Alerta: Mollicute pode reduzir potencial produtivo do milho no Oeste da BA

Publicado em 13/12/2016 10:45
Confira a entrevista de Celito Eduardo Breda - Diretor de Grãos do Sind. Rural de LEM/BA
Perdas na produtividade podem superar os 50% nas áreas mais afetadas. Cigarrinha é diferente das presentes nas pastagens e que ocasionam o enfezamento vermelho e pálido. Liderança destaca a importância do vazio sanitário para o milho e o investimento em cultivares com resistência ao mollicute.

No Oeste da Bahia, a maior incidência da mollicute nas lavouras de milho, doença transmitida pela cigarrinha, tem preocupado os produtores rurais e pode ocasionar prejuízos à produção. Nas áreas mais afetadas os prejuízos podem superar os 50% na produtividade das lavouras do cereal.

Diferentemente de outras cigarrinhas, que transmitem o enfezamento vermelho e pálido, a Dalbulus maidis é uma praga específica da cultura do milho, muito presente nas áreas irrigadas. Segundo o diretor de grãos do Sindicato Rural de Luís Eduardo Magalhães, Celito Breda, “as outras cigarrinhas se perpetuam em áreas de pastagem, com sorgo ou braquiária, mas essa é diferente só passa de milho para milho”, explica.

A liderança ainda reforça que, o cultivo de milho o ano todo na região também contribui para a incidência da praga nas plantações. “É um ciclo, o milho de sequeiro finaliza o ciclo entre os meses de fevereiro e março e as cigarrinhas passam para as áreas irrigadas que começam a ser cultivadas entre março, abril e maio, o que contribui para proliferação da doença. Nessa safra, temos 100% das lavouras de milho em áreas de sequeiro, então precisamos alertar o produtor para o próximo ano e em relação à pressão da praga nas lavouras irrigadas”, completa.

Breda ainda ressalta que, “ninguém sabe ao certo de onde surgiu a praga, mas o fato é que provocamos um ambiente favorável às cigarrinhas. Tínhamos uma baixa incidência da praga há 4 anos, mas temos tido surpresas com o clima tropical, assim como ocorreu com a lagarta helicoverpa, a falsa medideira, o bicudo do algodoeiro e o capim amargoso resistente ao glifosato. E com o plantio do cereal na sequência, que ocorre o ano todo, temos essa ponte verde. Estamos provocando certo desequilíbrio e precisamos tomar algumas medidas”, completa.

Controle das cigarrinhas

Por enquanto, os produtores rurais têm utilizado o controle químico para combater a praga. Nesse sentido, o monitoramento das áreas e a busca por informações técnicas são indispensáveis. “Temos realizado o tratamento de sementes também apara ajudar no combate. Nas áreas irrigadas, colhíamos uma média de 180 a 190 sacas por hectare, no primeiro com a doença, o rendimento baixou para 100 a 120 sacas por hectare”, destaca Breda.

Após um controle mais efetivo e investimento em cultivares com tolerância, o diretor sinaliza que, a média nas últimas safras tem alcançado 140 a 150 sacas de milho por hectare. “Ainda assim, é um trabalho rigoroso e as perdas ficam acima de 30 sacas de milho por hectare. Porém, dificilmente vemos produtores colher 200 sacas por hectare, o que era comum nas áreas irrigadas. No sequeiro, esperamos que as perdas sejam menores”, diz.

No caso do controle biológico, Breda ainda pondera, que o método é um pouco mais lento e teria maior eficácia para reduzir a população das cigarrinhas. E todos os produtores teriam que aderir ao controle.

Diante desse cenário, os produtores devem estar atentos às lavouras e realizar o monitoramento das áreas. “O produtor deve observar folhas com aspecto esbranquiçado ou avermelhado, falhas nas espigas e plantas caídas. Em áreas com sintomas graves, as perdas podem superar os 50%. Já nas áreas sem sintomas aparentes, os prejuízos podem ficar próximos de 15%”, alerta o diretor.

Medidas em longo prazo

Ainda na visão de Breda, é preciso debater a questão do vazio sanitário do milho na região para evitar a pressão das pragas. “Temos como exemplo o Ceará que já registrou problemas graves com a doença e instituiu o vazio sanitário de 60 dias para a cultura do milho. Essa medida facilita o manejo da cigarrinha”, reforça.

Outra alternativa é o investimento em pesquisa e em materiais com resistência ao mollicute. Atualmente, os produtores trabalham com variedades com tolerância à doença. “E os melhores híbridos nas áreas de sequeiro às vezes não são os melhores materiais para tolerar o mollicute. É um grande problema”, finaliza Breda.

Confira as imagens das lavouras de milho afetadas pela mollicute:

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

Mollicute nas lavouras de milho no Oeste da Bahia

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Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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