Moro de cochichos com Aécio é falta de recato, POR JOSIAS DE SOUZA (UOL)

Publicado em 08/12/2016 14:59

Graças ao seu desempenho à frente da Lava Jato, Sergio Moro tornou-se um colecionador de homenagens. Na noite de terça-feira(6), o magistrado foi premiado por uma revista como ‘Brasileiro do Ano na Justiça’. Dividiu o salão com investigados e suspeitos. Foi fotografado confraternizando com o grão-tucano Aécio Neves, alvo de delações e protagonista de inquérito no Supremo Tribunal Federal.

Normalmente, o juiz da Lava Jato revela em suas aparições públicas muita presença de espírito. Talvez devesse considerar a hipótese de começar a perseguir um outro objetivo: a ausência de corpo. Seriedade é como gravidez. Nenhuma mulher pode estar um pouquinho grávida, como um juiz não pode ser um pouco sério. A imagem de Moro aos cochichos com o investigado Aécio é um flagrante de falta de recato.

Lula prevê a queda de Temer e a volta de FHC (JOSIAS DE SOUZA)

Lula prevê para Michel Temer um futuro de Dilma Rousseff. Em diálogos privados, ele diz ter certeza de que Temer não concluirá o mandato. O pajé do PT sustenta que o PSDB, hoje um dos principais aliados do governo, trama a volta de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. O retorno se daria numa eleição indireta, decidida no Congresso Nacional —como manda a Constituição para os casos de vacância da Presidência nos dois últimos anos do mandato.

O artigo 81 da Constituição anota: “Vagando os cargos de presidente e vice-presidente da República, far-se-á eleição 90 dias depois de aberta a última vaga.” Descendo até o parágrafo 1º desse mesmo artigo, lê-se: “Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.”

Em almoço com Dilma, há uma semana, Lula estimou que o governo Temer irá à breca em 2017. Avalia que a derrocada ocorrerá “em breve”. Fareja no ar os primeiros sinais de traição do tucanato a Temer. Prenúncio, segundo diz, da articulação que visa apresentar FHC como antídoto contra a crise.

Depois da conversa com Lula, Dilma também passou a difundir em seus diálogos privados o vaticínio segundo o qual o PSDB fará com Temer o que o PMDB fez com ela. Com uma ponta de ironia, diz que Temer provará do seu próprio veneno. Nas palavras de Dilma, está em curso no Brasil um movimento subterrâneo que resultará em “um golpe dentro do golpe.”

Dilma conversou sobre o tema com uma pessoa que participou do seu ministério, ficando do seu lado até o impeachment. Relatou as previsões que ouvira de Lula. A conversa chegou aos ouvidos do ex-presidente José Sarney. Instado a manifestar sua opinião sobre a hipótese de um retorno de FHC pela via indireta, Sarney declarou: “O Fernando Henrique não pensa em outra coisa.”

Governo Temer ganha com votação no Supremo; PT perde e dá bronca (POR REINALDO AZEVEDO)

Quem ganha e quem perde, do ponto de vista político, com o resultado do julgamento havido no Supremo nesta quarta-feira, que, por seis votos a três, decidiu que Renan Calheiros (PMDB-AL) continua à frente do Senado?

Bem, basta ver os que estão insatisfeitos com o resultado.

Atenção! O Supremo não tomou uma decisão política, mas técnica. Não se tratou de fazer um arranjozinho.

Antes que prossiga, uma observação. Renan é quem é. Acho que já são 10 os inquéritos em que é investigado só na Lava Jato. Por alguma razão misteriosa, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, não oferece denúncia contra ele. Não obstante, jogando pra galera, para enganar incautos, já chegou a pedir a sua prisão. Nesta quarta, opinou que deveria ser destituído da Presidência do Senado. Mas denúncia mesmo… Nada! Ninguém entende por quê. Adiante.

O primeiro que pode e deve comemorar é o governo do presidente Michel Temer. Se você está entre aqueles que defenderam o impeachment e entendem que o bom desempenho da atual gestão é vital para o país, então deve considerar a hipótese de aplaudir o resultado.

Se Renan tivesse sido destituído, assumiria o seu lugar o senador Jorge Viana (PT-AC). Nessa crise ao menos, ele se comportou com correção e foi sincero: se assumisse, iria seguir a orientação do PT e bombardear a PEC do Teto. Do ponto de vista político, é muito importante que o texto seja aprovado ainda neste ano.

A queda de Renan e a ascensão de Viana implicariam um revés para Temer. Os mercados teriam reagido negativamente. Gente que especula com câmbio, com dólares, deve ter perdido dinheiro. De imediato, as apostas caminharam no sentido de que a Corte endossaria a liminar de Marco Aurélio. A imprensa chegou a misturar duas votações distintas: a de mérito e a liminar.

Então, vá anotando: o governo Temer ganhou, o corte de gastos ganhou, a estabilidade ganhou. Os especuladores perderam.

Mas não são só esses os insatisfeitos. O PT também está furioso — inclusive com o próprio Jorge Viana. O partido acha que ele deveria ter ficado quieto sobre o que faria no caso da PEC do Teto, que não deveria ter assinado o ato da Mesa que resistiu à liminar de Marco Aurélio e que deveria ter atuado para ficar no lugar de Renan, o que seria visto como uma derrota da agenda Temer.

Também perdeu a extrema esquerda, que vive tratando a PEC do Teto como se fosse o novo Apocalipse. Qualquer empecilho que se crie ao texto, tanto melhor.

E está infeliz também a extrema direita. Quanto mais turbulentas forem as relações entre os Poderes, mais ela se sente no seu ambiente, apta a exercer aquele discurso conhecido de ódio à política e a todos os políticos. São o correlato oposto da esquerda. Todas essas forças apostam no caos, na desordem, no choque entre Poderes, na desconfiança.

Reitero: a decisão do Supremo foi estritamente técnica — não havia urgência que a justificasse. Mas fez bem à política, não porque Renan seja um homem de qualidades admiráveis, mas porque se preserva a agenda que pode contribuir para tirar o país do buraco.

Afinal, quem foi às ruas gritar “Fora Renan” não estava pedindo “Dentro PT”, certo? Não estava, mas era esse o desdobramento inevitável. Nesse caso, o que fazer?

Retomo a minha ideia revolucionária: respeitar a Constituição e as leis.

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Fonte:
Blogs do Josias e Reinaldo Azeve

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