Café: Bolsa de NY acumula queda de mais de 3% na semana e vencimentos fecham abaixo de US$ 1,40/lb
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a semana com queda acima de 3% (mais de 400 pontos) e se distanciaram ainda mais do patamar de US$ 1,40 por libra-peso. O maio/17 caiu de 142,05 cents/lb para 137,60 cents/lb. O mercado acumulou baixa no período acompanhando informações sobre a melhora na oferta global do grão, o petróleo, indicadores gráficos e câmbio. Na conversão em real, a variação foi de cerca de 3%.
Nesta sexta-feira, o contrato maio/17, referência de mercado, anotou 137,60 cents/lb com desvalorização de 290 pontos, o julho/17 registrou 140,00 cents/lb com 290 pontos negativos. Já o vencimento setembro/17 encerrou o dia com 142,40 cents/lb com recuo de 285 pontos e o dezembro/17, mais distante, caiu 285 pontos, fechando a 145,70 cents/lb. Essa é a quarta sessão seguida de alta.
"Vendas especulativas e de fundos ampliaram a pressão sobre o terminal, fazendo com que o intervalo que vigorou por mais de duas semanas fosse ampliado", disse em relatório o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado. Além disso, segundo a agência de notícias Reuters, informações sobre a oferta maior no mercado com as colheitas na Colômbia e parte da América Central também repercutem.
A queda nas cotações do arábica na semana começou com os investidores assimilando informações de que a produção neste ano pode ser maior do que era esperado. O Rabobank, um dos maiores bancos especializados em commodity do mundo, informou que Honduras deve produzir quantidades significativas de café arábica certificado neste ano. "É provável que se torne mais fácil de encontrar [o café negociado em Nova York], apesar da queda de produção do arábica no Brasil", disse o banco.
O Rabobank estima que a safra 2017/18 de café arábica do Brasil totalize 36,7 milhões de sacas de 60 kg, ante 42 milhões de sacas em 2016.
Já o Société Générale cortou suas previsões de preços em até 22 centavos por libra-peso, deixando sua estimativa no último trimestre deste ano para futuros em 152,00 cents/lb, com a perspectiva de uma queda para 145,00 cents/lb no início de 2018. O banco aponta que a produção da variedade no país em 2017, um ano de bienalidade negativa, deve ficar em 39 milhões de sacas – o suficiente para suportar um superávit na produção mundial de grão de 3,5 milhões.
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A Conab (Companha Nacional de Abastecimento), em sua primeira estimativa, aponta a produção brasileira de arábica entre 35,01 milhões e 37,88 milhões de sacas.
No meio da semana, vendas técnicas foram presenciadas e o café arábica caiu abaixo do nível de suporte de US$ 1,40/lb, estendendo mais as perdas. O analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville, disse em relatório que "aparentemente, os especuladores venderam para liquidar as posições mais longas novamente. Os gráficos em ambos os mercados [Nova York e Londres] mostram um teto para as cotações".
O dólar comercial caiu no dia 0,94%, a R$ 3,1083 na venda, mas chegou a bater de R$ 3,15. A moeda apresentou movimento corretivo, mas os investidores ficaram atentos a votação do projeto de saúde nos Estados Unidos. Essa medida pode ser um indicativo da força do presidente americano. Além disso, a divisa também segue influenciada com o cenário interno. Na semana, o dólar acumulou pequena elevação de 0,24 por cento.
"O mercado viu uma brecha para realizar", disse o operador de uma corretora nacional à Reuters, lembrando que na véspera já houve mau humor com a votação nos Estados Unidos e também com o noticiário político local.
A OIC reportou nesta sexta que as exportações globais de café em fevereiro subiram 0,1% , para 9,71 milhões de sacas de 60 kg. Na variedade arábica, os embarques estavam 2,3% abaixo do mesmo período do ano passado, a 6,15 milhões de sacas. As exportações cumulativas da variedade na safra até o momento subiram 6,7%, totalizando 31,73 milhões de sacas.
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Durante a semana, a queda de outras commodities, com o petróleo, também motivou baixas no café. Os preços do petróleo caíram para o patamar mais baixo desde novembro na quarta-feira (22), ficando abaixo de US$ 50 o barril, diante de dados que mostraram que os estoques do Estados Unidos são maiores do que imaginavam, informou o site internacional Agrimoney.
Mercado interno
Com a forte queda externa e com pouca ajuda do câmbio, os negócios nas praças de comercialização do Brasil seguiram lentos. Os preços ofertados pelo café no país estão distantes do desejo do produtor, uma vez que o mesmo conseguiu negociar sua produção a patamares mais altos nos últimos meses.
No fechamento semanal, o campo negativo prevaleceu na maioria das praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Guaxupé (MG) com queda de 3,28% (-R$ 17,00), encerrando a R$ 501,00 a saca. Espírito Santo do Pinhal (SP) teve o maior valor de negociação dentre as praças no período com saca a R$ 530,00 – estável.
No tipo 4, a maior variação na semana também foi registrada em Varginha (MG), com desvalorização de 3,00% (-R$ 15,00) e saca a R$ 485,00. A cidade com o maior valor de negociação na semana foi Guaxupé (MG) com R$ 535,00 a saca e queda de 8,00% (-R$ 8,00) no período.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Espírito Santo do Pinhal (SP) com queda 4,00% (-R$ 20,00 e R$ 480,00 a saca. A praças com maior valor no período foi Oeste da Bahia (BA) com saca a R$ 497,25 e queda de 0,55% (-R$ 2,75).
Na quinta-feira (23), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 482,03 com queda de 0,47%.
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