Bolsonaro lidera com 22% contra 16% de Marina em cenário sem Lula, diz Datafolha

Publicado em 22/08/2018 04:07
Pesquisa mostra dificuldade de Haddad em herdar voto lulista; Alckmin melhora índices no segundo turno (na FOLHA)

(Reuters) - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, lidera a corrida presidencial com 22 por cento das intenções de voto quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aparece na disputa, seguido por Marina Silva (Rede), com 16 por cento, mostrou pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira.

Na sequência aparecem os candidatos Ciro Gomes (PDT), com 10 por cento, Geraldo Alckmin (PSDB), com 9 por cento, Alvaro Dias (Podemos), com 4 por cento, e Fernando Haddad (PT), também com 4 por cento.

A pesquisa, que tem margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, mostrou ainda que, no cenário sem Lula entre os candidatos, 22 por cento pretendem anular seu voto ou votar em branco, e 6 por cento estão indecisos

No cenário em que Lula aparece como candidato, o ex-presidente lidera com 39 por cento de apoio, seguido por Bolsonaro (19 por cento), Marina (8 por cento), Alckmin (6 por cento), Ciro (5 por cento) e Dias (3 por cento). Nesse quadro, os votos nulos e brancos somam 11 por cento e os indecisos são 3 por cento.

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Lula está preso desde o início de abril cumprindo pena pela condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP) no âmbito da operação Lava Jato, e deve ser impedido de disputar a eleição devido à Lei da Ficha Lima. O ex-presidente alega inocência.

No levantamento anterior do Datafolha feito em junho, quando o quadro de candidatos ainda não estava definido, Lula tinha 30 por cento de apoio no cenário em que era incluído, seguido por Bolsonaro (17 por cento), Marina (10 por cento), Ciro (6 por cento), Alckmin (6 por cento) e Dias (4 por cento).

No quadro sem Lula e com Haddad como candidato do PT, o presidenciável do PSL liderava em junho com 19 por cento, tendo na sequência Marina (15 por cento), Ciro (10 por cento), Alckmin (7 por cento) e Dias (4 por cento).

Desta vez o Datafolha ouviu 8.433 eleitores, entre os dias 20 e 21 de agosto, em 313 municípios do país. O levantamento é o primeiro do instituto após os registros das candidaturas ao Palácio do Planalto.

FOLHA: Bolsonaro lidera em todo o País, com 22%; mas é o mais rejeitado

Preso condenado por corrupção e virtualmente inelegível, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 39% das intenções de voto na primeira pesquisa do Datafolha realizada após os registros das 13 candidaturas ao Palácio do Planalto. O Datafolha ouviu 8.433 pessoas em 313 municípios, de 20 a 21 de agosto. A margem de erro do levantamento, uma parceria da Folha e da TV Globo, é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

No cenário mais provável, já que a condenação em segunda instância enquadra o petista na Lei da Ficha Limpa e deverá provocar sua inabilitação, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) surge à frente da disputa, com 22%.

Na simulação da disputa com Lula, Bolsonaro mantém uma estabilidade no seu eleitorado, com 19% no segundo lugar. Aparecem embolados no terceiro posto Marina Silva (Rede, com 8%), GeraldoAlckmin (PSDB, 6%) e Ciro Gomes (PDT, 5%).

Sem Lula, Marina e Ciro dobram suas intenções de voto, ficando atrás de Bolsonaro com 16% e 10%, respectivamente. Alckmin também sobe para 9%, empatando na margem com Ciro.

Com o petista no páreo, brancos e nulos somam 11%, com 3% de indecisos. Sem ele, os índices sobem respectivamente para 22% e 6%.

O nome ungido por Lula para substitui-lo em caso de inabilitação, o de seu candidato a vice Fernando Haddad (PT), não tem uma largada muito promissora na missão de herdar votos do mentor: tem apenas 4%, empatado com o senador Alvaro Dias (Podemos), no cenário sem o ex-presidente.

A explicação para isso pode estar no fato de que 48% dos ouvidos não votaria num candidato indicado por Lula. Já 31% o fariam, enquanto 18% anotam um "talvez" quando questionados sobre o tema.

Por fim, Haddad tem um potencial: não é conhecido por 27% dos eleitores, contra 59% que já ouviram falar do ex-prefeito paulistano. Em comparação, Lula é conhecido de 99% dos ouvidos, Marina, por 93% e Alckmin, por 88%. Assim, Haddad registra baixa rejeição: 21%.

Essas variáveis estarão na conta petista na hora de elaborar as peças da propaganda eleitoral gratuita, que começa no rádio e na TV no dia 31 —é incerto se a Justiça Eleitoral decidirá o futuro da candidatura de Lula antes disso.

Os 39% que o ex-presidente amealha, ainda que não comparáveis diretamente, são acima do que qualquer outro índice recente por ele atingido e refletem a exposição do registro de sua candidatura após um período mais reservado, com a Copa do Mundo dividindo atenções do público.

Bolsonaro com eleitores fiéis

Bolsonaro demonstra ter um eleitorado estável, embora haja dúvidas acerca de sua capacidade de expansão.

Atinge 15% nas citações espontâneas dos eleitores, contra 12% do levantamento anterior, de junho. Nesse item, Lula dobrou seu índice, de 10% para 20%, provavelmente pela publicidade em torno de seu registro —os outros candidatos patinam entre 1% e 2%.

O maior problema do deputado é ser o candidato mais rejeitado, com 39% de eleitores dizendo que nunca votariam nele. É seguido por Lula (34%) e, num patamar mais abaixo, Alckmin (26%), Marina (25%) e Ciro (23%).

O deputado já é conhecido de 79% dos ouvidos. Aqui, o fato de ter um tempo mínimo de horário gratuito poderá dificultar sua vida para atingir os 21% restantes —como está em campanha nas redes sociais há dois anos, é possível especular que tenha atingido algum limite.

Sua fraqueza, como foi explorado em debate por Marina, é o eleitorado feminino. Entre mulheres, o capitão reformado tem 13% de intenção de voto, contra 30% entre homens, no cenário sem Lula. A candidata da Rede, por sua vez, tem 19% do voto feminino e 13%, do masculino.

No mais, seguem inalterados parâmetros observados em levantamentos anteriores, ainda que incomparáveis estatisticamente por apresentar cenários diferentes.

Alckmin perde eleitores no Sul

Nos cenários sem Lula, Alckmin tem muita dificuldade em um antigo quintal do PSDB, o Sul (6%), onde se destacam Bolsonaro (30%) e Dias (13%).

Marina e Ciro se dão melhor no Nordeste. No campo de batalha com maior colégio eleitoral, o Sudeste, Bolsonaro tem 22%, Marina, 19%, e o ex-governador paulista, 12%. Na capital paulista, Alckmin empata com o deputado.

A pesquisa explicita como o impopular presidente Michel Temer (MDB) tornou-se radioativo. Segundo ela, 87% nunca votariam em alguém apoiado por ele, contra 3% que o fariam —não por acaso, seu candidato, Henrique Meirelles (MDB), fica entre 1% (com Lula) e 2% (sem Lula).

No bloco dos nanicos, o destaque em relação a levantamentos anteriores é João Amoêdo (Novo), que obteve 2% com e sem Lula —neste, empata tecnicamente com o plano B petista, Haddad.

2.o turno mostra Alckmin como o mais votado

No segundo turno, Lula segue à frente de todos os seus adversários. Sem o petista e se conseguir chegar lá, contudo, Alckmin é quem colhe as melhores notícias nesta rodada.

O tucano saiu do empate e derrota Bolsonaro (38% a 32%) e Ciro (37% a 31%), e melhorou um pouco seu placar na derrota para Marina (41% a 32%).

Seu resultado mais vistoso é contra Haddad. Aqui, o tucano bate o petista por 43% a 20%. Haddad também é derrotado por Bolsonaro (38% a 29%).

Ciro, por sua vez, empata na margem com Bolsonaro, que perde de Marina (45% a 33%).

2º TURNO

As simulações para o 2º turno foram feitas em 10 cenários. Jair Bolsonaro só fica à frente de Fernando Haddad (PT). O militar empata com Ciro Gomes e perde para Lula, Marina Silva e Geraldo Alckmin.

Marina Silva vence todos os cenários testados, exceto contra Lula. O ex-presidente vence todos os confrontos testados.

O levantamento não informa o percentual de eleitores que votam em branco/nulo ou que não sabem quem escolher.

  • Lula (PT): 53%
  • Alckmin (PSDB): 29%
  • Lula (PT): 51%
  • Marina Silva (Rede): 29%
  • Lula (PT): 52%
  • Bolsonaro (PSL): 32%
  • Marina (Rede): 45%
  • Bolsonaro (PSL): 34%
  • Alckmin (PSDB): 37%
  • Ciro Gomes (PDT): 31%
  • Alckmin (PSDB): 38%
  • Bolsonaro (PSL): 33%
  • Marina Silva (Rede): 41%
  • Alckmin (PSDB): 33%
  • Ciro Gomes (PDT): 38%
  • Bolsonaro (PSL): 35%
  • Alckmin (PSDB): 43%
  • Haddad (PT): 20%
  • Bolsonaro (PSL): 38%
  • Haddad (PT): 29%

Estratégia do PT alimenta também seu antagonista, Bolsonaro

(por MAURO PAULINO e ALESSANDRO JANONI, do DATAFOLHA)

O saldo dos últimos acontecimentos no cenário eleitoral mexeu com o imaginário da opinião pública. O registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e principalmente sua repercussão, despertam parte importante do eleitorado, que, nos últimos meses, com sua prisão, mostrava-se letárgica.

No entanto, se a estratégia petista parece ter revigorado a esperança de parcela de seus simpatizantes, por outro pode cristalizar a figura de seu antagonista —Jair Bolsonaro (PSL) tem vantagem sobre Marina Silva (Rede) fora da margem de erro, em simulação sem Lula.

A ex-ministra fica isolada na segunda colocação e deixa para trás Ciro Gomes (PDT), que briga com Geraldo Alckmin (PSDB) pelo terceiro lugar.

Haddad (PT), virtual substituto de Lula, fica no pelotão de baixo, com 4%, mesmo percentual obtido por Alvaro Dias (Pode).

O imbróglio gera ruído em uma campanha de “tiro curto”, com pouco espaço para manobras arriscadas, especialmente numa eleição em que o desinteresse é o mais alto desde 1994.

A evolução da intenção de voto espontânea, sem estímulos dos nomes dos candidatos, fornece o diagnóstico claro. Nessa situação, menções ao ex-presidente vinham caindo gradativamente desde a sua prisão em abril.

Agora, com o registro de sua candidatura, as citações cresceram dez pontos percentuais, principalmente nos segmentos que historicamente o apoiam, como os menos escolarizados, de menor renda e moradores do Nordeste.

Mas Bolsonaro também subiu. E com padrão mais intenso do que o observado em oscilações anteriores —três pontos nos últimos dois meses e cinco pontos, se consideradas as pesquisas feitas desde janeiro. De junho até aqui, seu crescimento na espontânea é mais nítido especialmente na Região Sul.

Cruzando-se os dados de intenção de voto por grupos de apoio e rejeição ao ex-presidente, percebe-se a força do candidato do PSL ao personificar o “anti-Lula”.

No estrato que rejeita totalmente o petista, não só como candidato, mas também como cabo eleitoral, Bolsonaro alcança praticamente o dobro das intenções de voto que tem na média do eleitorado (42%). Alckmin, nesse conjunto, fica com até 11%, empatado com Marina.

Com essas mudanças, mesmo mantendo-se recorde em comparação a eleições anteriores, em período equivalente, a vontade de votar em branco ou anular o voto caiu nove pontos percentuais.

Defendem a posição espontaneamente 14% dos brasileiros. Na estimulada, com a apresentação dos nomes e sem Lula, o índice vai a 22%. Em agosto de 2014, esses índices correspondiam a 6% e 7%, respectivamente.

O desafio do PT será, caso se confirme a inelegibilidade de Lula, conseguir comunicar a tempo a candidatura de Fernando Haddad e o quanto ela representa de fato um substituto do ex-presidente.

Haddad chega a ser menos conhecido entre os lulistas fiéis do que entre seus detratores. Quase metade dos que enaltecem o ex-presidente, tanto como candidato quanto como cabo eleitoral, não sabe quem é Haddad, mesmo que só de ouvir falar.

Considerando-se o perfil desse estrato (baixas escolaridade e renda) e o revés eleitoral recente de Haddad em segmento correspondente em São Paulo, a tarefa dos petistas fica ainda mais árdua, pois agrega a preocupação de não alimentar um “anti”, como o fez em sua tentativa de reeleição na capital paulista.

Candidato com 1% nas pesquisas terá 40 segundos por semana no JN (no PODER360)

Lula, que está preso, fica fora da cobertura

O maior grupo de comunicação do país decidiu que dará destaque diário em seus telejornais apenas aos 5 candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de opinião.

Quem tiver 1% de intenção de voto ou acima nas pesquisas das empresas Ibope ou Datafolha –mas não estiver entre os 5 primeiros colocados –terá direito de aparecer uma vez por semana em uma reportagem de 40 segundos no Jornal Nacional, principal telejornal da Globo. Nos outros dias, será ignorado.

Os 5 mais bem colocados nas pesquisas hoje são Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Como Lula está preso, a Globo decidiu não fazer cobertura da campanha do PT.

A emissora fez 1 documento detalhado a respeito das regras que pretende seguir. No texto, é destacado que candidatos sem agenda de campanha não terão cobertura.

Além disso, a TV Globo ressalta que candidatos podem entrar ou sair do grupo de cobertura, dependendo de mudanças nos resultados das últimas pesquisas. A emissora não vai consider a margem de erro para a aplicação desses critérios.

Leia a íntegra do documento aqui.

ENTREVISTAS

O Grupo Globo já fez o sorteio das datas em que vai entrevistar cada 1 dos principais candidatos a presidente em seus telejornais.

Haverá entrevistas de 25 minutos para cada candidato no Jornal Nacional (TV Globo) e de 30 minutos no Jornal das 10 (Globonews). As datas são as seguintes:

  • 27.ago.2018 (2ª feira) – Ciro Gomes (PDT);
  • 28.ago.2018 (3ª feira) – Jair Bolsonaro (PSL);
  • 29.ago.2018 (4ª feira) – Geraldo Alckmin (PSDB);
  • 30.ago.2018 (5ª feira) – Marina Silva (Rede).

No Jornal da Globo, telejornal de fim de noite da TV Globo, as entrevistas terão 25 minutos e serão realizadas de 17 de setembro a 21 de setembro de 2018.

INICIOU NESTA 2ª

A emissora iniciou nesta 2ª feira (20.ago.2018) a cobertura diária da agenda dos candidatos ao Planalto registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As reportagens foram todas em tom neutro ou com viés positivo. Cada candidato contou com 49 segundos e ao todo foram 2min e 27 segundos dedicados a agenda dos candidatos.

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Fonte:
Reuters/Folha de S. Paulo/Poder

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