Café: Após muitas oscilações, Bolsa de Nova York fecha semana com alta acumulada de mais de 2%
A semana foi marcada por variações dos dois lados da tabela nas cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) acompanhando o otimismo dos operadores em relação à próxima da safra do Brasil, o câmbio e a movimentação dos fundos no mercado. Apesar das cotações oscilarem bastante, os preços acabaram fechando a semana com alta acumulada de 2,22%. O vencimento março/17, referência de mercado, saiu de 139,35 cents/lb na semana passada e fechou a 142,45 cents/lb esta sexta-feira (16).
"Os futuros subiram recentemente com compras sendo realizadas devido as oscilações do câmbio. No entanto, as ideias são de que a produção de arábica na América Latina será forte", explicou em relatório ontem (15) o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville. Antes da queda registrada na véspera, as cotações do arábica vinham de três altas consecutivas motivadas por ajustes técnicos, o que garantiu com que os preços registrassem valorização na semana.
As cotações do arábica fecharam a sessão desta sexta-feira (16) praticamente estáveis, mas também oscilaram entre altas e baixas durante quase todo o dia. O contrato março/17 registrou 142,45 cents/lb com 25 pontos de avanço, o maio/17 anotou 144,60 cents/lb com 185 pontos de valorização. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia negociado a 146,70 cents/lb – estável e o setembro/17, mais distante, teve 10 pontos de queda, a 148,50 cents/lb.
A alta acabou prevalecendo no acumulado da semana devido aos ajustes técnicos que o mercado presenciou depois de quase cair abaixo de US$ 1,40 por libra-peso. No entanto, os fatores fundamentais seguem presentes no mercado. Segundo informam agências internacionais, os agentes externos estão otimistas com a melhora climática no cinturão produtivo do Brasil, maior produtor e exportador da commodity no mundo, com isso os temores de desabastecimento estão cada vez menores.
Institutos meteorológicos, no entanto, apontam que a partir deste fim de semana, o clima deve ficar mais quente e menos chuvoso nas principais áreas produtoras do grão. Nos últimos dias, algumas regiões receberam acumulados de até 70 milímetros.
Para se ter ideia do otimismo dos operadores com a próxima safra do Brasil, a corretora Marex Spectron divulgou recentemente em relatório que prevê superávit global de 300 mil sacas de 60 kg na temporada 2016/17. "Nós incluímos a liberação de estoques pelo governo brasileiro no balanço, o que deixa um superávit mínimo", disse a Marex à agência de notícias Reuters.
A agência de notícias Reuters informou, com base em informações de analistas e comerciantes participantes, "apesar de chuvas favoráveis no período de floração, que teve início em setembro, a safra de 2017 deve cair entre 5 e 20% ante a safra deste ano, devido ao ciclo bienal natural das árvores, que alternam entre grandes e pequenas safras".
Para o analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado, os números divulgados são salutares e dentro do pensamento de mercado. "Se pegarmos uma média, teremos, segundo a pesquisa, uma safra de 47 milhões a 48 milhões de sacas, esse é um número muito apertado para atender a nossa demanda", explica.
Do lado altista, deu suporte às cotações nos últimos dias a movimentação dos fundos de investimento e especuladores no mercado. Segundo Machado, essa condição pode continuar gerando instabilidade nos preços externos do café, pois "fica muito na mão de especuladores e fundos", disse. Dessa forma, não sabe se continuarão liquidando suas posições ou se irão retomar às suas carteiras.
O câmbio também contribui para a queda nas cotações futuras do café arábica. No entanto, no dia, o dólar comercial subiu 0,47% no dia, cotado a R$ 3,387 na venda, ainda repercutindo o anúncio do Fed (Federal Reserve) sobre a taxa de juros nos Estados Unidos. Na semana, a alta foi de 0,52%. No ano, há queda de 14,12%. As oscilações no câmbio impactam diretamente as exportações da commodity. Em novembro, as exportações de café do Brasil somaram 3,07 milhões de sacas de 60 kg, segundo reportou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil). Em comparação com o mesmo período de 2015, houve uma queda de 12,2%.
Em todo o mês de novembro, as exportações de café do Brasil somaram 3,07 milhões de sacas de 60 kg, segundo reportou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) na semana passada. Em comparação com o mesmo período de 2015, houve uma queda de 12,2%, devido à redução dos embarques de café conilon e a impactos sentidos com a greve alfandegária no Porto de Santos, que comprometeu o processamento de certificados de exportação. A receita cambial foi de US$ 547,3 milhões no período.
Importação de café
A queda de braço entre a indústria e o setor produtivo de café ganhou mais um capítulo na noite desta quarta-feira (14) depois de um encontro de representantes dos cafeicultores com o ministro da agricultura Blairo Maggi. Agora a questão só deve ser decidida pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na segunda quinzena de janeiro do ano que vem. Até lá, ficou decidido que as autoridades competentes do país devem fazer uma avaliação minuciosa dos estoques.
Comercialização
Segundo informação reportada pela consultoria Safras & Mercado, a comercialização da safra de café do Brasil 2016/17 (julho/junho) chegou a 74% até o dia 12 de dezembro. As vendas estão adiantadas em relação ao ano passado, quando 68% da safra 2015/16 estava comercializada no período.
» Café: Safras & Mercado estima comercialização 2016/17 do Brasil em 74%
Mercado interno
Os negócios com café nas praças de comercialização do Brasil seguiram limitados durante toda a semana. Segundo analistas, o produtor dá cada vez mais sinais que deve voltar às praças de comercialização apenas em 2017. Colaboradores do Cepea ( Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP) também informaram que as negociações da variedade arábica continuam limitadas, com produtores aguardando maiores valorizações e uma definição mais clara do mercado.
O tipo cereja descascado anotou queda na semana de 8,06% em Espírito Santo do Pinhal (SP), encerrando a R$ 570,00 a saca. Foi o maior valor de negociação dentre as praças na semana.
No tipo 4/5, foi registrado queda de 3,64% em Franca (SP), com saca finalizando a semana a R$ 530,00. Em Guaxupé (MG), foi registrado valorização de 2,50%, ainda assim a cidade segue com maior valor de negociação com R$ 573,00.
Para o tipo 6 duro, o maior recuo registrado na semana ocorreu em Araguari (MG) e a saca passou a ser cotada a R$ 500,00 com baixa de 3,85%. Em Patrocínio (MG), a saca do tipo teve queda de 1,82%, fechando a R$ 540,00.
Na quinta-feira (15), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 497,37 com queda de 0,91%.
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