Café descola de outras commodities e segue estável, por Rodrigo Costa
Os títulos de dívidas das principais economias têm caído gerando um retorno melhor aos investidores e pesando no mercado acionário, que tradicionalmente responde negativamente à juros mais altos e positivamente à juros mais baixos.
As bolsas americanas caminhavam para uma semana negativa mas recuperaram na sexta-feira após a criação de postos de trabalhos nos Estados Unidos em junho ter sido acima da expectativa.
Os principais índices de commodities cederam empurrados pela queda dos metais preciosos e das matérias-primas energéticas, ainda que os grãos e o açúcar tenham subido nas últimas quatro sessões – terça-feira as bolsas não abriram.
O café arábica descolou um pouco da pressão generalizada das commodities conseguindo inclusive ficar de lado apesar dos movimentos agudos do petróleo, que por exemplo escorregou 3% em apenas uma sessão.
O robusta por outro lado cedeu mesmo após o apetite de um recebedor estar se mostrando suficientemente alto para confirmar a troca de mãos de uma boa parcela dos cafés certificados. As perdas, entretanto, não foram suficientes para alargar a arbitragem a níveis “normais”, motivo que não afetou a performance do “C”.
A movimentação do mercado físico nas origens pouco se alterou, com algum fluxo levemente melhor no Brasil, mas a diferenciais ainda distantes do interesse de compra dos compradores internacionais. Entre as qualidades mais finas a oferta é enxuta e a disponibilidade no spot destes cafés não é abundante.
Sazonalmente os próximos dois meses devem manter a sensação dos operadores que precisam vender café de que a demanda está fraca. Por falar nisso o desaparecimento parece estar de fato de lado, um pouco em função do período e com também por alguma “otimização” do consumo – via monodose.
A atitude dos produtores de café brasileiros em dosar suas ofertas e usar instrumentos de comercialização que retiram a necessidade imediata de negociar seus cafés deve contribuir para vermos outros dois meses de exportações abaixo das médias dos últimos anos, em um momento em que os países da América Central e Colômbia também embarcam menos café.
No Vietnã a percepção do mercado é de que os produtores têm pouco café a ser vendido da safra atual, e o problema de qualidade foi confirmado, motivo que o recebedor em Londres deve estar vendo como uma oportunidade para apostar em uma valorização dos cafés daquela bolsa.
O consenso de que o atual ciclo produtivo será deficitário tem sido compartilhado por participantes importantes no mercado de café, e o fortalecimento do Real brasileiro frente à possibilidade de uma nova troca de presidente deve afugentar uma pressão de venda nos terminais.
Como os fundos que vinham vendendo perderam o motivo para continuar a pressionar as cotações e pouco liquidaram de suas posições short eu creio que Nova Iorque deve romper os US$ 130.00 centavos e com uma cobertura dos especuladores buscar os patamares de US$ 140.00 centavos nas próximas duas semanas.
A sustentação dos ganhos dependerá do volume de vendas que virá do Brasil, país que então estará no pico de sua disponibilidade.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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