CNC quer retorno financeiro aos produtores para que cafeicultura seja sustentável em seu tripé socioeconômico ambiental
BALANÇO SEMANAL — 1º a 05/05/2017
SEM SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA — Há tempos, o CNC vem criticando a postura dos principais compradores mundiais de café, que, ao passo em que desejam impor o respeito ao meio ambiente e ao social na produção cafeeira, esquecem-se da sustentabilidade econômica, não refletindo em valores os elevados investimentos que os cafeicultores brasileiros realizam em suas propriedades ao preservarem a natureza e gerarem milhões de empregos, contribuindo com a renda de centenas de milhares de famílias trabalhadoras.
Recordamos que o amplo e total atendimento das dimensões social e ambiental da sustentabilidade no meio rural demanda crescentes recursos para treinamentos e investimentos no campo, mas, infelizmente, o que temos visto é que esses recursos são drenados das nações produtoras, principalmente do Brasil, pelo comportamento especulativo do mercado, ignorando a dimensão econômica da sustentabilidade.
Pior ainda é notarmos que, surpreendentemente, a ponta compradora se mantém silente frente a essa flagrante violação dos tão valorizados princípios sustentáveis do comércio de café. Em meio a isso, em um movimento incoerente com os fundamentos do mercado – aperto no equilíbrio entre oferta e demanda mundiais, às vésperas de uma colheita menor no Brasil –, os preços internacionais permanecem em níveis similares aos registrados há 35 anos, sugando a competitividade do principal elo da cadeia produtiva, que é o cafeicultor, responsável pela existência do produto em todos os demais segmentos, passando por exportação e indústrias até chegar às gôndolas dos supermercados e às xícaras do consumidor.
Diante desse cenário de imobilidade da ponta compradora em gerar a contrapartida econômica aos produtores pelos altos investimentos realizados, devido a exigências e imposições, muitas vezes intransigentes, para a ampliação da adoção de práticas sustentáveis no campo, o CNC vem realizando uma série de contatos, através dos quais espera alcançar apoio dos demais países produtores, de forma que esse cenário, para se tornar sustentável de fato, passe a ter o reconhecimento financeiro pela dedicação que temos em gerar empregos e preservar o meio ambiente em nosso cinturão produtor.
MERCADO — Os contratos futuros do café iniciaram a semana apresentando ganhos nos mercados internacionais, com os fundos tendo espaço para recomprar posições na Bolsa de Nova York, principalmente após a intensa liquidação realizada na semana antecedente.
No entanto, o fato de o mercado nova-iorquino não ter rompido a resistência em US$ 1,40 por libra-peso, o início da colheita no Brasil, o maior produtor mundial, e a mudança de direção do dólar inverteram o cenário e reduziram os ganhos.
Ontem, o contrato C com vencimento em julho/2017 encerrou o pregão a US$ 1,3495 por libra-peso na ICE Futures US, com alta de 155 pontos frente ao fechamento da sexta-feira passada. Na ICE Futures Europe, o vencimento julho do contrato futuro do robusta subiu US$ 46 ante a semana anterior e fechou valendo US$ 1.992 por tonelada.
No Brasil, o dólar comercial registrou ganhos moderados na semana, à medida que investidores demandaram um maior volume da divisa em meio ao cenário de incertezas a respeito do avanço das reformas da Previdência e trabalhista. Na quinta-feira, a moeda norte-americana foi cotada a R$ 3,1827, com valorização de 0,25% na comparação com a sexta-feira passada.
Em relação às condições climáticas no cinturão cafeeiro do País, a Climatempo informa que, neste fim de semana, o sol surgirá entre nuvens e poderá chover a qualquer momento na Zona da Mata de Minas Gerais, no leste de São Paulo e no Rio de Janeiro. Nas regiões central e sul de Minas e no Espírito Santo, haverá sol e podem ocorrer pancadas de chuva à tarde, enquanto sol e tempo firme é a previsão para o restante das áreas da Região Sudeste.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a liquidez segue baixa no mercado doméstico brasileiro, tendo ocorrido poucos negócios durante os picos de preço. A proximidade da colheita no País também afasta a maioria dos agentes do mercado. Ontem, os indicadores calculados pela instituição para as variedades arábica e robusta foram cotados a R$ 455,62/saca e a R$ 400,09/saca, respectivamente, com variações de -0,4% e 2,3% ante o fechamento da semana anterior.
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