceto na metade norte do Goiás, onde as chuvas serão ligeiramente abaixo da média climatológica. As temperaturas serão acima da média, principalmente no sul do Mato Grosso do Sul, norte de Mato Grosso e Distrito Federal.
Região Sudeste
Na Região Sudeste, a ação dos sistemas de alta pressão que atuaram nos meses de inverno sobre grande parte do Brasil, inibiu o avanço de sistemas frontais nesta região e a distribuição espacial das chuvas seguiu as suas características típicas para o período, com baixa ou total ausência de precipitação, com exceção do leste de São Paulo e Rio de Janeiro, onde as chuvas foram entre 20 e 70 mm acima da média. As temperaturas médias foram de normal a ligeiramente acima da média em grande parte da região. Desta forma, foram registrados nos estados de São Paulo e Minas Gerais, alguns poucos episódios de geadas somente no início de julho, com intensidade variando de fraca a moderada.
A previsão para os próximos três meses, indica que devem permanecer áreas com chuvas ligeiramente abaixo da faixa normal nesta estação, exceto no estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde podem ocorrer chuvas mais fortes, principalmente no mês de novembro. De modo geral, o modelo climático do INMET indica que as temperaturas devem permanecer acima da média em grande parte da região no mesmo período.
Região Sul
Durante os meses de inverno, os maiores volumes de chuva estiveram localizados sobre a metade sul do Rio Grande do Sul. Durante os primeiros dias de junho, deu-se o início da temporada de temperaturas mais baixas, entretanto, as temperaturas abaixo de zero só ocorreram nos meses de julho e agosto. Contudo, nestes meses, a atuação das massas de ar frio causaram, além da queda na temperatura, a formação de geadas, com intensidade variando de moderada a forte, em áreas de serra e planalto da Região Sul do país. Destaca-se ainda, que durante a primeira semana de julho e também de agosto, houve registro de neve na região serrana do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
As áreas do oceano Atlântico sobre a costa da Argentina e sul do Brasil, bem como na região de El Niño no Pacífico, estão apresentando temperaturas próximas a média. Sendo assim, o prognóstico da Primavera para Região Sul indica que as chuvas devem obedecer o padrão de normalidade, com a passagem de frentes frias e formação de áreas de instabilidade como os Complexos Convectivos de Mesoescala, devendo permanecer ligeiramente acima da faixa normal nos três estados da região. Já as temperaturas médias devem predominar dentro da normalidade na parte oeste da região e acima da média no restante.
Previsão de anomalias de precipitação e temperatura média do ar do modelo estatístico do Inmet para o trimestre outubro, novembro e dezembro/2019 - Fonte: Inmet
Final de tarde na fazenda Giruá em Formosa (GO) Envio de Julio Schneider.
Final da colheita de trigo no Município de Nova Aurora (PR). Envio de David Clemente.
Trigo região de Mafra (SC). Envio de Laertes José Vieira Neto
Foto em Planalto Alegre (SC). Envio de Max Glovaski
Na colheita do trigo salto do lontra sudoeste do Paraná.
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