Ibovespa recua com investidores receosos sobre ritmo de reformas
Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista mostrava fraqueza nesta segunda-feira, com investidores ainda atentos ao quadro político local, diante da crise que atinge o governo e ameaça o andamento de reformas no Congresso Nacional.
Às 11:41, o Ibovespa caía 0,61 por cento, a 61.829 pontos. O giro financeiro era de 1,8 bilhão de reais.
Na noite de sexta-feira, o presidente Michel Temer conseguiu sobrevida política após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolver a chapa Dilma-Temer das acusações de ter cometido abuso de poder político e econômico na campanha de 2014. No entanto, a situação ainda é delicada, uma vez que o presidente é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por acusação de obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa.
Além das acusações, o presidente enfrenta ainda a possibilidade de enfraquecimento de sua base de apoio, com o PSDB se reunindo nesta segunda-feira para decidir a posição do partido em relação ao governo.
"A paralisia que o governo enfrenta no Congresso está sendo bem danosa para a recuperação econômica, principalmente se pensarmos nas reformas que caminham agora a passos de tartaruga, especialmente a da Previdência", escreveram analistas da corretora Coinvalores em relatório a clientes.
DESTAQUES - BRADESCO PN perdia 2 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN recuava 0,9 por cento, ajudando o tom negativo do Ibovespa devido ao peso desses papéis em sua composição. A sessão era negativa para o setor bancário como um todo, com SANTANDER UNIT em baixa de 2,9 por cento e BANCO DO BRASIL ON caindo 1,6 por cento.
- VALE PNA recuava 0,9 por cento e VALE ON caía 0,7 por cento, após alta nos dois pregões anteriores. O recuo ocorria apesar da alta nos contratos futuros do minério de ferro na China, ajudados nesta sessão por esperanças renovadas de uma maior demanda, mesmo em meio a preocupações ainda existentes sobre o excesso de oferta naquele país, maior comprador global da commodity.
- COSAN ON perdia 2,3 por cento, entre os destaques negativos do Ibovespa e no sétimo pregão seguido no vermelho. Nas seis sessões anteriores, o papel acumulou perda de 11,66 por cento. A ação da empresa tem sido pressionada por receios quanto à eventual delação do ex-ministro Antonio Palocci que, segundo reportado pela mídia há cerca de uma semana, envolveria também a Cosan.
- BRASKEM PNA tinha perda de 2,6 por cento, engatando o terceiro pregão seguido de queda e após acumular baixa de 2,71 por cento nas duas sessões anteriores.
- PETROBRAS PN ganhava 0,7 por cento e PETROBRAS ON avançava 0,6 por cento, em linha com o movimento dos preços do petróleo no mercado internacional, que subiam depois que operadores de mercados futuros aumentaram suas apostas em uma nova recuperação dos preços, embora os mercados físicos permaneçam com excesso de oferta.
- GOL PN, que não faz parte do Ibovespa, subia 1,9 por cento. Como pano de fundo estava a divulgação de dados operacionais de maio. Embora a empresa tenha mostrado queda de 2 por cento na demanda por voos domésticos, analistas do Bradesco BBI destacaram que os dados mensais apresentaram continuidade na tendência positiva de melhora na taxa de ocupação, mostrando gestão disciplinada de capacidade da companhia.
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