CNC se reúne com representantes do USDA e do Consulado dos EUA para debater levantamentos de safra
BALANÇO SEMANAL — 06 a 10/03/2017
REUNIÕES EM LONDRES — Embarcamos, nesta sexta-feira, para Londres (ING), onde participaremos da 119ª Sessão do Conselho Internacional do Café e dos demais Comitês da OIC. Há grande expectativa em relação à eleição do novo diretor executivo da Organização, a respeito da qual fizemos, em conjunto com a cadeia café, a indicação do candidato brasileiro, José Dauster Sette, e obtivemos o apoio do ministro da Agricultura, senador Blairo Maggi, que referendou a indicação e encaminhou o nome ao Itamaraty e ao Palácio do Planalto, onde também recebemos irrestrito apoio.
Aproveitamos para agradecer todo o suporte recebido de nosso governo e destacamos o trabalho inteligente e dedicado de nosso Embaixador Hermano Telles Ribeiro, Representante Permanente do Brasil junto aos Organismos Internacionais sediados em Londres, e sua equipe. O diplomata dedicou toda a sua atenção a este trabalho, o qual tem conduzido com muito sucesso pela sua competência e conhecimento.
Entretanto, além de toda a pauta que sugerimos ao Embaixador para a rodada de reuniões da OIC, a qual será publicada no Balanço Semanal do CNC da próxima semana, também trataremos de dois outros importantes temas: pesquisa e preço do café.
Faremos encontros bilaterais com os países produtores e falaremos sobre o conhecimento científico do Brasil, através do qual nos tornamos mais produtivos e com menores custos. Preocupa-nos, porém, que, hoje, à semelhança do Brasil, existem vários centros nos quais se desenvolvem pesquisas, inclusive nos Estados Unidos, onde não se cultiva café, e, por isso, precisamos analisar os avanços científicos para nos situar em relação a nossos concorrentes.
Também trataremos de outro ponto crucial, que é a concorrência entre nações produtoras, a qual serve apenas para nosso empobrecimento, assim como reiteraremos a necessidade de se ter equilíbrio entre oferta e demanda. Isso se faz necessário porque assistimos, diariamente, o desafio e o incentivo para plantarmos mais café, que o mundo vai precisar de mais oferta, mas não se fala em remunerar o produtor, isto é, não se fala na valorização do café para quem o produz.
A esse respeito, temos trabalhado para o reajuste do preço mínimo no País, que permanece o mesmo e aquém da realidade dos custos no campo, e também tratado do “Custo Brasil”. Nesse sentido, em parceria e com apoio do presidente da CNA, João Martins, realizaremos, no dia 23 de março, dentro do Conselho do Agro, um seminário sobre a reforma trabalhista e, no dia 28 de março, um “talk show” com a presença do Ministro do Trabalho, de vários parlamentares, entre outras lideranças, que será mediado pelo jornalista Alexandre Garcia.
Reiteramos que essas ações vêm ao encontro de buscarmos melhorias na modernização de nossa legislação para o campo. Em suma, pretendemos facilitar a contratação de mão de obra, atualizando nossa lei vigente, flexibilizando-a sem tirar direitos do trabalhador, mas também sem ônus ao produtor/contratante. Com essas iniciativas, vamos simplificar o vínculo trabalho-emprego, baixando o custo dentro de uma relação amistosa entre as partes.
O CNC, nessa linha, recorda que há muito o que fazer e adverte produtores e agentes da cadeia que precisamos receber sugestões de todos para o desenvolvimento de um trabalho de resultados, de forma que a nossa política seja a política cafeeira, com menos discursos e mais ação! E, o mais importante, com união geral para que seja possível construirmos, juntos, uma política de renda.
REUNIÃO COM USDA — Como encaminhamento da Assembleia Geral Ordinária do CNC, de 27 de janeiro, o presidente executivo do Conselho, deputado Silas Brasileiro, reuniu-se, em 13 de fevereiro, com a consulesa Chanda Berk, chefe da Seção de Agricultura do Consulado Geral dos EUA em São Paulo, e Sergio Barros, Especialista em Agricultura do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no Brasil, para discutir estratégias a fim de alcançar maior consenso nas estimativas da safra brasileira de café.
O presidente do CNC expôs as dificuldades geradas aos produtores brasileiros (planejamento prejudicado) e aos consumidores (falta de clareza quanto ao abastecimento) pela multiplicidade de estimativas de safra de café, que divergem significativamente entre si. Também consultou os representantes do USDA sobre a possibilidade e as condições de parceria para viabilizar um projeto conjunto de estimativa de safra, o qual garanta resultados confiáveis e aceitos pelo mercado.
Frente às colocações, Barros explicou que o processo de levantamento e divulgação de estimativas de safra do USDA, para diferentes culturas de diversos países, inclusive dos Estados Unidos, é feito por meio de duas agências distintas:
(1) Foreign Agriculture Service – FAS: levanta e divulga as estimativas de safra de diversas culturas de países estrangeiros, entre eles o Brasil. Esses levantamentos são realizados com base em dados oficiais (dos governos) e em entrevistas com agentes das cadeias produtivas, como cooperativas, além de associações de produtores, associações de processadores, traders, exportadores, importadores, consultores, pesquisadores, etc. Os relatórios de estimativas de safra do FAS têm calendário de divulgação preestabelecido, bem como orientações metodológicas que partem do escritório de Washington DC.
As estimativas de safra devem ser condizentes com o balanço de oferta e demanda do produto nos últimos três anos, ou seja, os números de produção tem que ser coerentes com estoques iniciais, exportações, consumo doméstico, importações e estoques finais. Segundo ele, esse é o motivo da estimativa do USDA divergir do número de safra da Conab, que geralmente não explica o balanço de oferta e demanda de café no Brasil, em um período de três anos.
(2) National Agricultural Statistics Service – NASS: realiza exclusivamente as estimativas das safras norte-americanas e conta com recursos tecnológicos avançados. O NASS executa projetos de cooperação internacional com vários países com o objetivo de trocar conhecimentos para aprimorar os métodos de projeção de safra e, conforme o especialista do USDA, certamente teria interesse em desenvolver esse tipo de projeto com o governo brasileiro, não só para o café, mas também para outras culturas.
Barros explicou que um projeto de café envolveria, basicamente, a ida de técnicos do Governo Federal aos Estados Unidos para conhecer as tecnologias disponíveis no NASS e a metodologia de estimativa de produtividade para alguma cultura perene, como amêndoas. Isso porque os EUA não produzem café e não têm metodologia desenvolvida especificamente para esta cultura. Em contrapartida, o Brasil receberia técnicos do NASS, que visitariam os cafezais, aprenderiam sobre as tecnologias disponíveis para a previsão de safra de café, bem como os modelos de estimativa de produtividade desenvolvidos.
O projeto visa, portanto, à troca de informações e ao ganho de conhecimento por parte dos dois países. No entanto, para ser levado adiante, há exigência do governo norte-americano de contrapartida financeira da nação interessada em firmar essa cooperação. Assim sendo, se tivermos interesse nesse tipo de parceria, o Governo Federal teria que arcar com o salário dos funcionários do NASS no período em que se dedicassem exclusivamente ao projeto de cooperação no Brasil e também com as diárias de viagens dentro e fora dos EUA (que são estipuladas em tabela oficial) e os custos administrativos da agência de cooperação que intermediará a realização do projeto entre os dois países.
Barros comentou sobre a parceria já existente entre o USDA e o Brasil no setor de citros. As estimativas de safra de laranja do País, assim como no caso do café, também eram múltiplas e divergentes. O NASS veio diversas vezes ao Brasil e, em 2014, após muita troca de informação com os técnicos do Governo de São Paulo, das indústrias, etc., identificaram que o modelo metodológico apresentado pelo Fundecitrus era muito similar ao empregado pela agência norte-americana na Flórida e, para o USDA, foi um caminho natural a utilização do número da entidade. Dessa maneira, desde 2015, o Fundecitrus, que engloba citricultores e indústria, assumiu a função de estimar a safra brasileira de laranja e esse é o número aceito pelos agentes da cadeia e reproduzido no relatório do USDA/FAS.
Após a explanação, o presidente Silas Brasileiro se prontificou a analisar a possibilidade de ser realizado um evento, no Brasil, reunindo representantes do NASS, das Secretarias de Agricultura dos Estados cafeicultores, da Conab, do Departamento de Café, Cana de Açúcar e Agroenergia do Mapa e das entidades da cadeia produtiva com assento no CDPC para trocar informações sobre as tecnologias existentes, discutir o aperfeiçoamento das estimativas de safra de café e avaliar o interesse em um projeto de cooperação entre o USDA e o Governo Federal.
Por outro lado e a pedido do CNC, os representantes do Departamento de Agricultura dos EUA no Brasil solicitarão que o analista do escritório de Washington DC verifique se há interesse da indústria de café norte-americana em firmar parceria com o Brasil para aprimorar as estimativas de safra.
CERTIFICADO DE PROCESSAMENTO DE CAFÉ CQI — O Instituto de Qualidade do Café (Coffee Quality Institute - CQI), conhecido por desenvolver o conceito e treinar Q-Graders ao redor do mundo, acaba de desenvolver um Certificado de Processamento de Café “da porteira para dentro”, em três níveis: (i) básico, para importadores de café; (ii) intermediário, para operadores de benefício úmido e secagem; e (iii) avançado, para especialistas em benefício úmido e secagem.
E o Brasil será sede de um dos dois primeiros cursos que conduzem à emissão do Certificado Intermediário no próximo mês de maio, com vagas abertas a participação de até 18 profissionais interessados. Ministrado em português pelo Diretor Técnico do CQI, Dr. Mário Fernández, e o mestre em processamento de café, Joel Shuler, o curso ocorrerá de 22 a 27 de maio, em Espírito Santo do Pinhal (SP), na Fazenda Santana, onde os participantes ficarão hospedados.
O programa é dirigido a gerentes e operadores de benefício úmido e secagem, bem como aos interessados no assunto, e cobrirá os três processos: natural, cereja descascado (ou “honey”) e lavado, com aulas teóricas e práticas no benefício da fazenda e provas de café em seu laboratório de qualidade. Os participantes aprovados na avaliação final do curso receberão o certificado que, ao longo do tempo, espera-se que adquira a mesma visibilidade e importância que hoje caracteriza o Certificado Q e os próprios Q-Graders.
Por se tratar de um dos dois cursos pioneiros no mundo, o CQI subsidiará parte dos custos e o investimento total por participante será de R$ 2.500,00, incluindo o programa acadêmico, hospedagem e alimentação na própria fazenda. O número de vagas será limitado a 18 participantes, com experiência prática em benefício úmido e secagem (controle visual de qualidade, ajuste de máquinas, manejo de terreiro e secadores, etc).
Os interessados em participar podem obter mais informações e mesmo realizar as inscrições com Larissa Menegatto, da P&A Marketing Internacional, através do e-mail [email protected]. Entre outras, ela fornecerá o programa detalhado do curso e informações sobre como chegar a Espírito Santo do Pinhal e à Fazenda Santana.
MERCADO — Seguindo a tendência predominante no mercado das commodities, os futuros do café registraram inclinação negativa nesta semana, principalmente devido ao fortalecimento do dólar e a indicadores técnicos negativos que motivam o desmonte de posições compradas dos fundos.
Em linha com o movimento internacional, que antecipa a elevação dos juros norte-americanos pelo Banco Central dos Estados Unidos (FED, em inglês), o dólar comercial acumulou alta ante o real. No pregão de ontem, foi cotado a R$ 3,1947, com valorização de 2,5% no acumulado da semana.
Na ICE Futures US, o vencimento maio do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,4045 por libra-peso, perdendo 285 pontos em relação ao fechamento da semana passada. O vencimento maio do contrato futuro do robusta, negociado na ICE Futures Europe, encerrou o pregão de ontem a US$ 2.182 por tonelada, acumulando desvalorização de US$ 12.
De acordo com a Climatempo, as condições climáticas seguirão favoráveis aos cafezais brasileiros nos próximos dias. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apurou que os produtores de arábica seguem realizando os tratos culturais e mantém expectativa de boa produtividade e qualidade na colheita que se aproxima, a qual será menor devido à bienalidade negativa da variedade.
No tocante ao comércio exterior, o Brasil exportou 2,31 milhões de sacas de café verde nos 18 dias úteis de fevereiro, volume 13,5% inferior ao apurado no mesmo mês de 2016.
O mercado doméstico segue lento, com poucos negócios em função dos preços estarem aquém das expectativas dos vendedores. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados, ontem, a R$ 491,02/saca e a R$ 441,52/saca, com variações de, respectivamente, -0,3% e 1,7% em relação ao fechamento da sexta-feira anterior.
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