Milho: Preços recuam em setembro com queda de braços entre compradores e vendedores

Publicado em 26/09/2018 11:39

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Diante da queda de braços entre compradores e vendedores, os preços do milho praticados no mercado interno brasileiro voltaram a ceder em setembro. Conforme levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, em Cascavel (PR), a saca do cereal recuou 7,69%, no acumulado do mês, entre os dias 3 a 25, passando de R$ 32,50, para R$ 30,00, valor no balcão das cooperativas.

Na região de Sorriso (MT), o recuo foi de 4,17%, no mesmo período, e a saca negociada a R$ 23,00. Já em Rio Verde (GO), a perda foi de 6,25%, com a saca a R$ 30,00, em São Gabriel do Oeste (MS), o valor gira em torno de R$ 29,00, com desvalorização de 6,45%. Em Campinas (SP), a queda foi de 6,36% e a saca é cotada a R$ 39,89.

Segundo o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, os produtores seguem com o milho armazenado e, por outro lado, as indústrias apostam em uma maior disponibilidade do produto no mercado interno devido ao ritmo mais lento dos embarques até esse momento. "O resultado desse cenário é a lentidão nos negócios que tem se arrastado", afirma.

Paralelamente, a Scot Consultoria ainda reforça que a finalização da colheita da segunda safra também ajuda a pressionar as cotações. Nesta temporada, os produtores brasileiros colheram cerca de 54,5 milhões de toneladas de milho, uma queda de 19% em relação ao volume colhido no ano anterior, de 67,3 milhões de toneladas, de acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Enquanto isso, as exportações brasileiras de milho começam aos poucos a ganhar ritmo. Diante dos fortes embarques de soja no país, em consequência da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a perspectiva é que haja um deslocamento da janela de exportação de milho, na visão do analista de grãos da Rabobank, Victor Ikeda.

"Apesar de termos uma quebra na safrinha, de certa forma, os preços têm acompanhado a paridade de exportação. E apesar de volumes ainda menores do que os observados no ano passado, podemos terminar esse trimestre com uma quantia robusta embarcada, chegando a 27 milhões de toneladas de milho", completa o especialista.

No acumulado até a terceira semana do mês de setembro, o Brasil exportou 2,6 milhões de toneladas de milho. Em setembro de 2017, os produtores exportaram mais de 5,9 milhões de toneladas, conforme reporte da Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

Exportações de milho no mês de setembro

Já na temporada, o volume total exportado está em 6,25 milhões de toneladas. A expectativa é que sejam embarcadas 25,5 milhões de toneladas neste ciclo, contra o recorde registrado em 2017, de 30,84 milhões de toneladas exportadas.

"Para atingir a estimativa de 25,50 milhões de toneladas a exportação deverá ser em média, de 3,93 milhões de toneladas por mês de setembro a dezembro. Para uma comparação, neste mesmo período de 2017 a média embarcada por mês fora de 4,61 milhões de toneladas do cereal", informou a Scot Consultoria.  

Contudo, a perspectiva ainda é favorável, já que a recente valorização cambial e a boa disponibilidade interna de milho deverão contribuir para os embarques. "As exportações deverão seguir em bons volumes nos próximos meses, mas abaixo dos patamares de 2017", pondera a consultoria.

O analista da Rabobank ainda reforça que a menor demanda doméstica pelo cereal, devido aos problemas enfrentados pelo setor de proteína animal, também pode abrir espaço para as exportações. "Temos também uma quebra na produção de trigo na Europa, e como os dois produtos são substitutos na produção de ração animal, poderemos ter mais espaço para o grão brasileiro no mercado internacional", explica Ikeda.

Com esse quadro, o analista alerta que os preços devem se manter estáveis nesse final de ano e que os agricultores devem estar atentos aos custos de estocagem desse produto. "E definir se deverá carregar ou não esse milho por mais alguns meses, é preciso focar na margem", orienta.

Outro fator que também permanece no radar os participantes do mercado é tabelamento dos fretes. "Há uma perspectiva de que após as eleições presidenciais o tabelamento seja derrubado, cenário que, se confirmado, deverá impulsionar a comercialização da safrinha e também da safra nova. Ainda temos cerca de 20 milhões de toneladas de milho da segunda safra que precisam ser negociadas", completa Brandalizze.

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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