Datafolha Economia – Brasileiro menos pessimista. Faz sentido! (por REINALDO AZEVEDO)
Coitados dos brasucas! Estão proibidos de ter esperança!
E a gestão Michel Temer, então? Os brasileiros reconhecem, sim, que as coisas estão melhorando. Mas a avaliação que fazem do governo piorou. Isso suscitou uma questão que farei ao Datafolha em outro post. Sigamos.
Os brasileiros estão proibidos de ter esperança porque a direita xucra e o Ministério Público Federal, com seu ódio à política, não deixam — além, claro!, da atuação deletéria da esquerda chinfrim de sempre. Mas, hoje em dia, esta é menos relevante nesse particular. Por que digo isso? É que a pesquisa Datafolha feita nos dias 26 e 27 do mês passado indica que a população reconhece que as coisas estão melhorando, mas… Cresceu bastante os que sentem vergonha de ser brasileiros!!! Vamos ver.
Caiu o número dos que avaliam que a economia vai piorar. Na pesquisa passada, de 7 e 8 de dezembro de 2016, eram 41% os que tinham essa expectativa; agora, 31%. Os que acham que a coisa vai melhorar foram de 28% para iguais 31%. Caíram de 35% para 27% os que pensam que tudo ficará na mesma. Foram ouvidas 2.781 pessoas em 172 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Melhora da vida pessoal
Atenção! Os entrevistados também estão mais otimistas em relação à sua situação econômica pessoal. Saltaram de 37% em dezembro para 45% agora os que acham que haverá melhora. E houve queda significativa nos que esperam uma piora: de 27% para 18%. Na pesquisa anterior, 59% apostavam que seu poder de compra iria diminuir. Agora, 44%. Até o pessimismo com o desemprego, que é estratosférico, diminuiu, embora continue muito alto: os que anteveem mais desemprego caíram de para 57%; eram 16% os que esperavam uma melhora; agora, 20%
O brasileiro ainda segue mais pessimista do que otimista — fica para outro post. Segundo critérios do Índice Datafolha de Confiança (IDC), um número abaixo de 100 indica pessimismo; acima, otimismo. A apuração de agora deu 97, mas era de 87 em dezembro.
C0mo explicar?
Como explicar esse crescimento do otimismo com a economia. É simples. Entre a pesquisa anterior e esta, o IPCA caiu de 6,29% (período de 12 meses encerrado em dezembro) para 4,57% até março. O centro da meta é de 4,5%. Mas gato escaldado, submetido ao terrorismo cotidiano do fanatismo lava-jatista juramentado, fica com medo… Em dezembro, os juros estavam 13,75%; agora, em 11,25% — 2,5 pontos percentuais a menos.
Então notem: há um efetivo reconhecimento de que as coisas caminham para melhor, mas ainda chegam a 56% os que acham que a inflação vai crescer. Bem, era 66%. Saltaram de 19% para 27% os que vislumbram que tudo ficará como está. E pode ter havido uma ligeira alta, de 11% para 13%, entre os que anteveem melhora.
E como explicar o crescimento da avaliação negativa sobre o governo Temer. Bem, leiam no próximo post.
Datafolha Economia 2 – O Brasil melhorou, mas o governo piorou?
Se a economia está menos pior, se a expectativa das pessoas sobre a sua própria vida econômica é mais positiva, o que explica o recorde negativo do governo?
Pois é, pois é…
Então o brasileiro avalia que a economia está melhorando — é o que explica a queda razoável do pessimismo entre dezembro e abril, mas atribui ao governo Temer o seu recorde negativo? Então o brasileiro acha que a sua própria vida econômica terá um salto positivo, mas atribui ao governo Temer o recorde negativo? É justo? Já escrevi aqui que não. É explicável? É. Um fator é conhecido. E há uma hipótese que convido o Datafolha a avaliar.
Vamos lá. No período em que a inflação volta ao centro da meta, em que há uma queda substancial de juros — e isso leva à queda do pessimismo, é claro! —, por que passaram de 51% em dezembro para 61% no fim do mês passado os que consideram o governo ruim ou péssimo? “Ah, é o desemprego; é a recessão; é a crise.” Bem, isso tudo estava dado em dezembro. E NOTEM: NÃO ESTOU EU AQUI A COBRAR QUE A POPULAÇÃO RECONHEÇA, NO PORRETE, QUE AS COISAS MELHORARAM. ELA O DISSE POR CONTA PRÓPRIA.
Bem, o fator conhecido é óbvio, é ululante. Está na raiz do número espantoso de pessoas que dizem sentir vergonha de ser brasileiras. Farei um post específico a respeito. Refiro-me, sim, ao eixo que se formou entre a direita xucra, a Lava Jato e, lamento constatar, setores da imprensa. Essa turma forma hoje uma espécie de “partido” da demonização da política.
Ora, se autoridades — afinal, os procuradores o são — saem pregando aos quatro ventos que só há ladrões no país; que os “políticos” conspiram contra a Lava Jato; que o próprio Supremo Tribunal Federal (nesse caso, sobra a sugestão no ar) estaria pouco empenhado na Justiça, o que esperar? Isso tudo é visto como “culpa do governo”.
Mais: há, nesse intervalo, o efeito devastador da chamada “Lista de Janot”. A forma como o procurador-geral da República encaminhou o seu rol de pedidos de inquérito e a acusação permanente que fazem seus pares de que Câmara, Senado e até governo querem obstar a operação, bem, essas duas coisas concorrem para que se olhe o governo com desconfiança.
Ora, tenham paciência! Então os entrevistados veem uma melhora no país e na sua própria vida econômica, mas consideram que o governo piorou? É claro que está falando aí o ódio à política.
A pesquisa
E eu vou propor aqui uma questão. Não! Não ponho em dúvida a idoneidade do Datafolha. Eu e todo mundo sabemos que o instituto é uma espécie de “magister dixit” do mundo das pesquisas. Quando institutos começam a divergir, o mercado das ideias logo fala: “Vamos ver o que diz o Datafolha”. O nome disso é credibilidade.
Posto isso, segue a minha dúvida. Será que faz sentido investigar, numa mesma pesquisa, o que a população pensa das reformas trabalhista e previdenciária e que avaliação faz do governo Temer? Não me parece o mais prudente. Não há o risco de uma coisa contaminar a outra, pouco importa a ordem das perguntas?
“Ora, Reinaldo, é claro que a rejeição às reformas interfere na avaliação sobre o governo Temer. Sim, eu sei disso. Eis a razão por que, parece-me, não convém misturar as coisas — uma mistura agravada, acho, pelo levantamento também eleitoral. Vejam lá: Lula e Marina — os prediletos das simulações de segundo turno são… contra as reformas e contra o governo.
Não! Não acho que os dados tenham sido manipulados nesse ou naquele sentido. O que vai na pesquisa é compatível com o que a gente percebe nas ruas ou mesmo em círculo restrito de amigos. Creio que o Datafolha divulgou o que apurou. Mas acho que há o risco de a apuração ter sido distorcida pelo excesso e sobreposição de temas.
Concluo
E que fique claro: se a hipótese que levanto sobre a pesquisa faz sentido, ainda assim, ela tem uma influência reduzidíssima nos números apurados. O que leva a população a dizer que, em quatro meses, piorou o governo que, ela mesma admite, melhorou o Brasil são as sucessivas crises artificiais deflagradas pela substituição da política pela polícia.
Deputado pró-Lula me elogia, e a canalha rosna. A caravana passa!
Sílvio Costa, que lutou bravamente contra o impeachment, elogia artigo meu. Como não faço trocas e escrevo o que quero, agradeço a citação
No dia 25 de abril, o deputado Sílvio Costa, líder do PTdoB-PE, que militou contra o impeachment até o fim, afirmou o seguinte no plenário da Câmara.
Transcrevo:
“Vocês que odeiam Lula respeitem Sergio Moro. Vocês estão pensando que Sergio Moro vai fazer o que vocês querem. Eu nunca pensei, na minha vida, em concordar com o jornalista Reinaldo Azevedo. Você que odeia Lula leia hoje o artigo de Reinaldo Azevedo. Nunca pensei, Reinaldo, em concordar contigo. Mas você hoje mostrou — e já estão te chamando de “mortadela, viu Reinaldo?… Você demonstrou hoje que se pode fazer jornalismo com dignidade neste país. Esse cara odeia o PT, mas ele fez um artigo competente. Não adianta você querer odiar e querer prender… Vocês não vão prender Lula, rapaz!”
O deputado se referia a este post meu, em que afirmou que Moro adiou o depoimento do ex-presidente em razão da fragilidade das provas de que dispõe. Documentos de fé pública dizem que o apartamento de Guarujá pertence à OAS, e testemunhos dizem que ele é de Lula. É uma sinuca. A prova material está a favor do petista.
Eu não opinei. Eu apenas informei.
A canalha que vive de depredar a reputação alheia porque não consegue construir a própria saiu gritando: “Olhem quem está elogiando o Reinaldo Azevedo…”. E daí? Pelos motivos expostos pelo deputado, agradeço a gentileza.
Até porque ele sabe que acho que Lula é culpado. Nesse caso e em muitos outros. Mas a Justiça, na democracia, não é o que eu acho. Na democracia, só se condena com provas.
Quem não gostar que passe a defender a ditadura.
Eu continuarei a ser o liberal de sempre. De direita, claro!
A 2ª Turma do STF é o caminho mais curto para a saída da cadeia (AUGUSTO NUNES)
José Dirceu sabe o que Bumlai guarda em sigilo e muitíssimo mais. O guerrilheiro de festim foi o subchefe de Lula
“Este é um caso complexo e triste da nossa própria história”, disse Gilmar Mendes, no início do voto que decidiria o pedido de habeas corpus de José Dirceu, preso desde 3 de agosto de 2015 e condenado por Sérgio Moro a 32 anos e um mês de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Por alguns instantes, algum desavisado pode ter imaginado que o ministro do Supremo Tribunal Federal estava se referindo ao maior escândalo de corrupção já noticiado no país.
Errou, mostraria a continuação da fala que colocaria em liberdade o subchefe do mensalão e um dos protagonistas do petrolão: “Não podemos nos ater à aparente vilania dos envolvidos para decidir acerca da prisão processual. E isso remete à própria função da jurisdição em geral, da Suprema Corte em particular. A missão de um tribunal como o Supremo é aplicar a Constituição, ainda que contra a opinião majoritária”.
Ex-advogado do PT, Antônio Dias Toffoli também decidiu ajudar o antigo companheiro. “A prisão preventiva não pode ser utilizada como um instrumento antecipado de punição”, afirmou o ministro que, na semana passada, livrou da cadeia o pecuarista José Carlos Bumlai e o ex-assessor do PP João Cláudio Genu.
Terceiro voto a favor, Ricardo Lewandowski foi além: “O risco de reiteração é remotíssimo”, delirou. “Não se pode impor ao paciente que aguarde preso indefinidamente eventual condenação no segundo grau de jurisdição”.
A decisão por três votos a dois provou que o caminho mais curto entre uma cela e o portão de saída da cadeia começa e termina na sala em que delibera a 2ª Turma do STF. Na semana passada, esse atalho foi percorrido por Bumlai, o empresário vigarista que, no governo do amigo Lula, entrava sem pedir licença no Palácio do Planalto. Hoje, foi utilizado por José Dirceu.
O sonho de todo condenado em primeira instância é ser libertado antes que sejam descobertos os crimes que não confessou. É esse o caso de Bumlai e de Dirceu. Premiados com a devolução do direito de ir e vir, ambos se dedicarão em tempo integral a obstruir a Justiça e ocultar provas (ou destruí-las).
O fazendeiro espertalhão ainda mantém no baú dos pecados mortais um punhado de bandalheiras de altíssima voltagem. Sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel, por exemplo, ele sabe muito mais do que a imprensa publicou.
O guerrilheiro de festim conhece bem o que Bumlai guarda em sigilo e muitíssimo mais. Ele foi o subchefe de Lula. É provável que só saiba menos que o comandante supremo da maior sequência de assaltos aos cofres públicos da história do Brasil.
Editorial do Estadão: O PT se desmancha
Politicamente encurralado numa situação adversa que só tende a piorar, o PT apela para o quanto pior, melhor, nas palavras e nos atos
Se Lula pretende contar com o apoio da militância de seu partido para se livrar da Lava Jato e congêneres e candidatar-se à Presidência da República no próximo ano, terá de agir rápido, porque o PT está acabando: em cerca de 1.120 – quase 30% do total – das 4,1 mil cidades onde se davam como organizados, os petistas não conseguiram montar uma chapa de 20 filiados para compor o novo diretório municipal, no Processo de Eleições Diretas (PED) realizado no dia 9 último em todo o País. É uma situação que confirma a tendência registrada no pleito municipal do ano passado, quando o partido perdeu mais da metade das prefeituras conquistadas em 2010: caiu de 630 para 256, elegeu prefeito em apenas uma capital, Rio Branco, e sofreu derrota humilhante em seu berço e mais tradicional reduto eleitoral, a região do ABC.
O vexame do processo de eleições petista teve de tudo um pouco a “explicá-lo”, desde a dificuldade para preencher as cotas obrigatórias destinadas a mulheres, jovens, negros e índios até a suspeita de fraudes, com denúncias sobre a existência de um grande número de nomes fictícios e até de defuntos nas listas de eleitores. Nas situações críticas que enfrentou ao longo de seus 37 anos de existência, o PT esmerou-se sempre em fazer-se de vítima. Não é diferente agora. Quando existem, permanecem restritas a ambientes protegidos as análises autocríticas. Ninguém fala em público sobre, por exemplo, os escândalos que levaram à cadeia destacados líderes do partido. E, no entanto, tais escândalos de corrupção começaram no primeiro mandato de Lula e não pararam mais. A culpa é sempre dos outros: “Essa queda (do número de diretórios) reflete uma situação em que o partido perde com a saída de prefeitos e vereadores em função dos ataques que sofremos”, justificou em depoimento ao Estado o secretário nacional de Formação Política, Carlos Árabe.
Há ainda dirigentes que pretendem fazer crer que tudo está bem, apesar de o comparecimento às eleições internas deste ano ter sido o menor desde 2005 (300 mil) e atingido apenas 58% do maior deles, em 2009 (500 mil), e 72% do último, em 2013 (400 mil). “Ver que 290 mil pessoas saíram de casa para votar mostra que o partido está muito vivo”, na otimista opinião da vice-presidente do PT, Gleide Andrade.
Como em casa em que falta pão todos reclamam e ninguém tem razão, mais esse confronto do PT com o doloroso processo de seu vexaminoso desmanche tem sido motivo para o acirramento dos ânimos entre as correntes internas do partido. Valter Pomar, da corrente Articulação de Esquerda, adversário histórico de Lula e seu grupo majoritário, publicou texto em que invectiva contra a direção partidária, a quem atribui a responsabilidade pelas várias irregularidades constatadas no PED – e, em particular, pelo fato de no município mineiro de Brasília de Minas todos os 569 votos terem sido dados à chapa “oficial”, apoiada pelo governador Fernando Pimentel. Classificou as irregularidades de “fraude sistêmica, generalizada e em escala industrial”. Foi contestado por Gleide Andrade: “O Valter Pomar não sabe nem onde fica Minas Gerais no mapa”.
Politicamente encurralado numa situação adversa que só tende a piorar, o PT apela para o quanto pior, melhor, nas palavras e nos atos. O presidente do partido, Rui Falcão, em nota sobre a fracassada greve geral de sexta-feira passada contra os “planos sinistros do governo usurpador”, agrediu o bom senso e insultou o discernimento dos brasileiros ao afirmar que, “além de pretenderem liquidar com a aposentadoria e os direitos trabalhistas, querem também criminalizar a esquerda e interditar o presidente Lula”, que “lidera todas as pesquisas para as eleições de 2018, apesar da perseguição e da escalada de mentiras contra ele”.
Falcão concluiu a nota reiterando a convocação, que, como se viu, não teve o efeito que ele esperava: “O engajamento na greve geral, em defesa dos(as) trabalhadores(as) e de suas reivindicações, tem relação direta com as lutas pelo fim do governo ilegítimo e pela convocação antecipada de eleições gerais para restabelecer a democracia violada pelos golpistas”.
Tanto desespero, no entanto, não é causado pelo remorso que deveria assombrar os petistas responsáveis pelo assalto ao Tesouro.
.
0 comentário
Prejuízos na pecuária devem continuar em 2022, avalia o presidente da Assocon
Exportações totais de carne bovina caem 6% no volume e 11% na receita em janeiro
Santa Catarina mantém proibição de entrada de bovinos vindos de outros estados
A "filosofia" de Paulo Guedes para a economia brasileira. Os liberais chegaram ao Poder
O misterioso caso de certo sítio em Atibaia (Por Percival Puggina)
Integrante da equipe de transição de Bolsonaro é crítica severa do agronegócio