Café: Mercado segue calmo e com poucos negócios (análise do Escritório Carvalhaes)
Os cafeicultores brasileiros que ainda têm lotes da safra corrente 2016 recuam quando recebem as ofertas dos compradores. Consideram essas ofertas baixas e longe de refletir o quadro de escassez, com estoques públicos zerados pela primeira vez na história e uma colheita de ciclo baixo pela frente. Além disso, os diferenciais mínimos entre os preços das diversas qualidades de café arábica desestimulam os produtores brasileiros.
Todos os dias alguns negócios são fechados por quem precisa fazer “caixa” para enfrentar os compromissos do mês. A maioria prefere aguardar, apostando em uma evolução dos preços.
A precária situação política e econômica no Brasil, com novas revelações e mudanças de posição praticamente diárias dos agentes econômicos e dos políticos, levam os cafeicultores a agirem com extremo cuidado. Sabem que têm em mãos um produto escasso, cotado em dólares e de alta liquidez. Muitos optam por manter suas reservas em café, só vendendo para fazer frente às despesas mais próximas.
Os compradores começaram a se reunir para digerir e entender a decisão tomada no final da semana passada pelo STF – Supremo Tribunal Federal considerando constitucional a cobrança do Funrural – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural.
A Melitta, empresa alemã com forte presença no mercado brasileiro de café industrializado, comprou esta semana as marcas mineiras de café Barão e Forte D+, que pertenciam ao Grupo Mogyana, de Piumhi em Minas Gerais. Segundo o presidente da Melitta, não houve queda nas vendas de café apesar da crise econômica no Brasil.
A concentração no mercado interno brasileiro cresce ano após ano. A JDE - Jacobs Douwe Egberts, controlada pela JAB Holding, em 2016 comprou o Café Seleto e neste ano adquiriu as marcas locais de café da Cia Cacique. A 3 Corações, empresa brasileira com forte participação de capital externo, comprou neste início de ano as marcas de café e derivados da Cia Iguaçu de Café Solúvel. Estas três torrefações já detém em conjunto mais de 50% do consumo interno brasileiro.
Até dia 31, os embarques de março estavam em 2.216.096 sacas de café arábica, 20.476 sacas de café conilon, mais 299.660 sacas de café solúvel, totalizando 2.536.232 sacas embarcadas, contra 1.849.143 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 31, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 2.840.385 sacas, contra 2.521.326 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 6, os embarques de abril estavam em 88.161 sacas de café arábica, mais 8.057 sacas de café solúvel, totalizando 96.218 sacas embarcadas, contra 244.544 sacas no mesmo dia de março. Até o mesmo dia 6, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em abril totalizavam 351.028, contra 656.155 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 31, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 7, subiu nos contratos para entrega em maio próximo 75 pontos ou US$ 0,99 (R$ 3,12) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 31 a R$ 576,75 por saca, e hoje dia 7, a R$ 584,12 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 230 pontos.
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