Café: Ano cafeeiro de 2016/17 foi o terceiro ano consecutivo de produção abaixo do consumo mundial
Em seu relatório de setembro de 2017 sobre o mercado de café, a OIC - Organização Internacional do Café informou que o ano cafeeiro de 2016/17 chegou ao fim com produção global estimada em 153,9 milhões de sacas, crescendo 1,5% em relação a 2015/16. O consumo mundial foi calculado em 155,1 milhões de sacas, com um déficit global de 1,2 milhão de sacas. Foi o terceiro ano consecutivo de produção abaixo do consumo mundial. Em nossa opinião, reflexos de seguidos problemas climáticos nos países produtores e consumo mundial em crescimento contínuo. Chama a atenção que para chegar a esses números a OIC estimou a produção de café brasileira 2016/17 em 55 milhões de sacas.
O consumo de café na China, cujo mercado é estimado atualmente em mais de US$ 1 bilhão ao ano, passou de 1,1 milhão de sacas em 2011/2012 para 3,2 milhões de sacas em 2016/2017 praticamente triplicando nos últimos seis anos. A demanda por café nesse país está crescendo cerca de 16% ao ano. Esse aumento expressivo do consumo de café na China é atribuído a mudanças nos hábitos de consumo da população, em função da urbanização, aumento da classe média e melhora no poder aquisitivo. O consumo mundial de café vem crescendo aproximadamente 2% ao ano nos últimos dez anos (fonte: UFLA - Relatório Internacional de Tendências do Café – setembro 2017)
O relatório da UFLA também destacou que o consumo de café no Reino Unido deverá ultrapassar o de chá preto até 2021. Tradicionalmente, o Reino Unido é um grande consumidor de chá, mas seu consumo diminuiu de 1,9kg por habitante em 2002 para 1,4kg em 2016, em contraponto com o aumento expressivo das vendas de café. Nesse caso, a mudança de hábito de consumo é atribuída principalmente aos jovens, que utilizam os espaços das cafeterias como ponto de encontro e socialização, comportamento considerado moderno e contemporâneo.
O consumo brasileiro de café, o segundo maior do mundo, vem crescendo ano após ano e continua crescendo mesmo com Brasil enfrentando uma das maiores crises econômicas de sua história.
O cenário positivo para o consumo de café em todo o mundo, ao mesmo tempo em que os países produtores enfrentam sucessivos problemas com as mudanças climáticas, não são motivos suficientes para que o mercado mundial remunere com justiça os cafeicultores, responsáveis primeiros por esse enorme e rentável negócio. As cotações do café na ICE em Nova Iorque continuam pressionadas por interesses de curto prazo de fundos e especuladores.
No mercado físico brasileiro os produtores vendem sempre o mínimo necessário para cumprir seus compromissos mais próximos enquanto aguardam preços que reflitam o aumento de custos e a produção menor. Sem preços melhores, não têm estimulo e muito menos recursos para investirem em seus cafezais e na qualidade cada vez mais solicitada pelos compradores. É uma ironia, os preços são comprimidos enquanto os consumidores exigem cada vez mais qualidade e certificados com o 4C, RFA, UTZ e “Fair Trade”.
Até dia 26, os embarques de outubro estavam em 1.647.898 sacas de café arábica, 11.319 sacas de café conilon, mais 138.074 sacas de café solúvel, totalizando 1.797.291 sacas embarcadas, contra 1.592.421 sacas no mesmo dia de setembro. Até o mesmo dia 26, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 2.425.655 sacas, contra 2.181.278 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 20, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 27, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 135 pontos ou US$ 1,79 (R$ 5,82) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 20 a R$ 528,02 por saca, e hoje dia 27, a R$ 544,94 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 205 pontos.
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