Temer diz que não renuncia; A ordem interna é resistir... (no blog do Moreno)

Publicado em 17/05/2017 21:59
em O GLOBO

Temer diz que não renuncia e quer ver a fita da sua conversa com Joesley

POR JORGE BASTOS MORENO

(DE O GLOBO)

" Ir à luta", esta é a palavra de ordem transmitada agora por um dos ministros presentes à reunião que acabou há pouco  no gabinete do presidente Temer. " Renúncia, nem pensar", acrescentou.

" O presidente quer ver a fita da sua conversa com Joesley", insistiu o ministro. Temer considerou um absurdo um presidente da República ser gravado. É a segunda vez que manifesta essa estraheza. A primeira foi quando foi gravado pelo seu então ministro da Cultura. 

A ordem interna é resistir e transmitir clima de normalidade.

O ministro repetiu várias vezes a frase: " O presidente quer ver a fita".

Temer confirma encontro com Joesley, mas nega ter comprado silêncio de Cunha

Em nota divulgada na noite desta quarta-feira (17), o presidente Michel Temer confirmou a reunião com o empresário Joesley Batista, mas disse que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio de ex-deputado Eduardo Cunha".

Segundo o presidente, o encontro com o dono da JBS ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas "não houve, no diálogo, nada que comprometesse a conduta do presidente da República."

De acordo com a nota Temer "não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar."

O presidente informou, via assessoria, "que defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados."

Temer foi gravado por um dos donos do grupo J&F, proprietário da marca JBS, falando sobre a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A informação foi publicada na noite dessa quarta (17) pelo colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", e confirmada pela Folha.

Veja a íntegra:

NOTA À IMPRENSA

"O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.

O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.

O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados."

ANÁLISE DA FOLHA (por igor gielow)

Tiro no coração político de Temer, gravação sugere crime no cargo

  Pedro Ladeira/Folhapress  
Dono da JBS diz que o presidente Michel Temer (PSDB) deu aval a compra de silêncio de Cunha, segundo jornal
O presidente Michel Temer (PMDB), acusado em delação de empresário dono do frigorífico JBS

A delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista é um tiro no coração político de Michel Temer (PMDB).

Até aqui, ele driblava com um misto de sorte e habilidade as inúmeras citações a seu nome na Operação Lava Jato. Agora, pode no limite ser acusado de um crime cometido no exercício do mandato, a obstrução de Justiça -se isso é factível juridicamente, é questão a ser esclarecida.

A devastadora delação-surpresa dos "irmãos JBS" empareda o presidente.

A serem confirmados os termos relatados pelo "Globo", o presidente no mínimo foi conivente com uma conspiração visando obstruir as investigações da Lava Jato com a compra de silêncio. De quebra, indicou um subordinado para ajudar a JBS a resolver problemas no governo.

Diferentemente de tudo do que foi acusado na Lava Jato, as ações ocorreram enquanto ele já exercia o cargo. Logo, não se trata do famoso "ato anterior ao mandato" que o imunizava a priori.

Claro, tudo isso dependerá de avaliações jurídicas precisas do que está gravado.

Politicamente, o presidente depende do Congresso e da manutenção ou não do apoio que mantém na elite empresarial. Como ele mesmo já pontuou algumas vezes, sua baixa popularidade não é fator que o comova, e a essa altura a pressão das ruas parece difícil de ser retomada.

Num Parlamento coalhado de acusados de coisas piores ou semelhantes, Temer poderia até ter esperança de se manter. Mas e se for acusado formalmente pela Procuradoria-Geral da República, caso isso seja possível? O PIB ficará com ele?

Até por falta de opção no momento, talvez sim. Uma renúncia, como se sabe, abriria o caminho para uma eleição indireta no Congresso que ninguém deseja. E, bem ou mal, a economia dá sinais de estabilização e melhoria.

Isso tudo, contudo, pode não valer nada se um nome de consenso já estiver sendo cozido por essa mesma elite.

Já o caso do senador Aécio Neves, presidente do PSDB, parece torná-lo definitivamente radioativo. Para o PT, uma semana depois de sofrer com as agruras judiciais de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda sobrou o detalhamento do papel do ex-homem forte da Fazenda, Guido Mantega.

Num comentário lateral, mas nem tanto, impressiona que, passado um ano da revelação das gravações do escudeiro peemedebista Sergio Machado, políticos brasileiros ainda tenham coragem de falar de forma desenvolta sobre ilícitos com um alvo da Operação Lava Jato.

E pensar que todos eles se vendiam, em contraposição ao amadorismo político do PT, como os "profissionais".

Após delação da JBS tudo é epílogo para Temer (por JOSIAS DE SOUZA, no UOL)

TemerFolha6.jpg

Desde que Michel Temer passou a tratar com naturalidade a presença no governo de oito ministros enrolados na Lava Jato, a plateia esperava pelo sinal de que o fim, ou pelo menos a cena terminal que empurraria o governo para o bueiro, estivesse próximo. Aguardava-se o fato que levaria o país a exclamar: “Não é possível!” O alarme, finalmente, soou. A delação da turma do grupo JBS será lembrada nos livros de história como um dos marcos da derrocada. De agora em diante, tudo é epílogo para o governo-tampão de Michel Temer.

Confirmando-se a notícia de que Temer, entre outras estripulia$, foi gravado avalizando a compra do silêncio de Eduardo Cunha pelo Grupo JBS —‘Tem que manter isso, viu?’— o substituto constitucional de Dilma Rousseff perde completamente as condições de presidir o país. Fica definitivamente entendido algo que a delação da Odebrecht já deixara claro: Temer não é apenas complacente com a podridão. Junto com o seu PMDB, ele é parte do lixão. Resta decidir como o sistema político fará a recliclagem.

Temer apresentara-se como uma “uma ponte para o futuro”. Fernando Herique Cardoso redefinira sua gestão como uma “pinguela”. Pois bem. Essa versão mais tosca da ponte, feita de restos do conglomerado corrupto que sustentava as administrações petistas, explodiu. O estrondo chega antes que Temer aprovasse as suas reformas econômicas. A recuperação do PIB, que já era frágil, subiu no telhado. Há 48 horas, Temer celebrava o sucesso do primeiro ano de governo. Agora, será perseguido pela mesma pergunta que atormentava Dilma: Será que consegue concluir o mandato?

Para se safar, Lula tem de provar que não é Lula, por JOSIAS DE SOUZA (UOL)

LulaLeoPinheiroSitioDivulgacaoPF.jpg

A força-tarefa da Lava Jato anexou ao processo em que Lula é acusado de receber mimo$ da OAS uma foto reveladora. Nela, Lula aparece ao lado do sócio da construtora, Léo Pinheiro. Estavam no célebre sítio de Atibaia. Noutra foto, já conhecida, Lula e Léo dividiram a cena no interior do também afamado tríplex do Guarujá.

O tríplex e o sítio, como se sabe, não pertencem a Lula. Mas os procuradores de Curitiba se esforçam para provar o contrário. Eles formaram um complô contra Lula, ataca o petismo. Nessa hipótese, integrariam a conspiração agentes da PF, uma penca de delatores e a lógica. Na versão dos conspiradores, Lula é o proprietário oculto dos imóveis.

Em depoimento a Sergio Moro, na semana passada, Lula disse que descartara a hipótese de ficar com o tríplex desde a primeira visita. Mas não informou sobre o seu desinteresse a Léo, que até hoje reserva o imóvel para o amigo (ou ex-amigo).

Marisa Letícia fez uma segunda visita ao apartamento. Vistoriou benfeitorias providenciadas pela OAS. Mas não avisou ao marido. Do modo como falou sobre o interesse que a ex-primeira-dama chegou a nutrir pelo tríplex, Lula parecia oferecer-se como herdeiro dos benefícios judiciais de uma hipotética delação póstuma de sua falecida esposa.

No mesmo depoimento, confrontado com agendas da época, Lula admitiu ter conversado com Léo sobre a instalação de uma cozinha planejada no sítio. Coisa adquirida na mesma empresa que equipou a cozinha do tríplex. Entretanto, a conversa com o companheiro-empreiteiro ocorrera no apartamento de Lula em São Bernardo. O depoente não fizera menção ao encontro in loco, agora naturalizado numa foto.

O sócio da OAS municiou a Lava Jato com documentos valiosos sobre o tipo de relacionamento que a construtora teve com Lula nos verões passados. A defesa do réu desdenhou: “Os papéis — mesmo sem qualquer relevância para a ação — fazem parte da tentativa de Léo Pinheiro de agradar os procuradores em troca do destravamento de sua delação, para que ele possa obter benefícios.”

Os procuradores também anexaram ao processo comprovantes de que Lula avistava-se amiúde com diretores da Petrobras que disse mal conhecer. Reuniu-se ou viajou 27 vezes com diretores corruptos da Petrobras.

Decerto os advogados de Lula guardam um trunfo no bolso do paletó. Logo, logo comprovarão que Lula não é Lula. Os doutores revelarão a identidade do sósia que tenta enlamear a reputação do seu cliente. Está claro que alguém muito parecido com o líder máximo do PT, depois de ter confiado a Petrobras a uma quadrilha de burocratas, políticos e empreiteiros, desfruta de confortos incompatíveis com a honradez do Lula original.

 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Folha de S. Paulo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário