Ibovespa fecha em queda contaminado por Wall St e petróleo; Dow Jones cai 1,99%
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou em queda nesta quinta-feira, sucumbindo ao viés negativo dos pregões em Wall Street, com as ações da Petrobras <PETR4.SA> entre as maiores pressões diante do forte declínio dos preços do petróleo no exterior.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa <.BVSP> caiu 0,47 por cento, a 85.269,29 pontos, conforme dados preliminares, após subir 1,06 por cento na máxima, no começo da sessão.
O volume financeiro somou 16,247 bilhões de reais.
Em Nova York, o S&P 500 <.SPX> perdia mais de 1 por cento, ainda reflexo da frustração no mercado com a decisão do Federal Reserve na véspera de seguir com o plano de alta adicional dos juros nos próximos dois anos, além de balanços.
"Os ajustes no comunicado (do Fed)... não foram suficientes para o mercado", destacou o analista Jasper Lawler, do London Capital Group, em nota a clientes, ressaltando que agentes no mercados aguardavam uma sinalização "muito mais dovish".
Na véspera, o banco central norte-americano elevou o juro para a faixa de 2,25 a 2,5 por cento, mas reduziu o número de altas esperadas para 2019 e estimou desaceleração da economia norte-americana, embora ainda a considere saudável.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN <PETR4.SA> caiu 3,42 por cento, maior peso negativo no Ibovespa, conforme os preços do petróleo recuaram cerca de 5 por cento no mercado externo, em meio a preocupações sobre excesso de oferta e demanda de energia. PETROBRAS ON <PETR3.SA> cedeu 2,42 por cento.
- USIMINAS PNA <USIM5.SA> e GERDAU PN <GGBR4.SA> recuaram 4,64 e 3,96 por cento, respectivamente, com papéis de siderúrgicas também na ponta negativa do Ibovespa, enquanto receios sobre o ritmo do crescimento global abrem espaço para vendas no setor. CSN <CSNA3.SA> caiu 3,35 por cento.
- CIELO <CIEL3.SA> fechou em baixa de 4,54 por cento, anulando a recuperação no mês, conforme permanecem as preocupações sobre o efeito do aumento da competição e de novos entrantes nos resultados da maior empresa de meios de pagamentos do país. Em 2018, os papéis acumulam perda de 57,4 por cento.
- ITAÚ UNIBANCO PN <ITUB4.SA> fechou com variação negativa de 0,03 por cento e BRADESCO PN <BBDC4.SA> valorizou-se 0,53 por cento, abandonando o tom mais positivo dado o recuo nas bolsas em Nova York.
- VALE <VALE3.SA> cedeu 0,4 por cento, também revertendo os ganhos do começo da sessão, conforme o cenário externo negativo prevaleceu.
- CEMIG PN <CMIG4.SA> fechou em alta de 3,92 por cento, tendo alcançado máxima intradia desde agosto de 2014 no melhor momento da sessão, a 13,87 reais. No ano, o ganho alcança 109,3 por cento, com os papéis apoiados principalmente em expectativa de privatização da elétrica pelo novo governo de Minas Gerais.
- B2W <BTOW3.SA> subiu 3,12 por cento, um dia após a varejista realizar encontro com analistas. Betina Roxo, analista da XP Investimentos, reiterou recomendação de compra após o evento, com preço-alvo de 43 reais. No setor, VIA VAREJO <VVAR3.SA> cedeu 1,72 por cento e MAGAZINE LUIZA <MGLU3.SA> subiu 0,53 por cento.
Wall Street fecha em queda com planos do Fed
NOVA YORK (Reuters) - Os mercados acionários dos Estados Unidos recuaram nesta quinta-feira, com o Nasdaq a um passo de confirmar a entrada em território baixista, com planos do Federal Reserve de continuar a redução de seu balanço e ameaças de uma paralisação parcial do governo dos EUA alimentando a ansiedade de investidores.
O índice Dow Jones caiu 1,99 por cento, para 22.859 pontos, o S&P 500 perdeu 1,58 por cento, para 2.467 pontos e o Nasdaq recuou 1,63 por cento, a 6.528 pontos.
Na mínima da sessão, o Nasdaq despencou 2,85 por cento, levando o índice mais de 20 por cento abaixo de sua máxima de fechamento, no dia 29 de agosto. O índice, em conjunto com o Dow e o S&P 500, reduziu as perdas antes do fim da sessão.
O Nasdaq fechou 19,5 por cento abaixo de sua máxima de fechamento, próximo de confirmar uma correção.
A ação do Fed na véspera de se ater aos planos de mais altas de juros nos próximos dois anos e manter a redução de seu balanço em "piloto automático" assustou investidores já preocupados com a desaceleração do crescimento econômico.
"Isso é basicamente uma continuação das vendas de ontem", disse Michael O'Rourke, estrategista-chefe de mercado na JonesTrading. "O mercado está chateado com todo o aspecto da normalização do balanço do Fed."
A possibilidade de paralisação parcial do governo dos EUA na sexta-feira ampliou o pessimismo. O presidente Donald Trump disse a líderes republicanos do Congresso que não vai assinar a lei de financiamento do governo porque o texto não inclui recursos suficientes para segurança da fronteira.
"Para 2019, eu suspeito que haverá um antagonismo entre a Câmara e a Casa Branca", disse Brian Battle, diretor de negociação na Performance Trust Capital Partners. "Isso é só uma paralisação parcial, mas se (Trump) ficar obstinado, isso não é um bom sinal para o próximo ano."
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