Leite: Alta no preço ao produtor neste ano ultrapassa os 50%
O preço líquido recebido em agosto (referente à captação de julho) atingiu R$ 1,5466/litro na “Média Brasil” (inclui BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS e sem frete e sem impostos), aumento de 4,6% em relação ao mês anterior e de 28,4% em relação a agosto/17. Esta é a sétima alta consecutiva no valor do leite que, desde o início do ano, acumula elevação de expressivos 50,2%. Vale lembrar que, no mesmo período de 2017, o preço médio registrava queda de 4,5%.
A valorização do leite no campo esteve atrelada à maior competitividade entre indústrias, que já está acirrada desde o final da greve dos caminhoneiros, em junho, quando houve desabastecimento de lácteos no mercado. Como estratégia para garantir a captação, muitos laticínios realizaram acordos de curto prazo junto a produtores ainda em junho, os quais sustentaram as altas no campo em agosto.
Outro fator para as altas é a oferta limitada no campo. A produção neste ano foi prejudicada pela saída de produtores da atividade e pelos menores investimentos, reflexo das dificuldades enfrentadas em 2017. Somado a isso, o período de entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil deve permanecer até outubro. A safra de inverno no Sul se iniciou depois do previsto, em função do atraso das chuvas e, mesmo com o aumento da captação das empresas em julho, a expectativa é de que os volumes sejam menores em relação a anos anteriores.
Para setembro, o movimento altista não deve se sustentar, visto que a demanda por lácteos segue fragilizada e não demostra capacidade de absorver novas valorizações dos derivados. De julho para agosto, as cotações do leite spot e do longa-vida (importantes para a formação do preço pago ao produtor) registraram quedas.
De acordo com pesquisas do Cepea, o preço do leite spot negociado entre empresas em Minas Gerais caiu 11,4% no acumulado de agosto, fechando a segunda quinzena do mês na média de R$ 1,62/l. No mesmo período, o indicador diário do leite longa-vida negociado entre empresas e mercado atacadista do estado de São Paulo caiu 7,25%, chegando a R$ 2,71/l em 28 de agosto (último dado disponível).
Assim, a maioria dos colaboradores entrevistados pelo Cepea acredita em queda nos preços recebidos pelos produtores em setembro. Para agentes do setor, o recuo dos valores reflete um novo equilíbrio do mercado, com a normalização dos estoques e com as cotações retornando a patamares condizentes com a demanda. A intensidade da queda, porém, irá depender do volume ofertado em agosto e da capacidade das empresas em competir neste cenário desafiador.
0 comentário
Leite/Cepea: Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
Comissão Nacional de Pecuária de Leite discute mercado futuro
Brasil exporta tecnologia para melhoramento genético de bovinos leiteiros
Preço do leite pago ao produtor para o produto captado em outubro deve ficar mais perto da estabilidade, segundo economista
Pela primeira vez, ferramenta genômica vai reunir três raças de bovinos leiteiros
Setor lácteo prevê 2025 positivo, mas com desafios