Presidente do PSDB paulista defende renúncia de Aécio do comando da sigla

Publicado em 18/05/2017 11:47

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Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - O deputado estadual Pedro Tobias, presidente do diretório estadual do PSDB em São Paulo, defendeu por telefone à Reuters nesta quinta-feira a saída imediata do senador Aécio Neves (MG) do comando nacional da sigla e disse que o presidente Michel Temer não tem mais condições de seguir no cargo.

As declarações foram dadas por Tobias após reportagem do jornal O Globo, confirmada pela Reuters, relatar na quarta que o empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, gravou Temer dando aval à compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha, e que Aécio pediu 2 milhões de reais a ele.

"É uma bomba atômica que caiu não só sobre o PSDB, mas sobre o país", disse Tobias. "Nem Aécio nem Temer têm condições de continuar no cargo", acrescentou o parlamentar, garantindo que os tucanos "não vão passar a mão na cabeça de ninguém".

Nesta quinta, imóveis de Aécio foram alvos de operações de busca e apreensão, o ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), afastou o tucano do mandato e a Procuradoria-Geral da República pediu a prisão de Aécio, que deve ser analisada pelo Supremo nesta tarde.

Em Brasília, o secretário-geral do PSDB, deputado federal Sílvio Torres (SP), disse a jornalistas que a hipótese mais provável é Aécio se licenciar da presidência nacional do partido e, nesse cenário, caberia à Executiva tucana indicar um novo presidente.

Se o senador renunciar à presidência do PSDB, disse Torres, o vice-presidente mais velho, atualmente o ex-deputado federal e ex-governador Alberto Goldman, assume o comando do partido para convocar eleições.

Os tucanos realizavam duas reuniões em Brasília, uma no gabinete da liderança do partido na Câmara dos Deputados e outra no gabinete do senador Tasso Jereissati (CE). Segundo um assessor de um senador tucano, que pediu para não ser identificado, houve quem até defendesse a expulsão de Aécio do partido.

O presidente do PSDB paulista disse que aguarda uma manifestação do diretório nacional do partido, que analisa a questão nesta quinta, mas disse que o diretório paulista reagirá se não houver uma tomada de posição do comando nacional.

"(Aécio) deve pedir demissão imediata do cargo e escolhemos outro presidente", disse, "Se Brasília não decide, São Paulo não vai ficar assistindo de camarote. Vai reagir", disse Tobias, afirmando que pode convocar uma reunião com prefeitos, vereadores e as bancadas estadual e federal do PSDB paulista para discutir a questão.

ALCKMIN

Aliado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a quem chama de "líder maior nacional" do partido, Tobias disse que se reunirá com ele assim que o governador retornar de viagem ao exterior.

Alckmin, que teve o nome citado por executivos da Odebrecht em delação premiada na Lava Jato, era visto até recentemente como um dos principais concorrentes de Aécio na disputa interna tucana para ser candidato à Presidência em 2018.

Defendendo a honestidade do governador, Tobias disse que Alckmin "sai fortalecido, sem dúvida" do episódio.

Na quarta, pouco depois da divulgação das acusações contra Aécio, o vereador Mario Covas Neto, presidente do diretório municipal do PSDB em São Paulo e filho do falecido ex-governador Mario Covas, divulgou vídeo em que pede a Aécio que saia do comando nacional do partido.

(Reportagem adicional de Leonardo Goy e Anthony Boadle, em Brasília)

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Fonte:
Reuters

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