Café: Bolsa de NY não pode mais ser usada como referência para o mercado físico
Em nossa opinião essa oscilação, na semana em que se inicia o período de inverno no Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, que colhe uma safra de arábica de ciclo baixo, sem estoques governamentais e com estoques de passagem baixos em mãos da iniciativa privada (o CNC precisa pressionar para que sejam levantados e divulgados os estoques de passagem em 30 de junho próximo, quando termina o ano-safra brasileiro 2016/2017), indica claramente que a ICE não pode mais ser usada como referência para os preços praticados no mercado físico.
Enquanto as cotações em Nova Iorque transitam em um mundo virtual, girando milhões de sacas por dia (que existem apenas no papel), só levando em conta análises matemáticas e programas baseados em algoritmos, buscando retorno rápido ao dinheiro aplicado nesses contratos, o mercado físico e os cafeicultores precisam olhar anos à frente: aumento de consumo, problemas climáticos, pragas, custos de mão de obra e produção, etc ...
O cafeicultor brasileiro assiste as cotações do mercado físico brasileiro serem pressionadas em plena entrada de uma safra de ciclo baixo. Um dos fatores de pressão é o tamanho da próxima safra brasileira 2018, de ciclo alto. Não sabemos ainda o tamanho da safra 2017, que ainda está sendo colhida, mas já se fala em uma super- safra em 2018! Não se leva em consideração o aumento do consumo mundial, dos custos de produção no Brasil, nem possíveis problemas climáticos. Neste mundo atual da pós-verdade, o mercado quer comprar a safra brasileira 2017, de ciclo baixo, pelo preço de uma hipotética grande safra 2018 ...
O Ministério da Agricultura e as lideranças da cafeicultura precisam trabalhar rapidamente em uma política de sustentação de preços para o café verde. O que pode ser feito com rapidez é a elevação dos preços mínimos do café e o lançamento de um leilão de opções de venda de café da safra 2018 ao governo federal. Seria um início de recomposição dos estoques governamentais e o estabelecimento de um preço de referência para os negócios no mercado físico brasileiro.
Para se ter uma ideia da transferência de renda que está havendo, a receita cambial do Brasil com exportação de café em 2016 foi de US$ 5,4 bilhões. Apenas a JDE - Jacobs Douwe Egberts, uma empresa global de café (tem entre 9,5 e 12% do mercado mundial de café), teve em 2016 um faturamento global de € 5 bilhões, sendo € 500 milhões no Brasil (Fonte: Valor Econômico – Agronegócios).
Até dia 22, os embarques de junho estavam em 970.923 sacas de café arábica, 8.657 sacas de café conilon, mais 105.342 sacas de café solúvel, totalizando 1.084.922 sacas embarcadas, contra 1.173.305 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 22, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em junho totalizavam 1.593.133 sacas, contra 1.669.187 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 16, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 23, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 295 pontos ou US$ 3,90 (R$ 13,01) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE fecharam no dia 16 a R$ 547,47 por saca, e hoje dia 23, a R$ 542,62 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em setembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 650 pontos.
0 comentário
Com a presença de toda a cadeia produtiva, Semana Internacional do Café discute sobre os avanços e desafios da cafeicultura global
Em ano desafiador para a cafeicultura, preços firmes e consumo aquecido abrem oportunidades para o setor
Mercado cafeeiro trabalha com preços mistos no início da tarde desta 5ª feira (21)
Cooabriel fala sobre a expectativa da safra do café conilon para o Espírito Santo e Bahia
Café Produtor de Água: em visita à Cooabriel, presidente do CNC anuncia implantação do projeto no ES
Sustentabilidade, tecnologia e tendências de consumo são destaques no primeiro dia da Semana Internacional do Café