"Uma aula com George Soros" - O que pensa o homem que mexe com o mundo

Publicado em 16/06/2017 13:52
Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal

O bilionário húngaro George Soros, nascido em Budapeste em 12 de agosto de 1930, é conhecido pela sua posição destacada como investidor global, mas sua notoriedade nas querelas políticas se deve à Open Society Foundations, organização por ele fundada, cujo nome se inspira na “sociedade aberta” conceituada pelo filósofo da ciência Karl Popper (1902-1994).

Essa é a teoria. Na prática, Soros é mencionado pelo nome por lideranças europeias revoltadas com o que consideram o financiamento direto da supressão das soberanias nacionais e da cultura de seus países, patrocinando um suposto “cosmopolitismo liberal” que concede poder a esferas supranacionais e dilui arbitrariamente o senso de fronteiras. É rejeitado, no Brasil e no mundo, por setores à direita que repelem as causas “de esquerda” ou “progressistas” a favor das quais irriga os países alheios de dinheiro.

Um homem que reconhecidamente impacta o globo, mexe com o mundo político e intelectual e é figura carimbada em todas as teorias conspiratórias contemporâneas – quer as falsas, quer as verdadeiras. Qual será a agenda sustentada por ele? O que será que está por trás da “sociedade aberta” que ele quer alastrar pelo mundo, tal como ele a entende?

Em outubro de 2009, Soros proferiu várias palestras na Central European University, em sua terra natal, expondo um panorama de suas ideias sobre economia e política. O conteúdo foi organizado em um livro, Uma aula com George Soros, editado no Brasil pela Campus no ano seguinte. O material é muito recomendável a quem deseje entender o que embasa a tessitura das ideias desse personagem emblemático das tramas internacionais.

Por trás da imagem de grande filantropo, o que se revela em suas páginas é uma certa soberba filosófica e alguma dose de desinformação. Isso sem contar, é verdade, algumas bobagens grosseiras. Por exemplo, em sua cruzada contra o liberalismo econômico, Soros acusa o grande austríaco Friedrich Hayek (1899-1992, aliás amigo de Popper) de desfraldar os ideais da Escola de Chicago – que na verdade tem Milton Friedman (1912-2006) como grande expoente.

Reflexividade e mercado financeiro
Soros abre seu livro com uma exposição perfeitamente aceitável do pensamento de Popper de que, perante a incerteza humana, a forma mais atraente de organização da sociedade é a da “sociedade aberta, na qual as pessoas sejam livres para defender opiniões divergentes e o Estado de Direito conceda a pessoas com diferentes pontos de vista e interesses uma convivência pacífica”. Dessa premissa, porém, ele deduz dois conceitos que consolidam o que chama de “minha filosofia” ou “meu esquema conceitual”: a falibilidade e a reflexividade.

A falibilidade postula que a visão de mundo de participantes pensantes em qualquer situação será sempre parcial e distorcida. A reflexividade, por sua vez, postula que essa visão distorcida pode influenciar “a situação a que ela diz respeito, uma vez que um ponto de vista falseado induz a uma ação imprópria”. A incerteza humana, decorrente desses dois princípios, faz com que “os temas abordados pelas ciências naturais e pelas sociais” sejam “fundamentalmente diferentes – daí a necessidade de desenvolverem métodos diferentes e serem confinadas a critérios diferentes”.

A imitação promovida por cientistas sociais da dinâmica das ciências naturais “conduz inevitavelmente à distorção dos fenômenos humanos e sociais”. As teorias nas ciências sociais, particularmente, seriam vítimas da reflexividade – o que significa que as distorções aqui cometidas podem influenciar a realidade, tal como teriam feito o Marxismo e o “fundamentalismo de mercado”. Em longa explanação, Soros pretende aplicar essa teoria à sua especialidade: o mercado financeiro. Ele explica a formação das “bolhas” – circunstâncias em que fica afetada a previsibilidade do mercado – como descaminhos tomados pelo mercado a partir das distorções provocadas na interpretação da sua dinâmica pelos agentes nele envolvidos, justamente por conta da ação da reflexividade em suas avaliações. O mercado, para Soros, não seria de fato “eficiente” – o que justifica a necessidade de intervenções e regulações para retificá-lo.

Competiria às “autoridades financeiras” o papel de impedir que “bolhas” cresçam demais. Para isso, devem ter o controle da disponibilidade de crédito e do aporte de dinheiro. Com esse edifício teórico, Soros apresenta sua concepção de que as relações internacionais do mercado têm de estar encimadas por certas regras mais gerais, um tanto além do que liberais mais caracterizados tolerariam.

Sociedade aberta, valores de mercado e capitalismo
Voltando a atenção à política, Soros retoma Popper e diz que, depois de sua indignação com o que considera violações dos direitos humanos no governo Bush, entendeu que, embora o filósofo estivesse certo quanto a pensar que a democracia institucional viabiliza “a reforma sem violência”, o ato de pensar nem sempre visa a “uma melhor compreensão da realidade”, também existindo o que ele chama de “função manipulativa”. Eis a brilhante (?) conclusão de Soros: as instituições não bastam, pois a manipulação e o engodo têm força dentro da “sociedade aberta”, abrindo-lhe feridas que demandam conserto.

Leia a íntegra no site do Instituto Liberal

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Instituto Liberal

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1 comentário

  • domingos de souza medeiros Dourados - MS

    Preciso de um tradutor para enender as ideias do Sr. Soros.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Leia essa matéria ... ... http://www.gazetadopovo.com.br/ideias/george-soros-quem-e-o-bilionario-que-financia-a-esquerda-pelo-mundo-f01bew09hmk6kzxrhigwx7hvf?ref=aba-mais-lidas

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