Com retração vendedora no Brasil, China investe em compras de soja para julho e agosto nos EUA e surpreende Chicago
Na contramão das outras commodities, o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) encerrou a quarta-feira (19) de forma positiva, com o primeiro vencimento voltando para os patamares dos US$9,50/bushel.
De acordo com Jack Scoville, analista de mercado da Price Futures Group, há dois fatores importantes em jogo neste mercado: o plantio da nova safra americana e, em principal, uma demanda maior por parte dos chineses pela soja americana, algo incomum para esta época do ano.
A compra dos chineses nos Estados Unidos é motivada pela falta de venda dos produtores do Brasil e da Argentina, que resistem aos preços baixos. Segundo Scoville, esse movimento surpreende, pois normalmente, nesssa época, o Brasil já estaria com um bom ritmo de vendas. O fator, por sua vez, pode ser benéfico para sustentar os preços na CBOT.
Mesmo se essa demanda continuar, os preços ainda continuam limitados, no entanto, pela grande oferta de soja disponível a nível mundial. Para Scoville, US$9,85/bushel pode ser uma possibilidade, com preço máximo de US$9,95/bushel em função da demanda fora de época pela soja norte-americana.
Scoville aponta ainda que os preços da soja se sustentaram, mesmo com a queda do petróleo, muito em função da interrupção de compras do biodiesel argentino para os americanos, o que puxou os preços do óleo de soja.
A grande surpresa, neste momento, é que o milho não está seguindo o ritmo de plantio adequado por conta das chuvas, o que deve elevar o preço do cereal, estável no dia de hoje.
Já há vendas futuras de soja ocorrendo para a próxima safra americana. Scoville aconselha os produtores americanos a venderem a futuro na primeira oportunidade de preço acima dos US$10/bushel, já que há um temor generalizado relacionado a preços em US$8,50/bushel, como já ocorreu anteriormente. US$10/bushel é um valor remunerador para os produtores americanos, como lembra o analista.
AGResources: demanda maior chinesa colocou suporte aos preços em Chicago
A China reduziu a taxa VAT (imposto sobre consumo) de 13% para 11% nas importações agrícolas e para gás natural. A mudança é vista como uma ajuda às margens de importação do país.
Nossos contatos na China têm aumentado as estimativas de importação da soja no país para 2016/17, agora entre 90-91 MTs (estimado em 88 MTs pelo USDA).
Este aumento da demanda não irá absorver os estoques mundiais em níveis recordes (total de 87 MTs de soja), entretanto, o aumento deverá ser focado em compras do grão sul-americano. Que agora está no período ideal de exportação. |
A especulação sobre a possibilidade de uma demanda maior chinesa colocou suporte aos preços em Chicago. |
No Brasil, o atual Governo enfrenta dificuldades e pouco apoio político para aprovar a Reforma da Previdência. As especulações políticas trazem a alta do Dólar frente ao Real. |
Depois de um começo de ano lento, as exportações de farelo de soja do Brasil aceleraram neste mês. Estimamos que durante abril poderão serem embarcadas 1,6 MTs, similar a 2016.
1 comentário
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Liones Severo Porto Alegre - RS
A retração das vendas de soja brasileira (?) não impediu o avanço robusto dos embarques. De janeiro a março os embarques ficaram 30% acima do mesmo período do ano passado. Neste mês de abril os embarques deverão somar 10,8 milhões de tons, o que corresponderá a 55% do total exportado todo ano de 2016. Mesmo assim, a China está com estoques de farelo em níveis críticos e o governo reduziu o imposto de importação em 2% para imprimir maior volume nas importações de soja. A China compra simultaneamente a soja americana, brasileira e argentina, porque o aumento das safras e do consumo precisa, necessariamente, a logísticas de embarques dos 3 países simultaneamente. Embarcar apenas do EUA e depois do BR/AR, pertence ao passado. O avanço do consumo se estendeu sobre as populações adultas e não pelo crescimento demográfico populacional mundial.