Soja: Precisamos falar sobre as exportações americanas, por Miguel Biegal da OTCex Genebra
Os contratos futuros de soja na Bolsa de Chicago trabalham em alta nesta madrugada de sexta-feira (16/06). São 05:45 da manhã, horário Brasilia, e o contrato de entrega em novembro/17 trabalha com 2,5 centavos de alta, e vai sendo cotado a US$ 946,50 cents/bushel.
Ontem, na parte da manhã, os futuros de soja estavam trabalhando em baixa, mas após o relatório de exportações semanais indicar vendas de 340 mil toneladas (em pleno meados de junho), e com o acumulado no ano de 58,93 milhões de toneladas, o mercado passou a trabalhar em alta. O relatório de esmagamento também mostrou que a demanda americana também está firme. No mês de maio foram 4,06 millhões de toneladas esmagadas.
Ressalte-se que o ano comercial da soja nos Estados Unidos vai até 31 de agosto. Ou seja, ainda tem mais dois meses e meio pela frente e as exportações de safra velha teoricamente vendidas já estão em quase 3 milhões de toneladas a mais do que a projeção do USDA, que é de 55,79 milhões de toneladas.
As vendas de soja nos EUA estão recuando lentamente, semana a semana. Mas historicamente era para estarem exportando volumes muito menores nessa época do ano, que é um período de entressafra nos EUA e de foco dos consumidores na América do Sul. Porém, o consumo segue aquecido nos EUA e também na América do Sul.
Em outros anos, já aconteceu do número de exportação acumulado e da projeção do USDA descolarem um pouco. O USDA não fica atualizando sua estimativa de exportações, acompanhando o volume de exportação acumulada, por receio de que a China, do nada, cancele um grande volume de soja comprada nos EUA e troque por soja da América do Sul. E se isso acontecer, aí o USDA tem que baixar a sua projeção de exportação no relatório seguinte. E o USDA odeia fazer esse tipo de coisa.
Mas estes 3 milhões de toneladas de descolamento já está muito fora da curva. O mercado está esperando algum cancelamento da China (que é normal) desde abril, mas esse cancelamento não chega. E enquanto isso vai se abrindo esse “gap” entre projeção e acumulado de vendas.
E isso está deixando os operadores americanos com a pulga atrás da orelha. Mesmo que venha algum mega cancelamento de 2 milhões de tons aí, ainda assim o USDA teria que rever a sua projeção de exportação em no mínimo mais 1 milhão de toneladas, o que obrigatoriamente reduziria os estoques. E é bom lembrar, mais uma vez, que tem mais dois meses e meio ainda até o final do ano comercial. São mais 10 vendas semanais que ainda tem pela frente, embora o ritmo esteja diminuindo. Mas não é nem um pouco arriscado dizer que os americanos ainda podem vender mais 1 milhão a 2 milhões de tons nessas 10 semanas que faltam para terminar o ano comercial. Ou seja, vai ficando cada vez mais plausível que o USDA terá que refazer uma mudança em sua linha de projeção de exportação, com impacto direto sobre o estoque final. Ou pode ser que a China traga um cancelamento monstruoso de 3 milhões de tons ou mais. Mas do jeito que tá o consumo na China, vai ficando difícil de apostar num cancelamento tão grande assim.
Graficamente, testamos hoje a linha de resistência do grande canal de tendência de baixa, que postamos aqui ontem. O novembro precisa de um fechamento acima de US$ 953,00 para quebrar essa resistência, e do próprio canal de baixa.
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