Café: Depois das chuvas, as floradas abriram... com o espetáculo, o mercado caiu
Lá já prevíamos (destacamos aqui apenas um trecho, mas vale a pena reler em nosso site o comentário integral no boletim 40, de 6 de outubro): “como boa parte dos cafezais perdeu um considerável volume de folhas com a seca e calor, as flores aparecerão melhor e darão um belo espetáculo para os fotógrafos. Apenas o espetáculo será bonito. Como os cafeeiros estão debilitados e com menos folhas que o normal, parte da florada será perdida”. No final da tarde de terça-feira e no decorrer da quarta-feira, os smartphones de todos que trabalham no setor de café foram inundados por fotos de cafezais em flor das mais variadas regiões brasileiras.
É só ampliar as fotos e verificar que quanto mais bonita estiver, com as flores brancas sobressaindo, menos folhas o cafeeiro tem. Certamente parte da florada será perdida, mas teremos de aguardar até o final de fevereiro para uma estimativa mais realista de nossa safra de café 2018/2019. Os produtores já se conscientizaram que não teremos uma safra recorde.
As fotos impressionaram operadores de mercado fora do Brasil, sempre atrás de lucros em curto prazo e o resultado foi uma baixa de 420 pontos em Nova Iorque na quarta-feira, auge do “bombardeio” de fotos. Ontem, feriado nacional no Brasil, a queda foi de 45 pontos e hoje as cotações voltaram para o campo positivo, com 10 pontos de alta.
Os cafeicultores brasileiros ficaram felizes com a abertura da florada, com o espetáculo, mas não se entusiasmaram, sabem o que os espera nos próximos meses. Nos últimos anos o uso dos smartphones e das redes sociais se tornaram mais uma ferramenta de uso diário para os agricultores e agora eles recebem e trocam informações em seus grupos de whatsapp, no facebook, no instagram, etc, e se informam rapidamente sobre tudo que acontece nas mais diversas regiões produtoras de café do Brasil. Assim, as fotos não impressionaram os produtores e quem esperava que as fotos levassem os produtores a intensificarem suas vendas, já percebeu seu engano. A qualidade dos programas de tradução de texto avança com bastante rapidez e não demorará muito para que as trocas de informações se internacionalizem.
Abrir uma florada nos cafezais depois das primeiras chuvas da primavera é natural e não uma surpresa. A surpresa da semana, a notícia surpreendente para os negócios de café, foi a divulgação pelo CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, das exportações brasileiras de café em setembro último. Elas caíram em relação a agosto! O natural é ao contrário. O ano-safra brasileiro começa em primeiro de julho e todos os anos os volumes de café exportados pelo Brasil vão crescendo mês a mês a partir de julho e normalmente atingem os maiores números em novembro e dezembro.
O que preocupa mais é que os embarques dos primeiros meses de nossos “anos-safra” contêm os lotes recebidos das vendas físicas para entrega futura. Essas entregas praticamente já terminaram e poderão ainda contribuir com os embarques de outubro. Daí para frente nossos embarques dependerão apenas do dia a dia do mercado físico.
Em termos de ano civil (janeiro a dezembro), este ano dificilmente alcançaremos 30 milhões de sacas embarcadas. Para chegarmos a 30 milhões teremos de embarcar em média 3 milhões de sacas por mês nos últimos três meses do ano, o que não será fácil.
Esta semana, com a queda de 420 pontos em Nova Iorque na quarta-feira e o feriado nacional ontem, quinta-feira, o mercado físico brasileiro de café permaneceu paralisado, praticamente sem negócios.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de setembro foram embarcadas 2 299 066 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 25 % (768 429 sacas) menos que no mesmo mês de 2016 e 12 % (297 549 sacas) menos que no último mês de agosto. Foram 2 021 189 sacas de café arábica e 22 299 sacas de café conilon, totalizando 2 043 488 sacas de café verde, que somadas a 254 209 sacas de solúvel e 1 369 sacas de torrado, totalizaram 2 299 066 sacas de café embarcadas.
Até dia 6, os embarques de setembro estavam em 324.754 sacas de café arábica, 2.440 sacas de café conilon, mais 27.124 sacas de café solúvel, totalizando 354.318 sacas embarcadas, contra 306.879 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 6, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 682.633 sacas, contra 502.880 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 6, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 13, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 355 pontos ou US$ 4,70 (R$ 14,82) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 6 a R$ 543,06 por saca, e hoje dia 13, a R$ 527,40 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 10 pontos.
Novas imagens enviadas por produtoras mostram floradas por todo o cinturão produtivo do Brasil
Com as chuvas recentes, floradas já podem ser vistas em praticamente todas as principais regiões produtoras de café do Brasil. No início da semana, as flores ainda não estavam generalizadas. Mas, agora, fotos enviadas pelos produtores ao Notícias Agrícolas e postadas em redes sociais, mostram um panorama mais geral da condição no país. Ainda assim, segundo agrônomos, uma produção excepcional segue descartada.
"A florada está muito bonita e perfumada por sinal. Já abriu totalmente. Pelo que observei, nas lavouras mais velhas a desfolha já comprometeu o pegamento da florada. Em algumas que já produziram bem neste ano, não vão produzir em 2018a. No caso das lavouras descansadas, e mesmo com desfolha, essas sim terão um pegamento dos chumbinhos", afirma o cafeicultor de São Pedro da União (MG), Fernando Barbosa.
A florada do café arábica, como costuma acontecer, é seguida pelas chuvas que foram registradas em boa parte do cinturão produtivo brasileiro nos últimos dias, com importantes acumulados no Sul de Minas Gerais, maior região de produção do Brasil. A primeira florada da safra 2018/19 do grão havia sido registrada nos primeiros dias de setembro, no entanto, as dúvidas quanto ao pegamento eram enormes. Mesmo com a principal florada agora, as dúvidas são grandes com a produção em 2018.
Analistas internacionais chegaram a apontar no início do ano que a próxima safra do Brasil poderia chegar a 60 milhões de sacas de 60 kg entre arábica e conilon, um recorde, mas agora poucos acreditam nisso. "Como os cafeeiros estão debilitados e com menos folhas que o normal, parte da florada será perdida. Os agrônomos alertam que a possibilidade de uma safra excepcional, recorde, está afastada", disse o Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP). Uma das principais corretoras de café do país.
Leia mais:
» Café: Abre principal florada da safra 2018/19 do Brasil, mas produção excepcional está descartada
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