Peru e Colômbia espelham-se no Brasil para implantar certificação de sustentabilidade na cotonicultura

Publicado em 01/03/2018 11:50
Programa ABR, da Abrapa, que opera em benchmarking com a BCI será referência para o modelo que tem como prioridade o desenvolvimento da cotonicultura para pequenos e médios produtores.

Quinto maior produtor de algodão do mundo e o primeiro lugar em fornecimento de fibra sustentável, licenciada pela Better Cotton Initiative (BCI), o Brasil, representado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), é referência para a implementação de ações de desenvolvimento da cotonicultura sustentável na Colômbia e no Peru. Desde terça-feira (27), a Abrapa participa de uma série de reuniões nesses países, para detalhar o modelo de governança da entidade e o programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que opera embenchmarking com a ONG suíça BCI. A meta é implantar nesses países a certificação de algodão sustentável como mecanismo promotor de mercado e desenvolvimento.

Na agenda, reuniões em Bogotá e Lima, com técnicos da FAO, representantes dos governos colombiano e peruano, produtores e líderes para enfocar os conceitos de certificação e analisar as políticas e ações que já estão em andamento.  Também foram visitadas lavouras em Córdoba (Colômbia) e Piura (Peru) para averiguar os sistemas produtivos e o potencial de certificação.

As reuniões fazem parte das ações instituídas pelo Projeto Mais Algodão, resultante do acordo de cooperação para o fortalecimento da cotonicultura nos países do Mercosul, Haiti e África subsaariana, firmado em 2012. Essa parceria envolveu, além dos demais países signatários do bloco, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil /Agência de Brasileira de Cooperação (MRE/ABC), o Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e o Escritório da FAO para a América Latina e Caribe.

Requisito mínimo

Com o Projeto Mais Algodão, os governos envolvidos esperam que, em uma década, a produção sustentável certificada seja um requisito mínimo para as transações comerciais, mais pelo efeito de conscientização do produtor do que como uma estratégia de diferenciação mercadológica, segundo explica o representante da Abrapa, Marcio Portocarrero, diretor executivo da entidade.

“O governo do Peru propõe, para 2018, a implementação de uma política nacional para a produção sustentável certificada, através do Programa de Desenvolvimento de Pequenos e Médios Produtores. Adicionalmente, o governo da Colômbia intensificou esforços para melhorar a competitividade do setor algodoeiro nacional”, afirma Portocarrero.  Há um ano, esses países se reuniram na Colômbia para discutir as estratégias.

Mais produtivos

Ainda de acordo com Marcio Portocarrero, a adoção de critérios rígidos para a sustentabilidade ambiental, social e econômica das fazendas produtoras de algodão brasileiras certificadas tem resultado em melhoria geral dos procedimentos, e, consequentemente, em incremento de produtividade. “Os produtores certificados foram, em média, 17% mais produtivos e conquistaram ganhos na comercialização de seu algodão de até 10%”, exemplifica.

O programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) derivou de uma iniciativa desenvolvida pela Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), em 2005, e foi replicado nacionalmente pela Abrapa a partir de 2009. Em 2013, teve início o benchmarking entre o ABR e a BCI. Só na safra 2016/2017, 76% da pluma produzida no Brasil e 74% da área plantada foram certificados.

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Fonte:
Abrapa

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