Leite: Liberalismo no quintal do vizinho pode? E os mais pobres?

Publicado em 12/02/2019 15:09
João Batista Olivi e Aleksander Horta - Jornalistas
O setor leiteiro vai sobreviver com o fim da tarifa antidumping sobre o produto da UE

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Antidumping do leite: Liberalismo no quintal do vizinho pode? E os mais pobres?

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O Notícias Agrícolas, na figura do jornalista João Batista Olivi, parou para discutir a respeito da questão que gerou polêmica nos últimos dias, a respeito da derrubada das taxas antidumping do leite advindo da União Europeia e da Nova Zelândia.

Essa medida já foi desmentida pelo presidente Jair Bolsonaro em seu Twitter, que disse que não autorizou nenhuma mudança a ser feita. Contudo, o site deseja entender se essas mudanças, caso venham, serão benéficar ou não.

Para a posição editorial do Notícias Agrícolas, a liberação de mercado é uma maneira de realizar uma renovação do país. Olivi deixa claro que é por este motivo que defendeu a eleição de Bolsonaro.

Ele se preocupa de que alguns comentários realizados no Fala Produtor possam não refletir a opinião real de produtores rurais do setor, já que visualiza que há pessoas se escondendo na "fictícia posição de produtor rural".

Para ele, um leite mais barato entrando no Brasil irá beneficiar as pessoas que irão consumir leite - e, em uma lógica liberalista, é isso que deve ser privilegiado, segundo a opinião do jornalista.

Olivi também demonstra outra preocupação: de que os produtores rurais acabem sendo instrumentos de instabilidade do Governo de Bolsonaro.

Ordem de Bolsonaro para atender produtores de leite gera dúvida (em O Antagonista)

A decisão de Jair Bolsonaro de atender produtores de leite insatisfeitos com a revogação da taxa antidumping, cobrada sobre a importação de leite em pó, deixou dúvida sobre a forma a ser usada pelo governo para retomar a proteção do setor no Brasil.

A taxa era cobrada desde 2001 e se somava à alíquota de importação de 28% sobre o produto. No caso do leite em pó da Nova Zelândia, o adicional era de 3,9%; para a União Europeia, a taxa alcançava 14,8%.

A recriação da taxa exigiria nova comprovação de que os exportadores subsidiam seus produtos, um processo longo e incerto. Por isso, o Ministério da Agricultura propôs o aumento da alíquota do imposto de importação, dos atuais 28% para 42%, de modo a compensar o fim da taxa.

Com a determinação de Bolsonaro de atender os produtores locais, a pasta ainda não sabe como e em que medida o Ministério da Economia vai tributar o produto que vem de fora, se com a recriação da taxa ou aumento da alíquota de importação e com quais percentuais em cada caso.

A equipe de Paulo Guedes ainda estuda uma solução.

Quem paga a conta do leite é você

Em seu Twitter, Jair Bolsonaro postou um comunicado aos produtores de leite, com a foto de sua ministra da Agricultura, a ruralista Tereza Cristina.

Segundo o presidente, o governo “manteve o nível de competitividade” do leite com outros países. “Todos ganharam, em especial os consumidores do Brasil.”

O que aconteceu é que o setor chorou e o governo deve retomar a taxa sobre o leite em pó importado. Quem pagará pelo leite mais caro é justamente você, consumidor.

Reduzir os impostos sobre a produção de leite dá muito trabalho.

O problema não é só leite, mas aço, calçados etc. (O Antagonista)

O Antagonista apurou que o Ministério da Economia apresentará até quinta-feira uma “medida compensatória transitória” em relação ao fim da tarifa antidumping para o leite em pó.

“Será uma medida com impacto positivo para os produtores”, garante uma fonte de equipe econômica.

Antes de mais nada, é bom lembrar que medidas antidumping não têm nada a ver com decisão de abertura comercial. Podem ser adotadas mesmo pelas economias mais abertas do mundo.

O que foi publicado em 6 de fevereiro de 2019 é o resultado de uma revisão de medida antidumping imposta à UE e à Nova Zelândia desde 2003.

Trata-se de um processo automático que começou 12 meses antes, em 6 de fevereiro de 2018, e foi concluído em setembro – antes mesmo das eleições. Uma nota técnica foi distribuída entre as partes, entre elas a CNA.

O impacto econômico da queda dessas tarifas é irrisório no contexto global das trocas comerciais do Brasil.

Considerando o atual nível de desemprego, o governo avaliou que maior seria o dano aos mais de 1 milhão de produtores de leite do país.

Há várias medidas antidumping cujos prazos estão para vencer, além dessa do leite em pó, e o tratamento será o mesmo.

O tratamento que Paulo Guedes quer dar a esses temas é simples. Primeiro, é preciso “resolver o problema estrutural”, no caso, aprovar uma reforma tributária que torne o produto nacional competitivo.

O ministro tem repetido o mantra de uma abertura econômica “ampla e gradual”, ao longo dos quatro anos, criando isonomia competitiva para não matar a indústria.

É um tema complexo, claro, que não se explica num tuíte mal-educado.

Nova tarifa para importação de leite garante competitividade com outros países, afirma FPA

O presidente eleito da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), afirmou durante reunião do colegiado que a tarifa de importação do leite da União Europeia será atualizada para 42,8% até quinta-feira (14). Moreira informou que a medida foi discutida com os ministérios da Economia e da Agricultura para compensar o fim do direito antidumping do Brasil, vencido no último dia 6.

“O aumento vai considerar a antiga taxa antidumping de 14,8% mais os 28% da atual taxa de importação. A preocupação do produtor é saber que a Europa tem um volume de leite estocado muito grande e apresenta risco iminente de entrar com esse leite no país. Nossa cadeia produtiva não tem volume de escala, possui um custo de produção muito alto”, afirmou.

O presidente da República Jair Bolsonaro anunciou, na tarde desta terça-feira (12), a solução pelo twitter. “Comunico aos produtores de leite que o governo, tendo à frente a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, manteve o nível de competitividade do produto com outros países. Todos ganharam, em especial, os consumidores do Brasil”, publicou.

Cobrada desde 2001, a taxa antidumping sobre o leite em pó importado já era somada à tarifa de importação do produto. A Nova Zelândia, sobretaxada antes em 3,9%, inicialmente ficará fora da tarifação e será monitorada quanto ao volume de importação.

O deputado Celso Maldaner (MDB-SC) manifestou preocupação com o tema. “Não podemos inviabilizar esse setor tão importante, afinal de contas estamos falando de mais de 1,170 milhão de produtores de leite no nosso país. A FPA sai fortalecida deste processo de construção junto ao governo federal, especialmente, à ministra (Agricultura) Tereza Cristina”, disse.

Novos deputados lançam frente parlamentar pelo ‘livre mercado’

Deputados lançam neste momento, na Câmara, uma frente parlamentar pelo “livre mercado”.

O primeiro grande desafio do grupo é aprovar a reforma da Previdência.

O otimismo do mercado com a reforma

Pesquisa do Bank of America Merrill Lynch —  feita entre os dias 1º e 7 de fevereiro, com 28 gestores que têm aproximadamente US$ 86 bilhões em ativos sob administração — indica um recorde de otimismo em relação à aprovação da reforma da Previdência.

“Agora, um recorde de 93% dos investidores afirma que a reforma será aprovada este ano, contra 91% no mês passado e acima da mínima de 53% em junho do ano passado. Além disso, um terço dos entrevistados diz que a que a aprovação deve ocorrer ainda no primeiro semestre, acima da parcela de 22% em dezembro”, detalha o Valor.

O texto-base da reforma está pronto

Rogério Marinho confirmou que o texto-base da reforma previdenciária já está pronto:

“Concluímos o texto-base, após várias consultas. Ele passou por avaliação da Casa Civil, Ministério da Desenvolvimento Social, Agricultura, das várias secretarias que fazem parte do Ministério da Economia. Recebemos contribuição de economistas de todo o país, e observamos o texto que já existe na Câmara Federal.”

Agora só falta a palavra final de Jair Bolsonaro.

O secretário de Paulo Guedes disse ao G1:

“É evidente que existem pontos que serão levados à presença do presidente para que ele possa tomar sua posição, para que ele possa definir de que forma isso chegará à Câmara Federal.”

Ibovespa fecha em alta de 1,86% com cenário externo favorável

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, com papéis de commodities e bancos entre os principais suportes, em meio a um clima mais positivo nos mercados no exterior e apostas de avanço na pauta de reformas do governo, em particular a da Previdência.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,86 por cento, a 96.168,40 pontos. O volume financeiro somou 16,6 bilhões de reais.

A alta ocorre após o Ibovespa recuar quase 1 por cento na véspera, ampliando para 3 por cento a queda nos primeiros dias de fevereiro.

"O mercado rapidamente saiu dos 98.000 para os 94.000, sem grandes notícias, e está recuperando parte das perdas hoje", afirmou Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam Brasil Gestão de Recursos, citando o cenário externo mais favorável entre os suportes.

No exterior, o foco esteve em negociações comerciais entre Washington e Pequim, com declarações relativamente positivas de ambos os lados abrindo espaço para esperanças de que um acordo seja alcançado antes do prazo de 1º de março, a fim de evitar uma elevação das tarifas comerciais.

O presidente Donald Trump afirmou que os EUA têm uma grande equipe na China tentando alcançar um acordo e que Pequim quer muito fechar um pacto. Também não descartou prorrogar um pouco o prazo para fechar um acordo.

O viés benigno foi endossado por acordo preliminar nos Estados Unidos para evitar nova paralisação do governo norte-americano. Embora Trump ainda não tenha decidido sobre mesmo, disse que nova paralisação é improvável. Em Wall Street, o S&P 500 tinha alta de 1,3 por cento.

No Brasil, a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro sair do hospital nesta semana, quiçá já quarta-feira, animou agentes financeiros, uma vez que a definição do texto da reforma da Previdência depende do aval do mesmo.

De acordo com o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, o presidente Jair Bolsonaro poderá ter alta já na quarta-feira, mas ainda depende de avaliação médica.

"O empenho de Bolsonaro em defender a reforma e a condução das negociações com os líderes partidários nos próximos meses serão determinantes para compreender se os bons avanços observados em janeiro se traduzirão em probabilidade relevante de aprovação da reforma necessária nos próximos trimestre", afirmou a gestora Claritas Investimentos em nota a clientes.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN subiu 3,54 por cento, tendo de pano de fundo a forte alta dos preços do petróleo no exterior. Analistas do UBS também elevaram a recomendação das ações para compra e o preço-alvo para 33 reais, de 26 reais anteriormente. A Petrobras também deve exigir em março novos lances para a aquisição de sua rede de gasodutos TAG, disse à Reuters fonte com conhecimento do assunto nesta terça.

- VALE avançou 5,43 por cento, após queda na véspera, em um ambiente ainda volátil para as ações da companhia em razão de incertezas envolvendo os potenciais impactos da tragédia com o rompimento de uma barragem da mineradora em Minas Gerais. Na véspera, reportagem da Reuters mostrou que a maior produtora global de minério de ferro estava ciente no ano passado de que a barragem de rejeitos que entrou em colapso em janeiro tinha risco elevado de ruptura. Em coletiva nesta terça, a diretoria da empresa negou que tivesse conhecimento dos documentos que indicavam que a barragem estava em zona de atenção. Em nota a clientes, a XP afirmou que afirmações feitas na entrevista ajudam a reduzir a percepção de risco em relação aos potenciais litígios futuros.

- BRADESCO PN e ITAÚ UNIBANCO PN subiram 2 e 2,39 por cento, respectivamente, em movimento liderado pelo BANCO DO BRASIL, que saltou 6,16 por cento, antes da divulgação do balanço do quarto trimestre na quinta. SANTANDER BRASIL UNIT subiu 1,51 por cento.

- BB SEGURIDADE recuou 2,13 por cento, após balanço do quarto trimestre, com queda de 10,7 por cento no lucro líquido ajustado em relação ao mesmo período de 2017, além de projeções para 2019, com estimativa de crescimento de 5 a 10 por cento do lucro ajustado.

 
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Por:
Aleksander Horta e João Batista Olivi
Fonte:
Notícias Agrícolas/O Antagonista

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4 comentários

  • vanderlei centenaro casca - RS

    Meu amigo Joao, voce nao sabe o que ta falando. Estao querendo terminar de quebrar com produtor de leite para dar o leite de graca para o consumidor...

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  • jarbas mutinelli de barros Porto Ferreira - SP

    Concordo com o Joao Batista . Temos que pressionar a Frente Parlamentar da Agropecuária a diminuir impostos e regulamentaçoes para baixar os custos agrícolas, tornando nossos produtos mais competitivos. Ao invés disso, estao querendo aumentar impostos sobre o leite importado, prejudicando toda população que pagará o produto mais caro.

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  • leandro soethe Santa Helena - PR

    Meu amigo Joao Batista, Vc tem que decidir aonde Vc quer se posicionar, ta meio confuso, ou me parece que está aninhado com o Sr Paulo Guedes, concordo com Vc que o Consumidor tem que ter um custo acessivel no leite, mas va produzir leite e vender barato, quero ver produzir, penso que não sabe oque está falando, muito bla bla bla. Va produzir leite no campo, acordar todos os dias as 5 horas da manha e retornar para dentro da sua casa as 21 horas, e nao tendo feriado nem final de semana. essa Vc foi muito mal.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Respire fundo, tome coragem e mude de atividade....-Pior, vai ser dificil... Tirei leite durante 17 anos, graças a Deus mudei---Há outras coisas no mundo...

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  • Tiago Gomes Goiânia - GO

    Prezado João Olivi, essa "confusão" criada por essa portaria não foi criada pela esquerda..., definitivamente temos de parar com esse vitimismo de direita que apenas replica o que a dita esquerda fazia quando governava, culpar os outros por suas trapalhadas... A confusão se deu devido à falta de sintonia ainda existente entre os principais atores do governo Bolsonaro, que eu acho que aos poucos será corrigida. Uma qualidade que estou vendo no atual governo é capacidade de voltar atrás em suas decisões. Concordo que deva haver uma abertura comercial que traga ao país competitividade, no entanto isso não pode ser feito a toque de caixa, pegando um setor que está esfacelado e a duras penas se sustenta, é em sua maioria composto por pequenos produtores rurais e ainda concorrer com leite de países que a produção é subsidiada. Realmente não há cabimento nisso. Pela minha visão as pessoas que comentaram contra essa medida no fala produtor não são pessoas infiltradas, são pessoas que já comentam há muito tempo e contribuem para o canal de comunicação, algumas delas até apoiam o atual governo.

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