Produtores de milho devem ter cautela ao vender produção e evitar negócios inconsistentes, priorizando vendas à vista

Publicado em 22/05/2017 17:22
Confira a entrevista com Alysson Paolinelli - Presidente Executivo da Abramilho
Recuperação das exportações, com novo patamar de dólar, tem que se consolidar para trazer alívio ao mercado do milho

Podcast

Alysson Paolinelli - Presidente Executivo da Abramilho

Download

O presidente executivo da Abramilho, Alysson Paolinelli, destaca que o atual cenário político do Brasil configura uma situação de "perplexidade". "O Brasil tem uma tarefa de fazer uma limpeza. Não podemos conviver com gestores, políticos e empresários que não fazem a coisa certa", diz.

Paolinelli diz que está muito preocupado com o andamento deste cenário, tendo em vista que o Brasil teve uma safra "excepcional" de milho neste ano e que precisa aumentar esta safra para o próximo ano em função de um mercado altamente demandado. Para isso, o país precisaria produzir produtos de qualidade com preços competitivos, mas o atual cenário é um complicador. "Em um burburinho desses, não há mercado que espelhe a realidade", destaca.

Ele lembra que a tecnologia tropical é mais eficiente e competitiva do que a das agriculturas temperadas e que o Brasil se coloca hoje, diante do mundo, com uma grande esperança para o setor produtivo, mas que "não há como analisar o mercado dentro de uma tempestade dessas", já que os caminhos das moedas e a confiança dos países demandadores ainda são variáveis incertas.

A crise política, assim, já chegou ao agronegócio, uma vez que a maior empresa de pecuária de corte no Brasil, além de ser grande compradora de insumos, está envolvida no cenário duvidoso que se instala. E existem muitas dúvidas em relação à sua capacidade econômica de negociar com os produtores a partir de agora.

Paolinelli destaca que a JBS está no "olho do furacão", mas que outras empresas também irão sofrer com essa movimentação. Para ele, os produtores devem ter calma nesta hora e não sair fazendo negócios que não são firmes.

No mercado do milho, os preços internacionais não caíram e, no mercado interno, observa-se apenas os concorrentes vendendo com firmeza, enquanto a situação brasileira está bastante instável. Ele lembra que a economia e a capacidade do setor rural estabilizou o Plano Real, mas que, agora, a situação passa para uma "onda de descrença" no Brasil. "É fundamental para que as coisas se estabilizem para a gente comercializar essa safra que está aí", salienta.

A safra de milho, deste ano, deve ser maior do que 92 milhões de toneladas. Para ele, era hora de os produtores estarem preocupados e pedindo para que o Governo acionasse políticas de comercialização e de exportação. Ele destaca que outros países estão querendo comprar o milho brasileiro e que o país tem esse produto para exportar.

Ele lembra das possíveis exportações para o México, que encontram no Mato Grosso preços ideais para realizar este movimento, mas que ainda não são compras efetivas e que necessitam de uma atenção por parte dos produtores quanto à confiança dessa transação. Quanto aos outros mercados, eles também precisam ser concretizados de forma firme para evitar surpresas, como aponta Paolinelli.

Para enxugar o mercado, o ideal seria que o Brasil escoasse 40 milhões de toneladas. Paolinelli lembra que a primeira safra não foi tão grande assim e que o milho, de fato, vai chegar a partir de junho e julho, o que necessitará de um alerta para que esta safra seja escoada rápido - para evitar problemas de armazenagem e logística. Entretanto, para ele, isso não significa vender a qualquer preço: ele espera que, ao menos, o Governo garanta o preço mínimo para essa comercialização.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • carlo meloni sao paulo - SP

    O histórico do IBGE mostra que na recente década passada a primeira safra de milho respondia por 2/3 do total... Somente a partir de 2015/2016 a situação se inverteu e a safrinha passou a representar 2/3 do total... Muito Bem! tivemos bons preços no fim de 2016, mas preço ruim no começo de 2017... Eu não consigo entender o porque da primeira safra de 2017 ser de 1/3 da total e o preço cair para 15 R$ a saca?... Alguem entende isso?

    4