Bunge tem prejuízo não esperado por perdas em hedge de soja; CEO vê recuperação
A companhia global do agronegócio Bunge reportou um surpreendente prejuízo trimestral nesta quarta-feira, com sua unidade de agronegócios sofrendo perdas de 125 milhões de dólares em razão de hedges de soja relacionados à disputa comercial entre os Estados Unidos e a China.
O resultado representou um contraste absoluto com suas concorrentes de commodities agrícolas, Archer Daniels Midland e Cargill, que registraram fortes lucros trimestrais.
A Bunge culpou em grande parte a aposta de que os preços da soja subiriam com a redução das tensões entre os EUA e a China durante o período. No entanto, a guerra comercial aumentou e a cotação da oleaginosa caiu drasticamente.
A Bunge também reportou um abalo de 24 milhões de dólares no trimestre por um hedge cambial no Brasil, o maior exportador de soja do mundo, mas disse que espera recuperar as perdas no segundo semestre deste ano.
A perda foi particularmente surpreendente porque esperava-se que os grandes comerciantes internacionais de grãos se beneficiassem da volatilidade do mercado e das mudanças nos fluxos globais de grãos, resultantes do aprofundamento da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
"Não era o que você esperaria, dado que este é um trimestre de pico (de safra) na América do Sul", disse o CEO da Bunge, Soren Schroder, acrescentando que mudanças em políticas comerciais e custos de frete no Brasil são os maiores riscos para a retomada no segundo semestre.
A perda da Bunge foi parcialmente compensada, já que o segmento de agronegócios da Bunge vendeu 3,4 por cento mais grãos e outras commodities no segundo trimestre encerrado em 30 de junho, e o lucro bruto da unidade mais que dobrou, para 354 milhões de dólares.
A Bunge, que foi alvo de uma tentativa fracassada de aquisição pela rival ADM, disse que o prejuízo líquido para os acionistas foi de 21 milhões de dólares, ou 15 centavos por ação, no trimestre, ante lucro de 72 milhões de dólares, ou 51 centavos por ação, um ano antes.
As vendas líquidas da empresa subiram para 12,15 bilhões de dólares, ante 11,65 bilhões.
CONFIANÇA
Segundo o CEO da multinacional, há uma grande confiança na recuperação dos lucros da Bunge com oleaginosas no segundo semestre de 2018.
Schroder disse ainda que perder com apostas em soja foi um risco do negócio para otimizar lucros futuros.
Ele observou também que a China está evitando soja dos EUA, por conta da tarifa, ao mesmo tempo em que importa outros tipos de proteína para a composição da ração, enquanto aguarda a próxima colheita da América do Sul.
(Por Anirban Paul)
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