Enquanto oferta mundial de soja cresce mais de 10% na última temporada, demanda continua forte porém com ampliação de apenas 5%
Nesta quinta-feira (13), o dia se mostrou mais positivo para os negócios do mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT). O vencimento maio/2017 já voltou a se aproximar dos US$9,60/bushel, recuperação que também refletiu nos preços do mercado interno brasileiro.
O analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, acredita que a forma de explicar essa alta se dá no "conjunto da obra dos últimos dias" - levando em consideração que as semanas anteriores foram de perda para os mercados, com fundos se desfazendo de suas carteiras.
Ele lembra que a divulgação dos relatórios de estimativa de área e de estoques trimestrais pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) foram baixistas e também que a divulgação recente do número de 87 milhões de toneladas de estoques mundiais é o número mais expressivo. Do lado das notícias baixistas, também há uma oferta com ritmo de crescimento em 10,5%, subindo para 345 milhões de toneladas e uma demanda aumentando em 5,5%, na casa das 330 milhões de toneladas.
No entanto, a "avalanche de notícias negativas chega ao final" e agora o mercado olha para outros elementos para compor seus preços. O principal, no momento, é o ritmo de plantio e o comportamento de clima nos Estados Unidos neste momento. O clima tem se comportado mais cedo, mas agora volta a chover, sobretudo no sul do Meio Oeste americano.
Motter chama a atenção para as janelas de plantio nos Estados Unidos. Qualquer plantio fora dessas datas também pode trazer movimentações para o mercado. O milho deverá ser plantado até 20 de maio e ter 50% de área plantada na primeira semana de maio. Para a soja, a virada de abril para meio deve ter de 10% a 12% do plantio, com o grosso do plantio em maio, entrando em junho com até 12% ainda para semear.
Os produtores brasileiros, embora estejam voltando a participar do mercado, estão vendendo soja mais para cumprir compromissos do que por interesse pelo mercado. Não é um bom momento, uma vez que as vendas estão de 15% a 20% atrasadas em relação ao ano passado. Com isso, os importadores compram mais soja nos Estados Unidos, que já cumpriu sua meta em termos de venda.
A sensibilidade quanto ao mercado climático americano deverá gerar volatilidade e possibilidades de venda para o produtor brasileiro. Com isso, manter atenção nas notícias é ponto fundamental para tomar decisões.
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