Cotação da soja em Chicago está 20% acima do mesmo período ano passado, mas câmbio penaliza preços em reais
O analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, aponta que os fundamentos do mercado apresentam uma "mudança radical" em relação ao ano passado. Uma demanda por parte da China bastante ativa e um câmbio no Brasil que se tornou pouco competitivo para os exportadores são algumas dessas variáveis, além de uma demanda interna aquecida nos Estados Unidos.
Com os preços pouco atraentes para os produtores brasileiros, o produto dos Estados Unidos se torna mais competitivo frente à demanda chinesa, logo, os estoques dos norte-americanos devem entrar abaixo dos 10 milhões de toneladas na entressafra.
Motter aponta, no entanto, que o mercado está confinado em um patamar entre US$10,20/bushel e US$10,60/bushel. Há uma tendência forte de os fundos se manterem comprados. O mês de março começa com um grande apetite por parte dos investidores em todas as demais commodities alimentares.
Se for confirmada uma alta de juros nos Estados Unidos, o que há grandes chances de ocorrer no próximo encontro do Banco Central americano (FED), haverá também mais firmeza do dólar. Com isso, há um forte impacto em ambas as direções, mas há fundamentos nas commodities que colocam os fundos comprados mesmo com a valorização da moeda americana. "Por essa razão, o mercado pode acabar subindo um pouco mais", destaca Motter.
Além disso, o mercado também apresentou uma leitura positiva do discurso de Donald Trump frente ao Congresso americano realizado na noite de ontem (28). O presidente se mostrou menos agressivo e evitou conflitos em questões comerciais, fruto de um compartilhamento de informações com sua equipe e também com a oposição.
No Brasil, "as pequenas altas de preço são motivos para os produtores ir participando de forma comedida", como lembra Motter. "Viemos de um longo período de preços que não são atrativos para o produtor".
A questão cambial é o grande problema para a formação dos preços pagos ao produtor neste momento, com um câmbio até 27% mais baixo do que no ano passado, sendo também o principal cerne da retração dos produtores brasileiros.
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