Soja: Mercado em alta; Preocupação com clima/trigo e relatórios importantes nesta sexta
Os contratos futuros de soja trabalham com ligeira alta nesta sexta-feira (30/06). O vencimento novembro/17, driver absoluto do mercado com quase 400 mil contratos em aberto, trabalha com 4 centavos de alta e está valendo US$ 928,75 cents/bushel, enquanto escrevo este relatório.
Até agora, esta última semana de junho tem sido de moderada recuperação de preços. No começo desta semana, observamos que depois de perder 50 centavos (de US$ 958 até US$ 907) , o contrato de novembro/17 estava “devendo” uma correção técnica até US$ 926,50, que é uma simples correção Fibonacci.
Nesta quinta, as notícias sobre falta de chuvas nas Dakotas, fazendo o trigo cotados nas bolsas “Minneapollis”, e “Kansas” atingirem quase limite de alta. O contrato driver de trigo Primavera em Minneapolis (set/17) fechou em US$ 739 cents/bushel nesta quinta, e já está valendo US$ 750 nesta madrugada de sexta. No começo do mês estava em US$ 575 cents/bushel. O trigo Kansas set/17 fechou em US$ 499 ontem, agora trabalha a US$ 512. No começo do mês estava em US$ 449. É realmente complicada a situação do trigo nos EUA. E isso acaba influenciando as demais commodities agrícolas, direta ou indiretamente, em menor ou em maior grau.
E não só por causa do trigo, mas também porque as Dakotas possuem áreas com soja e milho que também estão sendo afetadas, embora esses estados não possuam a mesma importância de Ilinnois ou Iowa para essas duas culturas, por exemplo.
A soja nov/17 ontem chegou a estar cotada em US$ 937, no auge da especulação climática, mas acabou recuando diante de realização de lucros, e valorização do dólar. Do lado baixista, um fator que tem trazido um pouco de preocupação para alguns operadores é a noticia de grandes estoques de soja, farelo e óleo de soja nas regiões costeiras da China (portos e adjacências), o que pressiona as cotações locais para os menores níveis do ano, e também derruba a margem de esmagamento nas industrias chinesas. Os estoques de soja, farelo e óleo nos portos chineses estavam em níveis muito menores no começo do ano, e incentivaram o grande aumento de importações nesse primeiro semestre. No entanto, com os estoques muito elevados, talvez haja uma redução das compras no curto prazo. É bom lembrar que as importações chinesas nos primeiros 5 meses de 2017 foram muito fortes. Os dados fechados de janeiro a maio/17 indicam aumento de 20% em relação ao ano passado. É muita coisa, mesmo para os insaciáveis chineses. E o line-up de junho e julho para a China indica que esse ritmo não diminuiu muito. Então não será surpresa se os chineses “tirarem um pouco o pé” em agosto e setembro, para baixar um pouco os altos estoques.
Mas isso é na teoria. Na prática, se hoje o USDA trouxer, em seu relatório final de área plantada (relatório acreage), um aumento não muito agressivo de área de soja nos EUA e alguma redução dos estoques (relatório estoques trimestrais), os chineses correrão para as compras para “se garantir”, mesmo com estoques elevados em suas regiões costeiras.
A sexta feira pode ser de grande volatilidade. Além do clima sensível para centro-norte do país, cujos mapas mudam a toda hora, também haverá esses dois relatórios (acreage e estoques) que podem ter forte impacto no mercado (tanto pra cima, como para baixo). Vale lembrar que os fundos ainda estão bem vendidos em soja, e eles liquidam posições rapidamente se perceberem que o mercado virou contra eles, ao contrário dos hedgers (industrias e produtores) que costumam segurar mais suas posições, mesmo com flutuações de mercado.
Graficamente, ainda estamos dentro do canal de baixa de tendência geral, e só saímos dela se o nov/17 romper os US$ 940 (linha azul no gráfico).
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