Café: Bolsa de NY consolida terceira alta consecutiva nesta 4ª com operadores de olho no clima no Brasil
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam em alta pela terceira sessão consecutiva nesta quarta-feira (11) com os fundos de investimento ainda atuando no mercado e o câmbio, que impacta diretamente nas exportações, também dando suporte aos preços externos da variedade. Além disso, o analista de mercado Jack Scoville afirma que os operadores no terminal externo também voltam a repercutir o clima no Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo.
Com esse novo avanço, ainda que moderado, os preços externos do café arábica na ICE já avançam acima do patamar de US$ 1,50 por libra peso. O contrato março/17 fechou o pregão cotado a 149,00 cents/lb com 130 pontos de alta, o maio/17 anotou 151,40 cents/lb com 135 pontos de valorização. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia negociado a 153,65 cents/lb também com 135 pontos de alta e o setembro/17, mais distante, subiu 140 pontos, cotado a 155,85 cents/lb. Essa alta externa já puxa os preços no Brasil.
"Os futuros estão mais altos com relatórios apontando o retorno no tempo seco no Brasil, que pode afetar o potencial produtivo. O clima segue seco em áreas de robusta e em áreas de arábica está regular no momento. Existem especulações de uma produção no país em até 55 milhões de sacas em 2016, com quase todas as estimativas apontando produção entre 50 e 55 milhões de sacas em 2016. O mercado também tem apoio de especuladores, com recompras de fundos", disse em relatório o vice-presidente da Price Futures Group e analista de mercado, Jack Scoville
Para a safra 2017/18, a exportadora Terra Forte, em reportagem publicada pela Reuters, estima a produção de café do Brasil em 48,055 milhões de sacas de 60 kg, com uma queda de 11,7% na comparação com a temporada anterior, principalmente devido à bienalidade negativa do arábica e menor produção de robusta.
A Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), maior do mundo, estima queda na produção de café do Brasil em 2017 em cerca de 17%. "Estamos prevendo uma safra menor neste ano por conta da bienalidade baixa das lavouras na maioria das regiões produtoras de café arábica. O conilon também não se recuperou das perdas recentes, então em 2017 esse problema de desabastecimento será ainda maior", explicou o presidente da cooperativa, Carlos Paulino. A produção na área de abrangência da cooperativa em 2016 foi de 20 milhões de sacas.
Além dos ajustes técnicos e das novidades nos fundamentos que repercutem na ICE, o mercado também segue tendo suporte do câmbio. Após a entrevista de Donald Trump não surpreender o mercado e deixar os investidores menos temerosos, o dólar fechou o dia com queda de 0,22%, cotado a R$ 3,1916 na venda. A divisa chegou a subir mais de 1% durante o dia. O dólar mais baixo desencoraja os embarques do grão brasileiro e podem contribuir para um ajuste na oferta global de café.
O Escritório Carvalhaes, com sede em Santos (SP), ressaltou recentemente em relatório que o mercado do café deve estar bastante atento às incertezas na economia e política mundial. "No café, os fundamentos: consumo em alta, baixos estoques mundiais, incertezas climáticas, término dos estoques brasileiros - maior produtor e exportador mundial, além de segundo maior consumidor, que agora passa a depender apenas de sua produção anual – apontam para mais um ano de preços sustentados e em alta. O cenário político e econômico dificulta uma visão mais clara do que acontecerá com o mercado", reportou.
Exportações do Brasil em 2016
O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) divulgou nesta quarta os números finais das exportações do país em 2016, que totalizaram 34 milhões de sacas de 60 kg em 2016. O número representa uma queda de 8,1% em relação ao volume exportado em 2015 (37,02 milhões de sacas). A receita com as exportações também teve um decréscimo, de 12,3%, com US$ 5,4 bilhões.
Para 2017, o Cecafé acredita que os números de exportação devem ficar estáveis mesmo com as indicações de que a safra de arábica será mais baixa em algumas regiões produtoras e a de robusta possa enfrentar mais um ano de queda. "Não sei se ela será bem menor (safra 2017), a gente precisa esperar os dados e as estatísticas. Eu acredito que vamos ter um ano semelhante a esse desempenho de 2016. As exportações devem reduzir na entressafra, mas voltam a subir no terceiro trimestre de 2017. Já em 2018, tudo indica que será um ano mais difícil", explica o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
Mercado interno
No Brasil, segundo analistas, os negócios seguem lentos mesmo com os preços do café voltando a patamares mais interessante para o produtor. O Indicador Cepea do arábica voltou a supera o do robusta. "A alta nos preços do arábica está atrelada à baixa oferta de robusta no mercado interno e aos estoques justos", reportou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) em nota à imprensa.
"Contudo, os atuais patamares de preços ainda não agradam boa parte dos vendedores, principalmente os de cafés mais finos. Quanto ao robusta, as elevações refletem principalmente a baixa oferta e a retração de vendedores, que estão à espera de preços maiores para negociar", acrescenta o Centro da USP.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 560,00 a sacae alta de 2,19%. Foi a maior variação no dia dentre as praças.
O tipo 4/5 anotou maior valor em Guaxupé (MG) com 576,00 a saca e alta de 2,13%. A maior variação no dia dentre as praças aconteceu em Franca (SP) com alta de 3,77% e saca a R$ 550,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação no dia em Franca (SP) com alta de 1,92% e saca a R$ 530,00. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Guaxupé (MG) que teve alta de 2,36% e saca a R$ 521,00.
Na terça-feira (10), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 509,37 com alta de 0,99%.
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